Ricardo entra no seu carro com os outros, os seguiam outros veículos estava na hora de tocar o terror, no bom e velho estilo da Fênix. Um sorriso curvava os seus lábios ao pensar que poderia extravasar um pouco antes de partir, é claro que ele estava usando uma roupa que não o identificava, ele tinha um nome a zelar e se aparecesse metade da cidade estaria morta.
Eles tinham poucas horas o céu começava a clarear anunciando a chegada de um novo dia, um dia que estaria coberto de sangue é claro. O carro estava carregado com uma tensão que parecia impregnar o ar da cidade. As luzes piscavam nas ruas ainda escuras, enquanto o rugido distante de um motor ecoava pelas vielas.
Ricardo, líder implacável da Fênix, olhava pela janela do carro blindado, os dedos tamborilando contra o couro do assento. A tentativa de sequestro de Sofia não era apenas um ataque contra a sua família, mas contra a sua autoridade, todos sabiam que ela era intocável.
Ricardo fechou os olhos por um momento, tentando acalmar a fúria que queimava na suas veias como magma prestes a explodir. Quando os abriu novamente, os seus olhos eram de puro gelo. Ele sabia que, para enviar a mensagem que desejava, precisaria de algo maior do que palavras. A violência seria o idioma naquela madrugada, não que ele se importasse, é claro.
No banco de trás, Yuri estava inquieto. O russo tinha os punhos cerrados, os nós dos dedos brancos contra a pele. Os seus olhos brilhavam com uma mistura de ódio e culpa. Ele não estava presente quando Sofia quase foi levada. A imagem dela, tremendo de medo ao relatar o ocorrido, não saía da sua mente.
— E vamos fazer a cidade inteira lembrar que ninguém mexe com a Fênix. — diz Ricardo com os seus olhos sombrios.
Sentado ao lado de Yuri, Hideo apenas observava. Ele sabia que Ricardo e Yuri estavam lidando com a situação de maneiras diferentes. Enquanto Ricardo canalizava a sua raiva para a ação, Yuri parecia estar à beira de perder o controle.
— Chegamos — Hideo disse, interrompendo o silêncio pesado no carro.
O veículo parou em frente ao primeiro alvo da noite: o depósito de armas de uma das gangues mais influentes da cidade. Ricardo ajustou o paletó, garantindo que a pistola sob o tecido estivesse ao alcance. Ele não estava no seu território e aquilo não o incomodava em nada, ele não precisava de convite para matar alguém.
— Lembrem-se, quero respostas. Se não as obtivermos... deixamos um recado claro.
O portão do depósito era imponente, mas isso não significava nada para Ricardo. Ele e os seus homens o atravessaram como se fosse papel, com um ar de superioridade que fazia qualquer um pensar duas vezes antes de se opor.
— Quem comanda essa lata de lixo? — Ricardo perguntou, a sua voz ecoando pelo armazém lotado de armas e homens, é claro que ninguém o reconhecia já que estava disfarçado, mas ainda assim, a sua aura de poder era impressionante.
Um dos membros da gangue, claramente o líder, aproximou-se com um sorriso arrogante. Antes que pudesse responder, Yuri avançou. Num movimento rápido e feroz, ele agarrou o homem pela gola e o jogou contra uma pilha de caixotes.
— Viemos em busca de respostas. Quem tentou levar Sofia? — Yuri rugiu, sua voz carregada de desespero e fúria.
O líder tentou falar, mas a mão de Yuri apertava o seu pescoço como um torno. Todos naquela cidade sabiam quem era Sofia, assim como sabiam que não deveriam se aproximar dela.
— Yuri, devagar — Ricardo disse, a sua voz cortante como uma lâmina. — Ele ainda precisa falar.
O homem, tossindo e ofegando, ele olhava para os homens a sua frente com desespero, não adiantaria nada ele tentar fugir, ninguém veria o ajudar, não podiam.
— Já disse ao seu pessoal que não sabemos, seja lá quem for fez isso no escuro — responde o homem respirando com dificuldade.
