Segundo Dia por Diva: Fim da Linha

2044 Words
In the eye of the storm No olho da tempestade Seek the roses along the way Procure as rosas ao longo do caminho Just beware of the thorns Mas tome cuidado com os espinhos [...] Just believe in yourself Apenas acredite em si mesmo Hear this voice from deep inside Ouça esta voz bem lá no fundo It's the call of your heart É o chamado do seu coração Close your eyes and you will find Feche seus olhos e você encontrará The way out of the dark O caminho para sair da escuridão Send Me An Angel — Scorpions O vento frio soprou sutilmente trazendo o cheiro enjoativo de sangue e agitando meus cabelos castanhos. Para meu deleite, o cordão prateado continuou emitindo uma luz semelhante a da lua em ascensão — auge da beleza e purificação. Podia sentir uma suave pulsação reverberando através daquele fio. Então aquilo significava que estaria perto? Com ele até poderia indicar o caminho com convicção, apenas usando-o para encontrar meu destino. A única pessoa que acreditava compartilhar alguma ligação emocional comigo era Dante. Não sabia se era realmente uma conexão poderosa o suficiente para estar na outra ponta, mas é muita coincidência que o fio da cor do luar se estendesse inferno adentro. Talvez sentisse vagamente a presença de Dante através do cordão. Como não conhecia detalhadamente o submundo, ninguém acharia que pudesse saber um caminho. No entanto, não havia duvida nenhuma em que rumo deveria tomar. Deixamos para trás o rio Aqueronte, atravessamos ruínas que não era possível identificar. Em silêncio, passamos por emaranhados de pedras, restos de construções e arvores secas e murchas. O lugar tinha uma aparência estranha e vagamente ameaçadora. Realmente não era um lugar para vivos. Descemos uma colina de pedras e lama, que escorregava em baixo de meus pés. As horas pareciam eternas, não daria para saber ao certo se amanhecia ou não. O céu não mudara muito, apesar de agora estar um vermelho escuro. E quanto mais adentrávamos pelo caminho estreito, mais desconfortável me sentia. Os dois rapazes mostravam estar bastante atentos a cada ponto. Reduzi o passo, para poder caminhar lado a lado com ambos. Ao nos aproximarmos de um prédio decadente, percebemos uma presença sombria. Ficamos em total alerta, principalmente quando a vulto pousou a nossa frente. Era uma garota. Ela possuía olhos grandes e ingênuos e seus longos cabelos loiros se ajeitavam em um r**o de cavalo de lado. Apesar da aparência infantil, não podíamos confiar e especialmente sabendo onde estávamos; O lar de todos os demônios — o inferno. — Oh, visitante! — ela admirou empolgada — Vieram brincar comigo? — Sinto muito, mas não temos tempo para isso... — Sou Driah — ela cortou, ignorando o que eu disse. — Adoraria brincar com vocês. Driah sorriu um sorriso dissimulado e zombador. Já pressentia que nada de bom poderia vir. Os olhos de Driah eram predatórios como de um gato; redondos e estudiosos. Ela andou elegantemente até nós e fez uma uma pirueta. — Faremos assim — ela pausou, os lábios se repuxaram formando um biquinho — Brincamos um pouco, se conseguirem me vencer deixo vocês passarem caso contrario, eu matarei todos. Driah sorriu novamente, mostrando os dentes brancos e afiados. — Caia fora, não temos tempo para brincadeiras — Nero disse, sem paciência. — Não seja rude! — Driah cruzou os braços — Será divertido! Mordi o lábio inferior, aflita. — O que devemos fazer? — indaguei. Os gemas esmeraldas de Driah brilharam em excitação. — Primeiro quero que me responda uma charada; De manhã tenho quatro pernas, de tarde apenas duas e a noite três. O que eu sou? Embora não me recorde muito bem, tinha certeza que já ouvira esse enigma antes. Como uma lâmpada acesa, a resposta veio de imediato. — O homem! — Muito bem — Driah aplaudiu. — Agora quero que achem duas coisas para mim; uma rosa azul e um tesouro! Aqui no inferno é meio chato e as únicas flores são difíceis de ter, uma delas é a rosa de Caronte e a mais bonita é a azul que esta no parte mais escura desse lugar e eu a quero muito... Porque