Capítulo 38

1005 Words
Flora pensava que a sua vida havia melhorado quando o seu marido morreu. Em sua opinião, ele já tinha ido tarde, e ela se sentia aliviada por não ter mais que aguentar as suas agressões. Tudo estava caminhando bem, e ela acreditava que, agora, sendo viúva, poderia voltar para a casa dos pais e criar a sua filha. Sabia que a máfia não abandonava as viúvas e que teria ajuda até a sua filha crescer, o que a deixava mais tranquila. Naquele momento, porém, o seu Dom jogava um balde de água fria nos seus planos. Os seus olhos se desviaram para Dimitri, que estava parado mais atrás do seu Dom. Ela estremeceu diante do olhar dele. Flora não era inocente. Já tinha ouvido histórias sobre o subchefe da máfia, e nenhuma era boa. Ao escutar a ordem do seu Dom, sentiu como se a suas esperanças fossem arrancadas do peito. Observando Dimitri novamente, não conseguia imaginar que ele seria melhor que o seu falecido marido. — Dom, eu... — começou, com a voz embargada, tentando se segurar para não desabar diante dele. — Tire os óculos — ordenou Yuri, com a voz firme. Flora estremeceu diante do comando. — Por favor, Dom... — É uma ordem. Não me faça repeti-la — insistiu Yuri. Flora sentiu o resto da sua dignidade ir pelo ralo com aquelas palavras. Ela sabia que os outros estavam cientes do que acontecia com ela, mas mostrar aquilo era outra história, era esfregar em seu rosto a humilhação que ela tinha sofrido ao longo dos tempos ao lado do canalha do seu falecido marido. Lentamente, com as mãos trêmulas, retirou os óculos. Quando os seus olhos encontraram os de Yuri, ela estremeceu, o medo se infiltrando em cada célula do seu corpo. Yuri estava tomado de ódio, sentindo que poderia explodir. O rosto da mulher exibia dois hematomas nos olhos; um deles estava tão inchado que ela m*l conseguia abrir. A única coisa que ele via no seu rosto delicado era medo, e nada mais. — Isso não acontecerá com você novamente. Tem a minha palavra — disse ele, surpreendendo-a. — Vou mandar o médico até você para examiná-la. Não esconda nada dele. Flora jamais imaginou ouvir aquilo. Diante dos olhos de Yuri, sabia que ele não estava mentindo. Todos sabiam que Dom Yuri nunca mentia, então ela apenas assentiu. — Se precisar de algo, me avise. Não vou abandoná-la com uma criança à própria sorte — acrescentou Yuri, retirando um maço de notas do bolso e colocando na sua mão. — Isso deve ser suficiente até você se casar, mas, se não for, sabe onde me encontrar. Flora olhou para o dinheiro nas suas mãos, ainda em choque, enquanto Yuri se afastava com Dimitri no seu encalço. Ela não sabia se deveria respirar aliviada ou temer o que estava por vir. Olhando para sua filha pequena, lamentou a sorte que tinham. m*l haviam se livrado de um lunático e já teriam que enfrentar outro. — Devia ter levado aquele desgraçado para o galpão — resmungou Yuri, entrando no carro. — Se não cuidar bem delas, eu mato você, Dimitri! — Não se preocupe, Dom. Eu serei bom para elas — respondeu Dimitri, com convicção. Dimitri estava apaixonado por Flora desde a primeira vez que a viu brincando com a filha em frente à casa deles. Ela era delicada, feminina e tinha um sorriso lindo. Depois daquele dia, ele começou a mudar a rota para casa só para vê-la. Sabia que ela era casada e jamais trairia um irmão indo para a cama com uma mulher comprometida, mas agora não havia mais impedimentos. Ela estava livre. A única vontade de Dimitri era fazer aquela mulher doce sorrir novamente, cuidar dela e da pequena nos seus braços. Ele seria aquele homem. Passou a vida acreditando que estaria sozinho, até vê-las. Agora, estava a caminho de ter uma família e se dedicaria para que fossem felizes. — Quero todos os homens no galpão, agora — ordenou Yuri a Dimitri, ao descer do carro. Dimitri sabia o que o seu Dom faria. Rapidamente, ele avisou os soldados, e, minutos depois, todos estavam reunidos no galpão, organizados em filas, esperando que Yuri se pronunciasse. — Vocês estão aqui por um único motivo. Se eu precisar trazê-los aqui novamente pelo mesmo motivo... — começou ele, com o olhar fixo nos soldados. — Alguns parecem pensar que, só porque Oksana está na Itália, as coisas vão se afrouxar por aqui. Estão enganados. Se eu sequer sonhar que alguém aqui está agredindo a esposa ou os filhos por causa de bebedeira, ou qualquer outro motivo, vão se entender comigo. Ninguém obrigou vocês a casar, mas, já que o fizeram, honrem o seu compromisso. Caso contrário, a próxima coisa que verão serei eu na porta de vocês. Não quero esse tipo de coisa na minha organização. Se estão fazendo isso, é porque são fracos e não merecem fazer parte da família! Todos permaneceram em silêncio, absorvendo as palavras de Yuri. Ninguém ousaria contradizê-lo. Não eram loucos. — Entenderam o que eu disse? — perguntou ele. — Sim, Dom! — responderam em uníssono. — Espero que tenham entendido, pelo bem de vocês. Podem ir. Rapidamente, o galpão se esvaziou, restando apenas Dimitri e Yuri no local, ninguém mais queria enfrentar o olhar assassino de Yuri. Se havia algo que Yuri odiava lidar, era com isso. Naquele momento, sentia falta de Oksana. Ela gostava de fazer aquele tipo de "serviço". Com um suspiro pesado Yuri se volta novamente para Dimitri, o olhar do seu subchefe não vacilava ao encará-lo. — Vou ficar de olho neles — disse Dimitri, aproximando-se de Yuri. — Faça isso. O que eu não quero é um bando de mulheres batendo na minha porta para acusar algum dos nossos — respondeu Yuri, passando a mão pelos cabelos. — Se souber de alguém, sabe o que fazer. — Sei sim, Dom — respondeu Dimitri, com um sorriso sinistro. Aquilo era algo que ele teria profundo prazer em fazer.
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