Doces Brincadeiras Infantis e Idas ao Parque

3067 Words
Ambos optaram por ignorar o detalhe constrangedor das mãos dadas naquela manhã de domingo. Hoseok catou Minhyuk pela mão e o levou até o banheiro para o ajudar a escovar bem seus dentinhos. Yoongi apareceu logo depois, parecia um pouco desconfortável, mas não falou nada, apenas buscou sua escova e começou a escovar os próprios dentes ao lado do Jung e o garoto, que estava sentado sobre a pia metálica. O Min ficou quieto, apenas olhava pelo reflexo do espelho os dois ao seu lado, até mesmo o ato de escovar os dentes parecia ser algo divertido quando Hoseok estava no meio, lembrava-se que na manhã passada escovar os dentes não havia sido lá essas coisas. Estava mesmo começando a ter inveja de seu vizinho sorridente? O mais velho abriu a gaveta da pia, tirando lá de dentro uma escova limpa, a estendeu até Hoseok, que mesmo sem entender exatamente os motivos do Min, a pegou. Ele logo iria embora, poderia escovar seus dentes quando estivesse em casa, gastar uma escova de dentes era algo desnecessário, até porque não pretendia dormir ali mais vezes. Pelo menos, esses nunca foram os seus planos. O pequeno Lee segurou a própria escova entre os dentes, e segurou a que Hoseok acabara de colocar na boca, o menino parecia animado para retribuir o favor e escovar os dentes do maior. Minhyuk ria enquanto via a espuma se formar, o Lee não sabia escovar nem sequer os próprios dentes, logo escovar os dentes de outra pessoa seria uma tarefa complicada. Escovou o nariz, as bochechas, o queixo, tudo, menos os dentes. Yoongi não conseguiu segurar a risada ao ver o rosto do ruivo coberto de pasta, mas Hoseok não deixaria aquela risada barata, logo puxou a escova da boca do Min passando-a em sua bochecha. Foi a vez do Jung rir. Yoongi fingiu estar zangado, mas riu logo depois. Ambos lavaram seus rostos, não poderiam passar o dia inteiro ali, acabariam banguelas se aquilo resultasse em uma briga de escovas. Hoseok desceu Minhyuk da pia, e o menor correu para fora do banheiro no momento seguinte, para poder fugir do banho. — Fique para o café da manhã. — o Min convidou enquanto passava pelo rapaz indo para fora do banheiro. Quando Yoongi o pediu para ficar, algo dentro de Hoseok o dizia que tudo o que o rapaz queria era que ele fizesse o café da manhã, e ele estava completamente certo. No momento em que Yoongi se sentou em uma das cadeiras da mesa, o Jung teve certeza de que todo o trabalho seria dele, e que o Min apenas ficaria sentado esperando pela comida. Riu para si mesmo, Min Yoongi também tinha suas particularidades, e uma delas era ser preguiçoso. Hoseok não esperava isso do rapaz tão sério que saia todos os dias para trabalhar bem cedo, mas ao mesmo tempo não se incomodava. Yoongi ainda matutava consigo mesmo, sentado ali naquela cozinha vendo Hoseok cozinhar qualquer coisa, o Min discutia com seu subconsciente, sua mente parecia brigar. Estava deixando dois estranhos entrarem em sua vida, e isso era algo que não acontecia há muito tempo. Minhyuk estava vendo televisão, estava animado, parecia feliz apesar de tudo, mas Yoongi ainda podia ver aquela mesma mágoa escondida em seus olhos, ele escondia algo, e Yoongi sabia que em breve saberia de tudo, só precisava esperar pelo momento em que o próprio Minhyuk escolheria falar. — Não fique tão preocupado, vai dar tudo certo. — ouviu a voz do Jung, que falava ainda de costas enquanto mexia em algo na frigideira. — Queria ser tão otimista quanto você. — o Min espalhou seus braços sobre a mesa em sinal de própria rendição, rendia-se à preocupação, estava com medo de que algo r**m viesse a acontecer com o pequeno Lee — Eu só consigo pensar no pior. — E é por isso que você é o tio chato, enquanto eu sou o tio legal. — o ruivo brincou enquanto começava a servir a pequena mesa para o café, Yoongi se endireitou na cadeira, mas ainda estava com aquela falsa expressão ofendida— Sorria mais, hyung, garanto que seus dentes não vão cair. Não é como se Min Yoongi fosse mesmo um chato ranzinza que nunca sorria, ele só não tinha motivos para estar sempre com um sorriso de orelha a orelha. Mas incrivelmente, olhar para o pequeno Lee parecia ser um bom motivo. Havia cometido o maior errado de sua vida, havia se apegado ao garoto em apenas dois dias, e se sentia