Perdida na Escuridão

2093 Words
Dante As primeiras luzes do amanhecer raiavam no céu formando uma suave coloração laranja e rosa, deixando para trás a escuridão da noite. Mas também o que um dia já fora uma cidade, e que agora era apenas um lar de demônios. Demônios, nos quais Dante eliminara sem nenhum problema. Dante caminhou calmamente até as ruínas de um empoleirado teatro. Havia poças e respingos de sangue por todo canto, além de corpos dilacerados e vísceras. Um verdadeiro cenário de carnificina. Seja lá o que tinha passado ali antes dele causou um verdadeiro estrago. Seus passos ecoaram no piso lamacento e pedregoso. Eryna tinha razão em mostrar tanta preocupação com o que acontecera com Riverside City, principalmente depois que teve uma estranha visão da cidade sendo devastada por um exercito de demônios e que Diva estava no centro do ataque. No entanto, não tinha sentido. Como ela, Diva, poderia estar envolvida nesse m******e? Então as palavras de Eryna ecoaram em sua mente. "Sem controle, a energia da Diva pode despertar ou atrair demônios, dando um intenso frenesi a eles”. Dante continuou seguindo pelos escombros, ele parou; no chão tinha um corpo de uma mulher, ela estava de bruços com um vestido cinza molhado em sangue — sangue seco —, por um momento Dante pensou que aquela jovem fosse Diva, até os cabelos curtos e em tons de castanhos eram iguais. Aquela não era Diva. Dante deixou um suspiro de frustração escapar. Ele tinha perdido a chance de encontrar a jovem Peregrina. Nem ao menos tinha ideia de qual era o próximo passo, e mesmo que Eryna tivesse outra esclarecedora visão não faria diferença. Dante deu meia volta e partiu. Não havia mas nada que fazer ali. Diva A cidade ficava ao sul da ilha e ostenta distintiva arquitetura renascentista; incluindo o Porto Caerula, catedral — ou pelo menos o que já fora uma — e uma extensa área de negócios. — Linda, não é mesmo? — Ace sussurrou docentemente. A visão do Porto Caerula realmente era belíssima; o nascer do sol fazia o céu tornar-se levemente alaranjado, as ondas batiam-se uns contras outras num azul cristalino e brilhando com os raios de luz solar, elas chocava-se com a terra criando pequenas deformações. Diva ergue a cabeça para encarar o céu, olhar da jovem era vago, sem a mínima emoção. — Essa ilha possui uma enorme força, aqui esta o verdadeiro portão para o inferno. — Ace informou, um sorriso presunçoso cresceu em seu rosto. No entanto, o inferno nunca foi o seu principal objetivo. Ele nunca pensou na possibilidade de trazer demônios para esse mundo, mas não quer dizer que a ideia de dominar o outro lado não parecesse vantajosa — ou até mesmo agradável. Ace queria muito mais. O primeiro passo já tinha sido dado: Quais eram os limites dos poderes de um Unchant — vulgo Peregrino. Assim como acontecera em Riverside City, a isolada e desimportante ilha de Fortuna verá sua queda. Ele guiou a jovem para cidade adentro. Desde o ataque do Salvador os habitantes passavam grande parte do tempo reconstruído à cidade, ainda tinha poucas coisas que necessitavam ser arrumadas. Apesar de terem muito que fazer isso não impedira que as pessoas parassem para olhar as duas figuras que andavam entre eles. Eles notaram que havia algo muito errado naquelas estranhas figuras. O ser humano acredita na sua vasta capacidade de controle — sendo que isso seria mais uma espécie de ilusão. Talvez eu não tivesse. Mesmo que não conseguisse me conter, eu ainda tinha um pouco de noção do que acontecia em minha volta. Alexander tocou meu ombro — detalhe eu estava na forma astral. Quando despertei, eu flutuava no limbo que é relativamente o meio termo de consciência e não consciência, e foi então que Alexander me encontrou. Ele havia me explicado que a invasão, ou simplesmente, possessão demoníaca no meu corpo fez com que eu — inconscientemente — liberasse minha alma, levando-me para o plano astral. Era meio como se estivesse largado meu — eu físico — e vendo a mim mesma numa