Episódio 2

1308 Words
Mas agora, agora, estamos aqui, juntos. E eu desejo que esta noite nunca acabe. Eu ainda não entendo que esta noite vai se tornar inesquecível e vai continuar a projetar-se em meus sonhos por um longo tempo… — Então… decidiram deixar-me aqui sozinhos? — Viremos para a Páscoa e Ano Novo! — diz Heron, rindo enquanto abre uma garrafa de vinho tinto. Eu imediatamente espalhei meu copo. Não consigo lidar com isto sem uma bebida forte. — Sugere procurar novos amigos? — murmurou com descontentamento. — Não! — Kin responde abruptamente. Ele esteve tão quieto e misterioso a noite toda que a resposta dele me assustou. Em algum momento, meu relacionamento com Kin se deteriorou. Tornou-se reservado, abrupto e egocêntrico. Eles sempre foram diferentes, Kin e Heron. Heron é alto, magro, com cabelos claros e olhos azuis. Kin também é alto. Nos últimos anos, ele tem sido muito dedicado à academia e tatuagens. Não n**o que ele parece impressionante, mas o que fiz para merecer o tratamento dele? Não é minha culpa que crescemos e que alguém decidiu se tornar um pouco desagradável. — Propõe que eu fique no apartamento à sua espera? — Eu rio e tomo uma bebida. Posso imaginar como será do lado de fora. — Isso é demais, rapazes. — Exatamente! Você vai ficar no apartamento vazio, — segundo Heron, piscando. — E você vai esperar pacientemente por nós para visitá-la. Então, você não está tentado escapar ou convidar alguém, eu pessoalmente colocarei um cadeado na porta. Vou dizer ao Kin o código. — Não, você não estava certo! — Respondo decisivamente, dando tapinhas no ombro dele. — Vou encontrar uma maneira de me divertir sem vocês. O vinho corre pelas minhas veias e de repente tudo parece mais leve. Deito-me no cobertor e olho para as constelações brilhantes. Aqui, longe das luzes da cidade, as estrelas parecem incrivelmente bonitas e enormes. Um show incrível. Eu me sinto parte deste vasto universo. Com cada inalação do ar fresco da noite, minhas preocupações desaparecem e eu sinto vontade de fazer algo louco, inesquecível. Algo que deixa uma marca permanente na minha memória. Não quero pensar em nada esta noite. Que esta noite seja só para nós, os três. Vamos compartilhá-lo. Igualmente. Eu me permito fechar os olhos e me deixo completamente absorvido pelo momento. O vento gentilmente acaricia meu rosto e pernas, m*l cobertos por um vestido leve. Sinto que o ar traz consigo os aromas do prado noturno… o aroma das flores e tomilho… Em momentos como este, o tempo parece ter parado e eu posso somente desfrutar do mundo. — Eu queria perguntar há muito tempo, — diz Heron, deitado ao meu lado e também olhando para o céu noturno. — O que aconteceu com o nerd com quem você costumava namorar? À minha esquerda aparece uma sombra. É Kin, que se levantou. Ele se afasta, escondendo-se no escuro da noite, e acende um cigarro. Suspiro enquanto me lembro das datas estranhas com aquele admirador obcecado com s***s femininos. — Quem sabe, — respondo, voltando-me para Heron, — talvez ele tenha encontrado alguém melhor. — O quê? Melhor do que você? Está brincando! Já se viu num espelho? — O meu amigo protesta, e a sua reação deixa-me muito feliz. — Ele disse-me que os meus s***s eram muito pequenos, — comecei a rir e levantei-me para tomar outro gole. — Suavemente sugeri que os aumentasse. — Você é louca? — Heron zomba, incrédulo. — Que i****a! — Relaxe, agora até gosto de me lembrar, — sorrio, sentindo o vinho aquecer o meu sangue. Kin retorna, senta-se ao meu lado e brinca cuidadosamente com um isqueiro. — E agora, está livre? — O Heron também se levanta e enche os nossos óculos. Para minha surpresa, o copo de Kin continua cheio, como se ele não tivesse bebido