Capítulo 02

2267 Words
Finalmente o tal garoto que ficava me encarando, desviou o olhar e começou a brincar com seus amigos. Porém, ainda fiquei ansiosa para saber de quem se tratava. O problema é que teria que deixar essa dúvida para depois, a água estava cada vez mais gelada, então resolvi me retirar da piscina. Estava subindo os degraus, quando coloquei o pé para fora, e o outro, senti o chão deslizar, e quando estava preparada para dar de cara com o piso, alguém me segurou e me fez ficar de pé. — Opa, tem que ter mais cuidado. — Falou, alguém que eu desconhecia, mas que tinha uma voz interessante. — Obrigada. — Agradeci, virando—me para olhar quem era o meu herói. — Henrique. Prazer. — Ele falou, indicando sua mão de encontro a minha. — Gabriela. — Falei, apertando sua mão. Depois de agradecer mais algumas vezes, esperei Larissa sair da água e ficamos sentadas durante um tempo na cadeira em volta da piscina. Não pude deixar de pensar, Henrique o menino do olho azul, será que ele estava indo atrás de mim? Coloquei minha tanga, Lari fez o mesmo, e fomos para um local onde eles estavam jogando sinuca. Lembro de que quando era pequena, meu pai me levava e me deixava jogar com ele, em alguns bares — o que não era permitido, mas sempre deixava eu brincar por alguns minutos —. — Vamos jogar? — Perguntei para Larissa. — Eu sou péssima nisso. — Ela disse, apontando para a mesa. — Por favor. — Pedi. — Tudo bem. — Ela respondeu. Pedimos para dois garotos que estavam lá para jogarmos. Eles falaram para a nós duas jogarmos juntas, e foi o que fizemos. Olhei para o lado e lá estavam os meninos olhando a gente jogar. Fiquei envergonhada, ao olhar para Larissa, suas bochechas já estavam vermelhas, ainda mais ao ouvir os comentários dos meninos. — Vocês deveriam deixar a gente ganhar. — Falei. — E o que ganharíamos com isso? — O garoto perguntou. — Um beijo. — Larissa falou do nada e me impressionei com o que eu ouvi. — Está louca Lari? — Perguntei e comecei a rir. — Não é nada demais, certo? — Ela perguntou. — Concordo. — O mesmo garoto de antes falou. Larissa saiu com o garoto que eu nem sabia o nome, não sei se ela sabia. Fiquei olhando todos aqueles meninos me olhando, e fiquei sem jeito. Entreguei o taco para o outro garoto, e sai andando de fininho em busca do Eduardo. Ele estava com uma garota, em um pequeno bar perto da piscina. E fiquei sem ter o que fazer, voltei lá para dentro, e me sentei junto com os meninos, assistindo uma partida de sinuca deles. Henrique estava jogando, ele parecia dominar o jogo com seu parceiro. — Quer beber alguma coisa? — Um menino perguntou do meu lado. — Seria ótimo um suco de laranja. — Falei sorrindo. O menino se levantou e foi até um balcão que estava lá perto. Vi ele esperar, e olhar para mim, como se dissesse "o suco já vai ficar pronto". Voltei o foco para o jogo, e reparei que Henrique novamente não parava de me olhar. — Posso te fazer uma pergunta? — Perguntei para o menino do meu lado. — Sim. — Respondeu, entregando—me o suco. — Você conhece aquele menino. — Olhei para Henrique, para que o menino pudesse acompanhar o meu olhar. — O Henrique? — Perguntou. — Sim. Ele fica me encarando, já estou começando a ficar com medo. — Respondi. — É normal, quando ele vê alguma menina muito bonita, assim como você. Mas fica tranquila, que não vai chegar a você. — Respondeu calmo. Ficamos conversando mais um pouco, então resolvemos subir todos juntos para almoçar. Nenhuns dos meus amigos estavam lá. Só aqueles garotos, mas disseram que não me deixariam almoçar sozinha. O almoço estava maravilhoso, tentei não comer tanto, mas era quase impossível. Estávamos sentados em rodinha, enquanto alguns meninos tocavam violão e cantavam, apoiei minha cabeça no ombro de Oscar, o menino que me levou o suco, estava cansada e sonolenta, a piscina me causava isso. — Alguém quer pedir alguma música? — Um dos garotos que estava com o violão perguntou. — Eu? Posso? — Perguntei envergonhada. — Não negaria um pedido a uma moça tão bonita. — Ele respondeu, e todos os meninos o zoaram. — Obrigada. Sabe tocar Sol Loiro do Armandinho? — Perguntei. — Sei sim. — Respondeu. Os meninos começaram a tocar e a cantar a música. Ouvia