Quinn
Antananarivo - Madagascar - 2021
Uma mulher anda pelos corredores usando um jaleco branco com calça jeans e uma blusa branca, usando máscara também branca. O crachá preso no peito do jaleco tem o nome Chloe Sullivan escrito ali, a mulher branca, loira e de olhos verdes andava cumprimentando a todos pelos corredores, sempre com um tom simpático, procurando ver se tudo sempre estava em ordem.
Chloe passa seu crachá em uma porta e entra, chegando no quarto de uma paciente, que é uma mulher idosa e que m*l conseguia se mover, com a cabeça raspada e bem fraca. Ela dá um sorriso para Chloe, e ela vem até senhora internada, e pega na mão dela, massageando com o polegar.
- Bom dia, senhora Olga. Como você está se sentindo hoje? - disse Chloe, simpáticamente.
A idosa tira a máscara de oxigênio e respira fundo e então diz:
- Quinn... que bom que você veio me visitar.
Quinn sorri e responde:
- Não tinha como eu não vir, é um dia muito importante para a minha querida amiga.
Olga sorri.
- A senhora vai ficar boa logo, logo.
- Essa vacina... ela é realmente eficaz?
- Eu conheço pessoalmente o responsável por desenvolver esse projeto. Ele é um homem extremamente inteligente e confiável, a senhora vai ficar bem.
Olga sorri e responde:
- Se você diz, eu acredito, minha querida Quinn.
Elas sorriem uma para a outra.
Horas mais tarde...
Os médicos estavam levando Olga em uma maca para uma sala de quimioterapia, onde logo ao lado, tinha uma sala com um vidro escuro e um auditório lotado de pessoas. Quinn chegou um pouco mais cedo antes da apresentação começar, e ela se dirigiu a um homem branco de cabelo preto e barba feita, que usava um óculos e jaleco, que estava conversando com algumas pessoas de imprensa. Quando ele avista Quinn de longe, ele pede licença e vai até ela.
- Mas que honra, a enfermeira Quinn Sullivan veio prestigiar o maior momento da minha vida? Não sei o que fiz pra merecer esse grande presente.
Quinn se vira pra ele e sorri, então diz em tom cordial:
- Doutor Elson Dixon, que honra você convidar uma humilde enfermeira em sua primeira semana de trabalho para a sua grande exposição.
- Qual é, para com isso Quinn. Somos amigos, não precisa dessa formalidade toda.
- É que hoje é um dia bem importante pra todo mundo, principalmente pra você, não é? Hoje você se torna alguém super importante que vai criar um marco na história.
- Que Deus te ouça. - disse Eldon, rindo.
Quinn olha por um instante para o vidro, e vê Olga deitada na mesa do Tomógrafo, se preparando para entrar a qualquer momento.
Eldon também olha e pergunta:
- É sua amiga?
- A senhora Olga e eu nos tornamos muito próximas nos últimos meses. Ela não tem família, eles a abandonaram aqui porque o tratamento do câncer dela é muito caro. Sem condições nenhuma de bancar, eles largaram a pobre senhora no leito do hospital. Durante o meu estágio, eu fiquei tomando conta dela, Olga adora conversar sobre os sonhos que tem enquanto dorme. Ela é uma boa pessoa que sofreu uma injustiça c***l, ao mesmo tempo que eu tenho orgulho do otimismo dela, eu também sinto pena.
- Bom, os dias de luta dela estão para acabar.
- Essa vacina que você desenvolveu, o que ela é exatamente?
Eldon sorri e diz:
- Eu a batizei de F, uma referência a Frankstein.
- Isso deveria ser uma coisa boa?
- Relaxa. Recebe esse nome porque muitas coisas misturadas criaram essa fórmula, a composição química é tão homogênea e forte, que deixa qualquer um de queixo caído. Eu inventei a cura do câncer, parabéns pra mim.
- É, você com certeza ganharia uma estrelinha por ser o melhor aluno da academia.
Eles riem, e ousadamente, Eldon relembra:
- Você ainda me deve aquele jantar, Quinn.
- Jantar? Que jantar?
- Aquele que nós vamos ter hoje a noite. O que acha?
Ela sorri pra ele, ficando bem envergonhada e diz:
- Eu... nem sei o que dizer, Eldon. Nunca pensei que você me via dessa forma e...
- Basta dizer sim ou não. Mas sim seria bem mais legal.
Sentindo um frio na barriga, Quinn responde:
- Eu adoraria.
- Agora sim hoje se tornou um dia especial.
Eles sorriem um pro outro, e Eldon olha pro relógio:
- É hora de brilhar.
- É, é hora de brilhar.
- Fique na primeira fileira, me sinto mais calmo quando olho pra você.
- Está nervoso, Doutor?
- Eu tô apavorado.
- Qualquer coisa eu posso subir lá e fazer a apresentação pra você.
- Muito engraçada.
Minutos antes da palestra começar, Quinn se dirigiu à primeira fila enquanto Eldon subiu em um palco, e com todas as luzes se apagando e um holofote sobre ele, Eldon dá um sorriso aberto e diz:
- Boa noite a todos! Obrigado por estarem aqui hoje, as senhoras e os senhores serão os primeiros no mundo a testemunhar um momento simbólico para a nossa história.
Todos aplaudem, inclusive Quinn, que recebe uma piscadinha de Eldon.