nada. — Sim, por enquanto sim. Eu decidi que os relacionamentos não são para mim agora. Quero terminar meus estudos e experimentar uma agência de publicidade. Então, os relacionamentos virão. — A moleca cresceu, Heron. — Quer se tornar empresária? — Sim, quero começar pequeno e avançar para o meu sonho, — respondo com certeza. — Bem, desejo-lhe boa sorte, — diz Heron sério. — Obrigado, — Sorrio para si em resposta. — De qualquer forma, estaremos sempre perto — acrescenta, levantando o copo. — Pela nossa amizade! Brindamos e sentimos como o calor inunda meu corpo, enchendo meu coração de gratidão por esses dois meninos. — Fechar, mas não tanto… — Não perco a oportunidade de os morder. Estou surpreso de que este seja o fim. Que não podemos mais interagir como antes, ou nos ver a qualquer momento… Mas talvez isto seja para o melhor. Todos crescemos e seguimos nosso próprio caminho, mas nossa amizade permanecerá conosco para sempre. — À distância de uma chamada telefônica, — sorri Heron. — Talvez se sinta mais confortável em vídeo? — levanta uma sobrancelha. — Do que está falando? Que eu não estou desinibida? — reagiu rapidamente, causando a risada silenciosa de Kin. — Do que estás rindo? — Eu o empurro com a minha perna. — Esqueceste-te quando saltei da corda? — Ela tem razão, segundo Heron, a rir. — Não havia forma de o impedir! — Bem, eu sorrio, pelo menos eles não se esqueceram de tudo sobre mim. — Não me esqueci, — ri Heron, e de repente a voz dele fica rouca: — Especialmente aquele salto em que perdeste a calcinha. Kin ri um pouco e se deita, com as mãos debaixo da cabeça, olhando para o céu. — Por que é que está sempre a rir? — Empurro Kin de volta na perna e viro Heron. — Essa não é uma história divertida! Não rir! — Ok, não fique zangada, — Heron levanta as mãos em rendição. — Eu só queria aliviar um pouco a atmosfera. — Bem, você fez isso, — sorriu, sentindo a tensão desaparecer. — Mas não mencione isso novamente ou conte a ninguém. Quase faleci de vergonha naquele dia… — Não sei, Heron escova o meu joelho com a parte de trás da mão até à borda do meu vestido. — Achei-o bastante encantador e... — Então, o quê? — Eu interrompo-o, sentindo a sua carícia causar um arrepio inesperado. — Novamente, você com o mesmo? — Agora, a minha voz também fica rouca. — Ok, — ri Heron, retirando a mão. — Eu simplesmente não consigo deixar de notar o quanto você mudou. Você é muito bonita, Anastácia… A memória do nosso primeiro beijo de repente surge em minha mente, e um frio corre pelas minhas costas. Sinto a tensão entre nós aumentar, e eu não posso deixar de sorrir em reação. Essas memórias dão ao momento uma atmosfera especial. Dou uma olhada rápida em Kin e fico assustada. Parece que ele só reparou como o Heron me tocou. Tenho de me acalmar… É tudo culpa do vinho. Ele está pregando-me truques. Eles são somente meus amigos, nada mais. Respiro fundo, tentando me acalmar. Em torno deles, reina um silêncio que só é interrompido pelos sons da natureza noturna e pela respiração calma dos meus amigos. Você só precisa aproveitar o momento e manter longe pensamentos desnecessários. — Por que razão ficaram subitamente em silêncio? Eu disse algo errado? — Não, você disse a coisa certa, — respondo, tentando sorrir. — Só cada um de nós está profundamente em seus próprios pensamentos. — Sim, — acrescenta Kin, ainda a olhar para o céu. — O tempo passa rapidamente e tudo muda… — Gostaria de saber mais sobre isso, Anastácia. — diz Heron com um sorriso irônico, enquanto as minhas bochechas ficam vermelhas. Que sorte que a luz vermelha do fogo a esconda. — O que estava pensando, menina? — Heron insiste. — Olha, está mesmo a corar…
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