m*l só de imaginar que teria que deixá-lo em um abrigo na manhã seguinte. — Eu não, vai que alguém rouba meus dentes. Hoseok fez sinal negativo com a cabeça enquanto ria para si mesmo. Chamou por Minhyuk para que o menino viesse comer, o pequeno Lee veio imediatamente. Yoongi não tinha do que reclamar, Hoseok cozinhava muito bem, se o Jung arrumasse a casa se casaria com ele, com certeza. O Jung claramente tinha jeito para ser pai, sabia cuidar de uma criança muito melhor do que ele, e a forma como Minhyuk pareceu confiar nele automaticamente, tudo ao redor parecia jogar em sua cara o quanto seu vizinho sorridente era perfeito, e ao mesmo tempo parecia apontar todos os seus defeitos, todos os tons de defeitos que Min Yoongi poderia revelar. — O que vamos fazer hoje? — o menino perguntou. — Poderíamos ir à um parque hoje à noite. — Yoongi sugeriu, e por mais que não gostasse de parques, queria agradar o pequeno Lee. Seria seu último dia ali. — E o que vamos fazer o dia todo?   Há dois dias atrás Yoongi jamais se imaginaria na situação em que estava, segurando um cabo de vassoura enquanto se escondia por detrás de um monte de travesseiros e almofadas, para ser mais sincero, ele nem sabia que poderia ter tantas almofadas espalhadas por sua casa. Hoseok se encontrava do outro lado da sala, este também segurava um cabo de vassoura e tinha sua própria barricada de travesseiros o protegendo, enquanto Minhyuk se escondia detrás do sofá e segurava uma pá de plástico, também estava com uma panela na cabeça. — Rendam-se, chineses e j*******s eu dominarei a Ásia em nome da Coréia do Sul! — o pequeno Lee gritou enquanto fingia estar atirando com sua pá de plástico, ele até fazia o som das balas. — Eu prefiro morrer do que perder a vida! — Hoseok gritou de volta enquanto rolava pelo chão e fingia também estar atirando. Yoongi pulou sua barricada e saiu correndo pela sala fingindo que também atirava com sua vassoura, correu em direção à cozinha, ficando escondido atrás do balcão, vez ou outra se levantava para atirar novamente. Minhyuk foi atrás do mesmo com sua pá de plástico em mãos, atirando várias vezes contra o mais velho. — Eu vou pegar você! — o pequeno gritou com uma tentativa de voz grossa, resultando em risadas dos mais velhos. Minhyuk corria atrás de Yoongi pela casa continuando com os sons de tiros feitos pela boca, o mais velho tentava se esconder atrás dos móveis e já estava quase passando m*l de tanto rir. Hoseok apareceu logo depois, com seu cabo de vassoura e uma tigela de plástico na cabeça sendo usada como capacete, o mais alto também atirava. O pequeno Lee pulou no sofá sacando sua pá de plástico e mirando em Hoseok, que corria na direção em que Yoongi estava escondido, e acabou sendo surpreendido pelo mesmo, que pulou para fora dos travesseiros e o surpreendeu o atingindo com o cabo de vassoura. — Você está morto! — o Min gritou assim que atingiu o mais alto. Hoseok se jogou no chão encenando uma cena clássica e exagerada, colocando as duas mãos no peito enquanto fingia sentir dor. Yoongi ria na mesma intensidade que Minhyuk gritava vitória. O ruivo se esticou enquanto encarava seus inimigos. — Fui atingido! — ele bradou da forma mais exagerada que podia — Se aproxime, meu inimigo. Yoongi se ajoelhou ao lado de Hoseok, que segurou sua mão rente ao peito. O Min ria tanto que m*l conseguia se concentrar na brincadeira. — Não deixe a Coréia do Sul vencer essa guerra. — e dito isto o ruivo virou seu rosto junto ao chão e fechou seus olhos fingindo estar morto. Yoongi ouviu o barulho de Minhyuk e correu para detrás dos travesseiros novamente, o menino fazia sons pela boca e apontava a pá de plástico em direção aos travesseiros de Yoongi, já havia perdido a panela de sua cabeça há muito tempo. Yoongi também atirava de volta. O Min saiu de trás dos travesseiros e correu pela sala com Minhyuk atrás, ria tanto que nem sequer olhava para onde estava indo, até acabar esbarrando no sofá e caindo por cima do mesmo, segundos depois o pequeno Lee o atingiu com o cabo da pá. — Eu venci, eu venci, eu venci! — o menino gritava e pulava pela casa em comemoração. Hoseok levantou do mundo dos mortos finalmente tirando a vasilha de plástico da cabeça, foi até Yoongi o ajudando a sair de cima do sofá, já que o mais velho aparentava mesmo