ela com os olhos fechados, e cantava baixinho para somente eu ouvir. Fui despertada da minha música, quando senti alguém pressionar meu braço, não tão leve assim. Olhei para o lado e Aline estava lá. — Finalmente te encontrei. — Aline falou, parecendo cansada. — Você quem sumiu. — Falei. — Achei que tinha acontecido alguma coisa. — Falou. — Esses meninos cuidaram de mim. — Expliquei, e todos acenaram, acabamos rindo da cena. Alguns meninos se levantaram para ir até a piscina, outros para comer alguma coisa, ou ir atrás de algumas meninas. Ficou apenas, eu, Aline, Jonathan, Henrique e Oscar, um olhando para cara do outro. Levantei sem dizer nada e fui para o meu quarto. Pude sentir alguém andando atrás de mim e sabia que era Aline. Entramos no quarto e me joguei na cama. — Estou cansada. — Falei, esticando-me na cama. — O que está acontecendo lá fora? — Ela perguntou, sentando na cama dela e se virando para mim. — Não entendi. — Respondi. — Os meninos? Estão competindo para ter você? — Ela perguntou, e fiquei ainda mais confusa. — Que meninos Aline? Está maluca? — Perguntei. — O Henrique e o Oscar. Eles ficam se encarando com um olhar assustador e ficam te olhando toda hora. Preferi não dar ouvidos as besteiras que ela tinha a dizer. Voltei lá para fora, mas dessa vez estava apenas o Henrique e Jonathan conversando. Passei reto, e fui atrás de algum lanche para comer. Vi Larissa em uma mesa com o menino, e perguntei se eles se incomodariam se eu sentasse ali para lanchar. Não queria atrapalhar os dois, então fiz o meu lanche o mais rápido que pude. Fui andando em direção à piscina, e esbarrei em alguém, o que me fez cair dentro da piscina e espirrar água para todos os lados. Quando voltei até a superfície, olhei para cima e vi Henrique me olhando assustado, talvez pensasse que iria brigar com ele. — Me desculpa, não foi a minha intenção. — Explicou rapidamente. — Tudo bem. Sua sorte é que eu estava de biquíni. — Respondi sorrindo. — Sério, me desculpa. — Falou, parecendo nervoso, enrolando uma toalha em mim. — Relaxa. — Falei, e acabei rindo. Nos sentamos em frente ao balcão do bar e começamos a conversar sobre a nossa faculdade. Não sei se aguentaria fazer uma faculdade de Direito e ter que aguentar tudo aquilo que os advogados aguentam. Ele me pagou uma batida com álcool, muito boa. Ficamos conversando, e aqueles olhos começaram a me interessar. Não sei se ele já sentou mais próximo, ou se aproximou com o tempo. Mas quando olhei para o lado, ele estava perto demais. — Ainda não acredito que você nunca namorou. — Falou sorrindo para mim. — É verdade, às vezes eu também não acredito. — Concordei. — Mas ainda não encontrei ninguém. — Continuei. — Faz parte, eu também não. Mas por enquanto me divirto mesmo assim. — Falou rindo. Seu senso de humor era ótimo, fazia com que todas as coisas em volta parassem, e só estivesse nós dois ali. Era um bom amigo, pelo que parecia. E ficava feliz por em vez de ele estar curtindo, ter tirado um pouco de seu tempo para não me deixar sozinha. O sinal de que a comida tinha ficado pronta tocou, e fomos andando até lá em cima, onde encontramos Aline e Jonathan em uma mesa jantando. Fizemos nossos pratos, e fomos nos sentar com eles. A noite estava agradável, nem frio, nem calor. Começamos um papo durante o jantar, falando sobre quantas coisas haviam para a gente fazer ali, e que esperávamos que a semana se passasse lentamente. Jonathan de vez em quando pegava na mão de Aline, que ficava toda sem jeito. O que era interessante, pois, minha amiga, nunca foi do tipo tímida. — Preciso deitar. — Henrique falou. — Tem redes, próximas aos quartos. — Falei. — Bora dividir uma comigo? — Jonathan perguntou para Aline que assentiu. Fomos todos para cima, o casal foi na frente e pegou uma das redes, e só havia outra que Henrique deitou, e eu fiquei em pé olhando eles. — Vocês são muito injustos comigo. — Falei, fazendo bico. — Vem cá sua chata, eu deixo você deitar do meu lado. — Henrique sugeriu, dando espaço para mim na sua rede. Fui andando em sua direção e deitei ao seu lado. Não que eu quisesse me aproveitar do momento, mas deitei minha cabeça em seu peito e fiquei lá, sentindo seu carinho