Yuri acompanhou Ricardo até uma sala do hotel. Os outros já o esperavam lá dentro, e, pelas expressões deles, sabia que não era coisa boa. Pelo que parecia, o seu noivado terminaria com sangue sendo derramado.
— O que houve, Ricardo? — perguntou Yuri, percebendo a inquietação dele.
— Tivemos problemas com um carregamento que estava vindo para o nosso depósito, mas, graças ao sistema de rastreamento de Alicia, sabemos para onde eles estão indo — disse ele, com um sorriso no rosto.
— Entendo. Então vamos — disse Yuri.
— Temos que ser rápidos para voltarmos a tempo — comentou Ricardo.
— Não acha que vai chamar muita atenção se sairmos todos juntos? — perguntou Xavier.
— Não me importo. As mulheres vão ficar, e sei que elas, junto com Nerone, podem cuidar de tudo enquanto estivermos fora.
— Ele vai odiar ser deixado para trás — disse Aurélio, rindo.
— Ele não tem escolha. Quando está no meu território, faz o que eu mando — respondeu Ricardo. — Vamos, a van já está nos esperando.
Rapidamente, Ricardo avisou os outros, deixando-os de sobreaviso. Dando a desculpa de que teriam uma reunião de negócios, Ricardo e os demais saíram por uma saída especial. Na van, os soldados lhes entregaram outras roupas e coletes.
— Está na escuta, Amália? — perguntou Ricardo, ajustando o ponto no ouvido.
— Oi, chefe, estou sim — respondeu ela.
— Alicia já te informou a situação, então preciso que me mande as coordenadas e me informe o que está acontecendo — disse ele.
— Mandei as coordenadas para o seu dispositivo, chefe. No momento, os alvos estão se deslocando até a saída da cidade. Alguns dos nossos vão atrasá-los até que você os alcance — informou Amália.
Ricardo sorriu ao verificar as informações no dispositivo.
— Certo, Amália. Qualquer alteração, me avise.
— Pode deixar, chefe. Nada passará por mim hoje — respondeu ela. Aquela seria a primeira missão de Amália como apoio, e Ricardo podia ouvir a empolgação na voz da menina.
— Sabe quantos são, Ricardo? — perguntou Klaus.
— Pela imagem do infravermelho, são poucas pessoas, o que está me deixando em dúvida.
— Tem algo errado — disse Nico, com olhos sombrios.
— Também acho — respondeu Ricardo.
Mais alguns minutos e chegaram ao destino. Assim que as vans pararam, e eles desceram, encontraram o caminhão de Ricardo parado. O seu pessoal havia conseguido cercar o inimigo. Ele se aproximou com cuidado do veículo.
— Pelas minhas leituras, há apenas duas pessoas no caminhão, chefe — informou Amália pelo ponto.
— Saiam! Não estou com paciência para brincadeiras hoje! — ordenou Ricardo.
— Não atirem! Vamos sair! — gritou alguém de dentro do caminhão.
Ricardo observou atentamente enquanto a porta do caminhão se abria. Dois homens desceram com as mãos para cima, os rostos cobertos por toucas ninja.
— Escolheram um péssimo dia para me irritar — disse Ricardo, observando-os de longe.
Os soldados de Ricardo se aproximaram e revistaram os dois homens, removendo as toucas que usavam.
— Não é o que está pensando — disse o mais jovem, com os olhos fixos em Ricardo.
— Já que lê mentes, me diga o que estou pensando, então — respondeu Ricardo, sem nenhuma emoção na voz. Os dois homens se entreolharam antes de voltar a encará-lo.
— Não estamos te roubando. Precisávamos falar com você, e esse foi o jeito mais rápido de chamar a sua atenção — disse o jovem.
— Escolheram uma péssima forma de fazer isso. — comentou Charles, observando os dois.
— O que vocês querem? Estão atrapalhando a minha noite, e o que eu não tenho é tempo a perder — disse Ricardo.
— Precisamos da sua ajuda com algo — respondeu o mais jovem.
— E deve saber que não faço nada de graça — afirmou Ricardo.
— Sabemos disso, mas podemos nos ajudar. Sou bom em tecnologia — disse o homem mais novo.
— Já tenho pessoas para isso. E, se quisesse vocês mortos, teria travado o caminhão na rodovia com vocês dentro — respondeu Ricardo, vendo com prazer os olhos dos dois se arregalarem.
— Olha, sei que erramos, mas ninguém mais podia nos ajudar. A polícia não vai trabalhar no nosso caso — disse o mais velho, dando um passo à frente.
— Seja mais específico. E rápido — ordenou Ricardo, de forma ríspida.
— Tudo bem — respondeu o homem, animado agora que Ricardo estava disposto a ouvir. — Nossa irmã desapareceu. Sabemos que ela estava envolvida com alguém, mas não conseguimos encontrar essa pessoa. Temos motivos para acreditar que ela foi vítima de um maníaco. Tudo o que queremos é que esse homem pague pelo que fez a ela. A polícia não está nos ajudando. Disseram que ela era maior de idade e não podiam fazer nada. Então pensamos que talvez vocês consigam encontrá-la.
— Não sei quem vocês acham que somos, mas não trabalhamos com isso. A menos que paguem pelo serviço. Não sei quem falou de nós para vocês, mas estão falando com as pessoas erradas — disse Ricardo, virando as costas.
— Vocês são a Fênix. Sei bem quem vocês são. Trabalham com tráfico de informação, e é isso que preciso: informação! — disse o homem, desesperado.
Ricardo encarou o homem com olhos sombrios. Aquela conversa estava sendo desgastante para ele. Quando ia embora, sentiu uma mão no seu ombro. Xavier o encarava de forma inexpressiva. Ricardo praguejou; sabia que não negaria um pedido de Xavier. Pela forma como falavam, percebeu que Xavier devia estar pensando na sua irmã falecida.
— Tudo bem, Xavier. Mas eles são responsabilidade sua — disse Ricardo, olhando sério para ele.
— Obrigado, chefe — respondeu Xavier, afastando-se.
— Vocês estão com sorte. Vamos ouvi-los, mas já alerto: se descobrir que isso é uma armadilha, vão se arrepender de cruzar o nosso caminho — avisou Ricardo.
— Obrigado, senhor. Não estamos mentindo, eu garanto — disse o mais novo, com um sorriso no rosto. Aquilo não convencia Ricardo; ele estava acostumado a ver rostos bonitos que escondiam pessoas sombrias.
— Vocês vêm com a gente. Vamos deixá-los em um local seguro até investigarmos isso direito.
— Claro, é só dizer onde que os acompanhamos — disse o mais velho. Ricardo sorriu ao ouvir aquilo. Pelo visto, eles não entenderam o que ele queria dizer.
— Apague-os, Xavier. Já que quer ajudá-los, cuide disso — ordenou Ricardo.
— Espere! Apagar? Como assim? — perguntou o mais novo. Xavier se aproximou do rapaz e desferiu um soco no rosto dele, desmaiando-o. O outro olhou com pavor, mas, antes que fizesse algo, Xavier o estrangulou, apagando-o também.
— Isso vai ser interessante — disse Nico, sorrindo.