ter morrido depois de cair ali. Minhyuk ainda pulava de um lado para o outro. — Nem pra correr direito você serve, Yoongi! — Hoseok reclamou com uma falsa chateação na voz. — Você morreu primeiro que eu! — o mais velho se defendeu. Os dois acabaram por rir da situação, a casa estava um caos, havia travesseiros e almofadas por toda parte, além de um monte de vasilhas fora do lugar, e penas já que um dos travesseiros rasgou. O sofá já estava do outro lado da sala, e havia salgadinhos espalhados por toda parte, além das tigelas sujas da noite passada, e um colchão pisoteado era a cereja do bolo. — E se eu saísse para comprar o almoço enquanto você arruma tudo? — o Min sugeriu com sua melhor cara de cínico, até mesmo deu um passo para porta. — Nem pensar. — o mais alto o segurou pela gola da camisa o impedindo de tentar fugir — Você e o pequenininho ali vão limpar tudo enquanto eu faço o almoço.   Yoongi acabou tento que limpar tudo, não que Hoseok mandasse nele, mas teria que limpar de qualquer maneira. E guardar todas aquelas almofadas não era tão divertido quanto montar as barricadas, e Minhyuk não ajudava em muita coisa, já que o pequeno só conseguia levar uma almofada de cada vez. Colocar o sofá de volta no lugar exigiu uma força que já não tinha mais. Sua barriga roncava tanto que não conseguia mais ouvir os próprios pensamentos. E lá pelas 11h e 35min. Minhyuk já estava sentado no sofá vendo televisão e ignorando completamente o restante da arrumação, e tudo isso com a benção de Hoseok, que dizia que o menino era muito pequeno e que se cansava facilmente. — Mas eu também sou pequeno! — essa foi a desculpa de Yoongi. Mas não colou. O Min continuou arrumando toda a casa, já que a pequena batalha travada pelos três se estendeu pelo apartamento inteiro. Se soubesse que teria que arrumar tudo sozinho, Yoongi jamais teria aceitado a ideia de Hoseok. E depois de ter terminado tudo, pôde finalmente sentar à mesa e provar da comida deliciosa de seu vizinho sorridente. Uma refeição muito merecida, em opinião própria. Minhyuk nem tinha feito quase nada e foi o primeiro a ser servido, enquanto o Min teve que ficar esperando. Injustiça, em sua opinião. — O que vamos fazer hoje à tarde? — o menino perguntou ainda muito animado, enquanto Hoseok assoprava sua colher. — Dormir seria uma boa. — Yoongi estava realmente falando sério quando sugeriu. — O tio Yoongi está muito cansado, Minhyuk, então o passeio de hoje à tarde terá que ser só nós dois. — Hoseok estava prestes a começar com seu joguinho de manipulação, e Yoongi estava prestes a se tornar uma vítima daquele jogo — Só nós, eu e você, eu, Hoseok, você, Minhyuk, eu e você, Hoseok e Minhyuk, só nós dois. Yoongi não queria ceder à chantagem, mas Hoseok estava atingindo seu lado ciumento, e ao mesmo tempo o fazendo se sentir excluído, aguentou o máximo que conseguiu, mas acabou explodindo cinco segundos depois.   — Eu também vou.   [...]   Deveria ter ficado em casa. Se soubesse que acabaria mofando sentado em uma mesinha de lanchonete enquanto Hoseok e Minhyuk brincavam em uma piscina de bolinhas teria ficado em casa dormindo. Quando Hoseok disse que iriam à um playground, Yoongi não esperava que o Jung fosse entrar junto nos brinquedos. Jung Hoseok era definitivamente a pessoa mais imprevisível que já conheceu.   — Bem-vindo ao clube dos pais abandonados. — uma mulher se sentou ao seu lado, aparentava estar chegando na casa dos trinta, e também era muito bonita, segurava uma bolsa colorida demais para ser dela, e uma mamadeira na outra mão — Qual é o seu? Yoongi demorou alguns segundos até entender exatamente do que ela falava. — Aqueles dois ali. — o Min apontou para onde Hoseok e Minhyuk estavam, o Jung era o único adulto na piscina de bolinhas, era fácil de achar. A mulher olhou a cena por alguns instantes. — É um menino muito lindo, o rapaz também é uma gracinha. — a mulher comentou com uma pequena risadinha, ainda mantinha seus olhos nos dois — Foi uma idiotice da minha parte vir dar em cima de você, deveria ter percebido logo de cara que você era gay. Yoongi ficou completamente desconcertado, e até mesmo mudou de cor pelo constrangimento, não esperava que aquela moça fosse falar algo do tipo, estava despreparado. — O que? Não. — se enrolou ao responder — Quer dizer, não exatamente, eu