tela de televisão. Aquele era meu corpo, ou melhor, uma casca vazia. No entanto, minha alma ainda estava ligada a ele por isso ainda tinha meus poderes. Eu reprimi um gemi de indignação. “O que eu devo fazer?” perguntei a Alexander. Ele parecia preocupado com o ocorrido, seus lábios formaram um linha e sua testa estava franzida. ”Acha que eu consigo voltar?” “Sim, mas não sozinha. É necessário que alguém te ajude a voltar.” “E como é que eu faço isso?” “Procure um hospedeiro ou influencie alguém para ajuda-la” Teoricamente não parecia ser tão difícil — só teoricamente. Nós estávamos na Ilha de Fortuna, a única pessoa que estava perto e que poderia me ajudar era Ele. “Já sei quem pode me ajudar. E ele está exatamente nessa ilha”. Minha energia foi revitalizada com aquela constatação. “Bem, acho que é aqui que nos separamos. Boa sorte, Diva e não esqueça que estarei te esperando no santuário”. O santuário era basicamente o lugar onde eu acharia não apenas respostas, mas também uma forma de voltar para o meu mundo. Na verdade, desde que eu cheguei nesse plano não tive muito tempo para ter uma conversa aprofundada com Alexander, de qualquer forma, quando estivermos reunidos no tal lugar poderemos finalmente esclarecer certas coisas. “Sim, eu estarei lá. E Obrigada por me ajudar Alexander”. Ele deu um lindo sorriso recendendo calma e afeto e deu-me um beijo na testa, eu pisquei e ele não estava mais lá. Agora eu só tinha que acha-lo, fechei os olhos e focalizei no meu alvo. Quase que instantaneamente me teletransportei para um estabelecimento que era bastante familiar. A placa de neon vermelho com “Devil May Cry” escrito, era sem duvida o que me deu forças para entrar. Embora eu não precisasse andar — já que em forma astral eu poderia voar livremente —, caminhei para porta e a atravessei. Não fora uma surpresa encontrar uma replica mais limpa e organizada de Devil May Cry de Dante. Um forte sentimento de reconhecimento encheu meu peito quando vi a figura sentada a minha frente dormindo sobre a mesa de madeira. Ele parecia tão em paz. Cautelosamente cheguei mais perto possível dele. Obviamente, ele não poderia me ver — apenas se eu quiser que veja —, não havia perigo e nenhum motivo real para que eu fosse tão cautelosa. A porta foi aberta repentinamente, assustando não só a mim quanto o jovem que dormia na mesa. A garota correu para dentro, eu instintivamente encolhi meu corpo quando ela me atravessou. — Nero! — ela chamou docentemente mostrando-lhe dois ingressos. — Comprei ingressos para assistir um musical que chegou hoje. Nero olhou para aqueles dois pedaços de papel indiferentemente. — Não curto esse tipo de coisa. — ele respondeu desinteressado. Ela soltou um suspiro. — Você anda trabalhando demais, seria bom que tivesse uma folga. Além disso, isso seria como um... encontro. — a ultima palavra fora quase sussurrada, o rosto de jovem tornou-se vermelho. Tanto ela quanto Nero se encaravam. Eu senti como se tivesse segurando vela. Pensando bem, ela disse musical e se chegou hoje... então é lá onde estarei — onde Ace estará. Fiquei torcendo para que ele aceitasse. — Está bem. — ele respondeu resignado. Perfeito! Dante Dante estava tranquilamente — ou era o que ele deixava transparecer — repousado num acento acolchoado, seus pés cruzados e jazido sobre a mesa de madeira. — Hey, Dante — chamou Maya. — Sem mais feioso? — ele caçoou, e acrescentou: — Estamos evoluindo nossa relação. — Hunf! Não começa, quer que eu volte a te chamar de feioso? — Maya resmungou, seu rosto adquiriu um leve tom de vermelho. — Não, você me chamar pelo meu nome já é um milagre, melhor não desperdiçar a oportunidade. Dante convivera bastante com a garota que sabia claramente que ela não o odiava tanto quanto fazia parecer. Ela apenas sentia um leve ciúme. Maya queria ser uma adulta, então quando viu Diva pela primeira vez viu-se no lugar dela. Além de criar uma rápida e intensa afeição por ela. — E então... Achou alguma pista? — Maya indagou