no meu cabelo. — Você tem cheiro de morango. — Falou baixinho no meu ouvido. — É o meu shampoo. — Respondi sorrindo, olhando em seus olhos. — Poderia sentir esse cheiro para sempre. — Ele respondeu. Fiquei sem ter o que dizer naquele momento. Confesso que ele me pegou desprevenida, minhas bochechas devem ter ficado vermelhas, pois, pude sentir ferver. Não respondi, apenas desviei o olhar, e encostei minha cabeça novamente em seu peito. Meus olhos começaram a pesar sobre minha pele, não conseguia mais mantê-los abertos, e pude ver que Henrique também já havia dormido. Então, adormeci ali em seus braços. A brisa estava ótima, o único som que se estendia pelo hotel era de alguns meninos tocando violão. Tudo estava bom naquele momento. Fazia muito tempo que não me sentia tocada daquela forma, com dois braços me envolvendo. Era como se ele estivesse me protegendo de tudo ali fora. E a sensação era a melhor possível. — O que está acontecendo aqui? — Ouvi a voz alta de Eduardo. — Como assim? — Aline perguntou. Acordei sem estar entendendo nada, Eduardo nos olhava com um olhar raivoso, e por alguns segundos senti medo. — Gabriela você não está com esse cara, não é? — Ele perguntou, mas afirmando ao mesmo tempo. — E se ela estiver qual o problema? — Henrique perguntou já se sentando na rede. — Você sabe que ela não merece fazer parte do seu joguinho. — Edu falou, e eu já não entendia mais nada. Os dois trocaram farpas e eu já estava ficando louca com tantas ameaças que um fazia ao outro. Não sabia em quem acreditar. Só sabia que conhecia Eduardo há mais tempo, e por mais que ele tivesse me deixado sozinha, ele merecia curtir aquela viagem. Sai andando de lá com Eduardo. Ele havia dito que Henrique costuma ser assim, do jeito que estava sendo comigo, com todas. E talvez ele tivesse razão, Oscar meio que me disse isso na hora do jogo. Mas ainda assim não sabia ao certo o que fazer. — Eu não quero que nada de m*l te aconteça. Independente se faz apenas uma semana que conheço você, adquiri um carinho muito especial por ti. — Edu afirmou. — Não estava acontecendo nada. Só estávamos deitados. — Respondi baixo. — Você estava em cima dele, ele estava te agarrando. — Falou, meio que gritando. — Não, isso é mentira está bom. Eu me deitei, e Henrique apenas fez carinho em mim e dormiu, não teve nenhum momento sequer que ele foi ousado ou me falou alguma besteira, então se controla. — Falei e sai andando. Fui para o meu quarto e fiquei lá dentro a noite toda. Tanto Edu quanto Henri tentaram entrar no meu quarto para conversar comigo, mas eu disse que não queria mais falar com nenhum dos dois. Não queria que estragassem a minha viagem. Não era justo que fizessem isso comigo. Logo eu que nunca tenho nada para fazer. Que só estudo. Que não acho ninguém que goste de mim. Ter que ficar aguentando dois marmanjos brigarem. Ouvi Aline entrar de mansinho, tentando não fazer barulho, logo em seguida Larissa. As duas tomaram banho e foram se deitar. Permaneci quieta, com os olhos fechados para que não houvesse nenhuma pergunta, pois, eu não saberia responder. Naquela noite, não deixei de pensar como seria se Eduardo não estivesse aparecido. Se ele me falaria algo, sobre eu ter dormindo nos seus braços. E eu falaria algo, querendo agradecer sobre todo o conforto. Queria que aquela noite não tivesse terminado. Não conseguia mais ficar no quarto, então sai para pegar um ar. Vi que havia alguém deitado na rede, logo em frente à minha porta. Cheguei mais perto tentando fazer todo o silêncio possível para não acordar, quem estivesse dormindo. Ao olhar mais de perto, vi que era Henrique. Seu sono era pesado. Seu rosto parecia preocupado. Fiquei lá sentada na rede ao lado, admirando-o dormir. Era incrível que mesmo com seus olhos fechados, eu via seus olhos me olhando, da maneira intensamente como na piscina. E sentia seu carinho no meu cabelo, que me deixava cada vez mais arrepiada. Não via a hora para que ele acordasse, e pudesse reparar que eu estava ali, olhando esse tempo todo. Estava distraída olhando para o céu, quando percebi alguém se mexer na minha frente, depois de voltar meus olhos, Henrique.
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