— Vou deixar uma pequena lembrança a você caso descubra algo e não nos conte. — diz Ricardo.
O homem balançava a cabeça desesperadamente, negando qualquer envolvimento. Ricardo suspirou, tirando a pistola do coldre. Ele não atirou. Em vez disso, colocou o cano frio contra o joelho do homem e apertou o gatilho.
O grito de dor reverberou pelo armazém.
— Essa foi a sua última chance — Ricardo disse, enquanto limpava o sangue que havia respingado na sua manga.
— Vamos sair. O nosso tempo aqui acabou — Ricardo anunciou, saindo do depósito enquanto os homens da Fênix começavam a destruir armas e equipamentos da gangue.
No caminho para o próximo destino, Yuri estava mais inquieto do que nunca. Em seu canto Xavier observava Yuri atento a qualquer problema que ele pudesse representar, sabia o quanto o russo poderia ser insano quando queria.
— Não é o suficiente — ele disse, a voz carregada de frustração. — Eles precisam sentir o que ela sentiu, Ricardo!
Ricardo virou-se para encará-lo, o olhar firme.
— E sentirão. Mas precisamos ser metódicos. Você acha que quebrar tudo à toa vai trazer respostas?
— Não estou falando de respostas! Estou falando de fazer com que nunca mais ousem sequer pensar em tocar nela! — Hideo interveio, sua voz calma como sempre.
— Ambos têm razão. A mensagem precisa ser clara, mas, se perdermos o foco, acabaremos sendo vistos como fracos.
Ricardo assentiu. Yuri, embora relutante, se recostou no assento, respirando fundo.
O próximo esconderijo era uma boate clandestina, escondida sob um prédio abandonado. A música alta e as luzes piscantes m*l conseguiam disfarçar o cheiro de fumaça e desespero no ar. Dessa vez, foi Yuri quem tomou a dianteira. Ele avançou direto para o bar, onde um homem grande e tatuado estava sentado, claramente o chefe. Antes que qualquer um pudesse reagir, Yuri sacou uma faca e a cravou no balcão, bem perto da mão do homem.
— Você sabe por que estamos aqui — Yuri disse, sua voz baixa, mas ameaçadora. — Diga quem foi ou você não sai daqui inteiro.
O homem riu, mas foi uma risada nervosa. Ele olhou para os seguranças, que hesitaram. Ninguém queria enfrentar a Fênix, e ele queria continuar com sua cabeça no pescoço.
— Não sabemos nada! — ele disse, levantando as mãos.
— Errado — Yuri respondeu, puxando a faca e a cravando novamente, desta vez na mão do homem.
Os seguranças do lugar hesitam, eles conheciam aquelas pessoas e toda a cidade sabia o que tinha acontecido. Mexer com a Fênix e os seus aliados era se condenar e por mais que ganhassem uma pequena fortuna para fazer o seu trabalho ela não valia as suas vidas.
— Fala! — Yuri berrou, a sua faca agora no pescoço do homem.
— Não sabemos, acha que eu arriscaria a minha vida desta forma! — o homem tremia diante de Yuri, seus olhos arregalados em desespero.
— Espero que entenda o que vai acontecer se estiver escondendo algo. — diz Yuri pressionando a faca um pouco mais no pescoço do homem um filete de sangue descendo por seu pescoço.
— Destruam tudo. — diz Ricardo saindo com os outros. Os soldados entram e em instantes começa a se ouvir barulho de coisas se quebrando.
Antes do amanhecer, os rumores já haviam se espalhado pela cidade. As marcas da Fênix estavam em cada esquina visitada naquela noite. Um aviso claro: a traição não seria tolerada, e a Fênix não descansaria até encontrar o culpado.
Yuri, ainda tenso, olhou para Ricardo enquanto o carro atravessava as ruas vazias.
— Isso é o suficiente para você? — ele perguntou, sua voz carregada de ironia.
Ricardo, finalmente permitindo-se um sorriso sombrio, respondeu:
— É um começo.