esperançosa. Dante negou com a cabeça. — Droga! Maya afundou no banco de frente a Dante, debruçou-se sobre a mesa e o encarou fixamente. Dante sentiu um par de olhos o perdurando, mesmo que tivesse totalmente relaxado e de olhos fechados ele sabia claramente que Maya ainda estava lá olhando-o, aqueles olhos verdes irritantemente tentando extrair alguma informação a mais dele. Ele abriu um dos olhos, fazendo com que seus olhares se cruzassem. — O que foi? — ele perguntou deixando o tom de voz demonstrar seu visível desconforto e irritação. — Hmm, nada. — Maya respondeu despreocupadamente. — Se não é nada então porque fica me encarando? Vamos deixar bem claro que você não é meu tipo de garota... não curto meninas prefiro mulheres. Sorrindo, Dante desenhou curvas no ar, Maya revirou os olhos. — Como se eu fosse gostar de um chato feioso como você! Bem, eu queria saber uma coisa. — O que é? — indagou voltando a sua posição de antes. — Você gosta da Diva? — Isso te interessa? — Claro! É bem óbvio que ninguém ajudaria uma desconhecida sem motivo. — Sou um bom samaritano. Além disso, o que eu faço ou deixo de fazer com a Diva não é da sua conta. — Não dá para conversar com você! — Maya levantou nervosa e saiu batendo perna. Finalmente Dante poderia descansar em sossegado. Sua mente estava a mil e desconexa, como se cada pensamento levasse a outros cem. Ele não conseguia raciocinar com clareza. Talvez descansando ele pudesse refletir melhor. Que problemático, pensou ele. Diva Dizem que paciência é uma virtude, mas com toda certeza é uma que eu não tenho. Era difícil esperar em meio a tantos problemas. 1° Meu corpo esta sendo controlado, em outros termos estou sob controle; 2° Não sei onde está Dante e nem se ele está vivo — eu espero que esteja; 3° Meu sucesso em voltar a ter todo meu controle seria se Nero, de alguma forma me ajudasse; 4° Estou com um enorme remorso por todas as pessoas inocentes que morreram na outra cidade, realmente é um sentimento que machuca o coração. Não podia fazer muita coisa no meu atual estado. A noite chegara tão rápido quanto se esperava; o céu estava impecavelmente limpo, sem nenhum resquício de nuvens, as estrelas cintilavam e a lua brilhava sombriamente — numa mistura doente de prata e vermelho. Havia muitas pessoas ansiosas para ver o espetáculo que fora trazido para a ilha. Nero achava toda aquela empolgação sem duvida era uma perda de tempo; qual era graça de ver cantores de musica clássica ao vivo? Por sorte ele tinha trazido seus head fones, se não fosse insistência de Kyrie, ele nunca em sã consciência iria a um lugar daqueles. Vendo que o espetáculo começara, ele colocou o head fone e ignorou completamente o show. Uma figura feminina surgiu; ela usava um vestido n***o com detalhe branco e tinha um véu cobrindo seu rosto. Todo mundo se silenciou ao ouvir a doce canção da jovem. Within Temptation– LOST O Devil Bringer brilhou, aquilo de fato chamou a atenção de Nero. E mesmo que o volume da musica que ouvia fosse alto, ele ainda pode ouvir os gritos das pessoas. Todo espaço da casa de opera fora ocupado por demônios de todos os tipos e formas, e quanto mais à canção ecoava mais o lugar enchia. Vendo que a situação sairá do controle, Nero teria que manter Kyrie segura e matar aqueles demônios. Rapidamente, Nero segurou firme a mão de Kyrie puxando-a com ele e com a mão livre empunhava Yamato cortando qualquer demônio que ficava no seu caminho. Ele correu para o palco, quando finalmente chegou a seu objetivo e apontou a espada perigosamente próxima ao pescoço da jovem cantora. Ele não hesitaria em mata-la. Num movimento breve e simples movimento retirou o véu que cobria o rosto da mulher, ele ficou surpreso ao perceber que era uma garota humana — ele acreditava que fosse um demônio em forma de mulher —, o mais assustador era a lágrima solitária que corria em seu rosto pálido. Suas lágrimas eram de sangue. Tinha algo muito errado ali.
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