e o Hoseok não somos um casal, ele é meu vizinho, está aqui porque Minhyuk adora ele, eu não tenho nada com ele. — Oh, uma paixão platônica. — a expressão a mulher era completamente exagerada — Não se preocupe, querido, o seu vizinho hétero um dia vai te notar, boa sorte! E dito isto ela simplesmente foi embora, deixando para trás um Yoongi confuso, que apenas olhava para a mulher indo embora, e para Hoseok brincando com Minhyuk. Hoseok hétero? Ele era alegre e sorridente demais para isso. Mas será? Não conhecia nada sobre seu vizinho, ele poderia até mesmo ser um alienígena disfarçado e não saberia disso. E por que bulhufas ela tinha dito aquilo? Como se algum dia Yoongi pudesse cometer a loucura de se apaixonar pelo mesmo. Puff, nem em um milhão de anos! — Quem era aquela mulher? — quando percebeu Hoseok já estava sentado na cadeira em que outrora a mulher estava, teve que conter seu susto. — Uma mendiga. Ele nem guardava ressentimentos. Hoseok não entendeu, mas também não quis discutir. O mais alto pediu algo para os dois comerem e pagou por conta própria, Yoongi não disse nada, mas achou aquela atitude muito boa, se continuasse assim, Hoseok poderia ser logo promovido de vizinho à amigo. Não que Yoongi interesseiro. Longe disso, apenas não queria sanguessugas em sua vida, e Hoseok não aparentava ser desse tipo. Amigos devem promover o bem-estar uns dos outros. — Se eu te dissesse que não quero levar Minhyuk para o juizado de menores, você me chamaria de criminoso? — o mais velho perguntou enquanto tomava mais um gole de seu suco de laranja. — Se eu te disser que tenho o mesmo pensamento, me chamaria de cúmplice?   [...]   Minhyuk estava praticamente arrastando Yoongi para poder ir no Carrossel, a boca completamente lambuzada de algodão doce e ainda carregava na outra mão um pirulito, ainda comido tanto açúcar que mais se parecia com uma pilha ambulante. Hoseok ria dos resmungos de Yoongi, que já sentia seus pés doendo de tanto andar. Como Minhyuk conseguia ter tanta energia? Até mesmo Hoseok já aparentava querer ir embora do tanto que já haviam rodado por aquele parque lotado de pessoas. — Relaxa, daqui a pouco ele se cansa. — Hoseok tentou animar Yoongi, que já não estava mais com uma gota de esperança de irem embora tão cedo.   Minhyuk dormiu meia hora depois. E agora Hoseok carregava o pequeno Lee no colo, enquanto Yoongi apertava os botões do elevador. Ambos já estavam no prédio em moravam, com Minhyuk ressonando de tão profundo que era seu sono, o menino parecia um anjinho dormindo com a cabeça no ombro de Hoseok. Quem olhasse de longe veria uma linda cena de um pai carregando seu filho sonolento no colo. E Yoongi do lado, fazendo seu papel... de Yoongi. — Você tem toda vocação para ser pai. — o Min comentou enquanto caminhavam para fora do elevador. — Ah, você também tem, tem cuidado muito bem de Minhyuk. — Não tente me agradar, quem cuida do Minhyuk é você, eu só fico do lado e observo. — foi a primeira vez que Hoseok viu Yoongi sem graça — Tenho inveja de você, queria ser assim. Yoongi abriu a porta de seu apartamento, parando de imediato e estendendo os braços para poder segurar o pequeno Lee. Hoseok entregou o menino, que mesmo sendo magro, ainda era bastante pesado. — Ponha ele na cama, Minhyuk merece uma boa noite de sono, afinal, amanhã é o grande dia. — o Jung parecia tristonho ao dizer aquilo. Yoongi também não estava nada feliz. — Você me acompanha até o juizado? — o menor perguntou, estava aflito demais para ir sozinho — Quer dizer, me dá uma carona? Deixar Minhyuk lá e depois ir ao trabalho vai acabar me fazendo atrasar muito, não quero perder o meu emprego, mas isso só se você... — Apareço aqui bem cedo. — foi a resposta do Jung antes de beijar a testa do menino e ir virar as costas para ir embora. Yoongi sorriu pequeno olhando para as costas do rapaz que se afastava lentamente. Entrou e fechou a porta com certa dificuldade por Minhyuk ainda estar em seu colo, e lentamente se pôs à caminhar em direção ao quarto onde o menino dormia, e estranhamente, cada passo parecia ser uma facada em seu coração. Min Yoongi admitia, se apegou ao menino, e agora, ter que deixá-lo, era a pior coisa que teria que fazer. Pois no fim das contas, já amava Lee Minhyuk.
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