- Imagino que estejam ansiosos para ver a nossa exposição, então eu não serei c***l em fazê-los esperar mais. O que os senhores estão prestes a testemunhar hoje, é o maior e mais belo avanço já feito no estudo sobre a cura do câncer.
Uma onda de cochichos começou, e Eldon confirmou:
- Isso mesmo, hoje nós iremos testemunhar a primeira paciente a receber a cura. Conheçam Olga Kruev, mulher ucraniana de 86 anos da idade.
O vidro clareou, e foi possível ver ao fundo a sala onde Olga estava, tinham dois médicos acompanhando ela, observando Olga deitada na máquina. Eldon liga o microfone e diz:
- Tudo bem aí, senhora Kruev? Acene com a mão direita para nós.
Olga ergueu a mão e acenou com bastante dificuldade, mas sorrindo por debaixo da máscara de oxigênio.
Quinn também sorri ao ver isso.
- Infelizmente a senhora Kruev contraiu um tumor maligno nos pulmões já faz quase 1 ano, isso causou serias complicações à sua saúde, mas felizmente, todo o dano ainda é reversível, se as células cancerígenas forem mortas ou inutilizadas.
O vidro que mostrava a sala de Olga recebeu uma tela digital bem ao canto, de um tamanho em que as pessoas pudessem enxergar, lá mostrava raios-X do interior dos pulmões de Olga.
- 30% do pulmão da senhora Kruev já foi consumido nesse tempo, se fosse em outras épocas, muitos diriam essa mulher está condenada, que isso é normal da idade. Eu digo que não, o ciclo da vida não pode ser interrompido a não ser que realmente seja concluído. Pensando nisso, desenvolvi essa fórmula que ajudará a melhorar a medicina mundial e irá aumentar, nem que seja um pouco, a expectativa de vida do ser humano. Agora, sem mais delongas, que tal partirmos para a primeira aplicação?
Os jornalistas pegaram suas cadernetas e já estavam anotando tudo, enquanto Eldon se vira de costas e fala em seu microfone:
- Começaremos quando estiver pronta, senhora Kruev.
- Eu estou mais pronta do que nunca. - ela respondeu.
- É assim que se fala. - disse ele, orgulhoso.
Em seguida Eldon se virou para o auditório e anunciou:
- Peço que prestem a atenção, senhoras e senhores.
Todos fizeram silêncio, e Olga começou a entrar no Tomógrafo, onde uma imagem em tempo real do raio-x do corpo dela começou a passar pelo canto da tela.
- Observem bem, esse é o estado atual do corpo da paciente antes de receber a primeira dose.
O corpo de Olga estava lotado de pontinhos pretos pela região do pulmão, onde o câncer estava mais presente.
A máquina soltou alguma pinças bem finas, e ela foram se aproximando das costelas de Olga.
- Não se preocupe, não vai doer nadinha, senhora Kruev.
Olga fechou os olhos e as pinças penetraram na pele dela, entrando bem devagar.
- Como está se sentindo? - perguntou Eldon.
- Me sinto muito bem.
- Prosseguiremos, então.
Umaa substância pastosa e da cor verde começou a escorrer por uns tubos bem pequenos dentro das pinças, sendo aplicadas diretamente nos pulmões de Olga. Todos observavam aquele momento com muita expectativa, o raio-x em tempo real estava começando a mostrar a substância circulando pelas veias pulmonares dela, e aos poucos os pontos pretos iam começando a ser apagados um por um.
Todos ficam de pé e começam a aplaudir vendo a fórmula dando certo, Eldon fazia reverência, agradecendo a todos. Quinn também aplaude bem alegre.
Os médicos dentro da sala de Olga também estavam bem felizes observando o resultado por uma tela de computador, até que um deles começa a sentir um cheiro bem forte.
- Tá sentindo isso? Esse cheiro ácido.
- Cheiro ácido?
O médico tenta sentir, e realmente está um cheiro ácido, então eles se aproximam para ver o estado de Olga, e olhando de perto, ela parecia bem, ainda estava com os olhos fechados e sorrindo.
- Deve ser algum defeito na máquina.
Até que de repente a cocha direita de Olga estoura, e o líquido verde voa na cara de um médico, entrando direto pelos olhos e pelas narinas dele. O outro veio socorrer, e no meio do susto, os dois acabam se batendo e caindo no chão.
O médico tenta limpar aquele líquido verde a própria cara, enquanto o outro tenta desligar a máquina no meio da emergência.
No auditório, enquanto Eldon ainda era ovacionado, ele estende as mãos pro ar e diz:
- Muito obrigado! Muito obrigado! Mas nós não acabamos ainda, precisamos ver a grande conclusão desse trabalho.
Todos ficam com expectativas muito altas, e quando o vidro escuro volta a clarear, ninguém consegue ver imagem nenhuma, pois estava tudo verde.
O silêncio toma conta do lugar, e Eldon tenta manter a postura, então diz no microfone:
- Senhora Kruev, como está se sentindo?
Mas ninguém responde.
- Senhora Kruev, pode nos dizer como está se sentindo, por favor?
Eles ainda continuavam sem resposta, e todos ficaram meio preocupados. Até que de repente o vidro quebra com um dos médicos voando em cima do palco completamente ensanguentado com metade do corpo arrancada.
Todos na sala arregalam os olhos e um pânico começa, Quinn fica de pé e completamente em choque. Eldon fica assustado e confuso, e vendo aquele gás se aproximando, ele imediatamente pulou do palco e agarrou a mão de Quinn.
- VEM! VAMOS SAIR DAQUI!