eu adoro azul... — tagarelou distraída. Um tesouro não seria tão difícil quanto a rosa de se encontrar. — Uma rosa azul? — o único lugar para achar algo assim era a floresta, mas não daria para voltar e mesmo que desse não retornaria jamais para aquela horrível e tenebrosa floresta. E acredito que a parte mais sombria era ela, a floresta. De qualquer forma, não conhecia o Inferno para saber onde fica tal coisa. — Aqui sua rosa azul — Nero disparou contra Driah, que desviou. Isso foi até irônico, a arma de Nero se chamava Blue Rose. — Gostei de você — afirmou Driah, em tom intimo e confidencial. Ela pulou ficando frente a frente com Nero, que mostrara bastante incomodado com a súbita invasão de seu espaço pessoal. — Você é bonito! — Driah na ponta dos pés inclinou muito perto de Nero, quase tocando seus lábios. Ela retrocedeu com uma nítida gargalhada. — Muito bonito mesmo... Principalmente com esses belos olhos azuis. Rapidamente, Nero sacou Yamato e a rasgou, porem atingiu apenas o ar. — Oh, você gosta de brincar? — Driah piscou, sorrindo infantil cheio de travessura. Nero andou até a garota, segurando firmemente Yamato. Estando a ponto de corta-la a qualquer momento. — Sabe eu adoro jogar! Ela permaneceu parada enquanto Nero andava em sua direção. Por um segundo, pensei que ela realmente quisesse morrer. Mas não era isso que seus olhos famintos e predadores mostravam. Nero avançou para ataca-la. — Vai mesmo atacar uma mulher desarmada? O que a garota que você gosta pensaria sobre isso? Esse é o tipo de coisa que se faça? — Nero hesitou. Esse era o real objetivo dela, usar os valores morais de Nero para enfraquecê-lo. Que coisa mais baixa! Ele olhou para mim por cima dos ombros. A risada infantil e enigmaticamente divertida soou. Pode ver nitidamente a reação de Nero, por ela passavam sequências rápidas de expressões que não conseguia identificar. Indecisão, Incredulidade, uma fúria contida, o impulso de moralidade e por fim relutância. Apertei os punhos. Corri com o máximo de rapidez que me era permitido. Driah se divertia com a hesitação de Nero, degustando-se do seu poder de persuasão. — Tem razão, ele não pode te bater — gritei enfurecida, acertando um soco na garota. Ok, nunca fui muito adepta a violência dessa forma, mas sempre tem uma primeira vez para tudo e não deixaria que ela brincar com Nero. Ele é meu amigo e vou protege-lo com tudo que tenho. — Mas eu posso! Driah voou com o impacto, arrastando poeira por todo caminho. Bati palmas para limpar minhas mãos. — Agora ela é toda sua Nero! — cantarolei. Em meio à poeira, emergiu um demônio feminino. Seu rosto retorcido, os dentes afiados e garras vermelhas sangue. Nero pegou-me nos braços e se afastou a tempo de desviar da chuva de pedra enormes que Driah jogava. Com um movimento despreocupado e confiante, Nero me colocou de pé ao lado de Alexander que observava tudo sem anseio. Driah saltou furiosa em cima de Nero, querendo dilacera-lo com um golpe certeiro. As garras trucidaram ar pedras, fazendo-as voarem em pedaços enquanto Nero pouso elegante em um ponto distante, desviando a tempo do ataque. Cada gesto dele pareciam controlados e precisos, cheio de segurança e um pouco de arrogância. Alexander cruzou os braços, apreciando a luta. Em um piscar de olhos, Nero desapareceu e reapareceu ao lado de Driah, que m*l tinha absorvido o que acontecia e a cortou ao meio. Um grito estridente de agonia fora ecoado pelo ar antes do corpo cair no chão, jorrando sangue em volta. — Vamos? — Nero instigou, abrindo caminho. Devil May Cry O silencio era absoluto na famosa loja Devil May Cry. Acima dela o ventilador de teto rangia com movimentos de rotação. Ela não sabia o motivo, mas todas as pistas que vinha seguindo apontavam para esse lugar. Pelo ar, ela conseguiu sentir o cheiro pungente de demônios — uma mistura e dois cheiros humanos. Um deles era de Ivy. O lugar estava vazio. Os únicos sons audíveis eram de sua respiração, pés estalando no piso de madeira, que rangia sutilmente com o peso. Havia uma coisa sinistra no modo que os sons ecoavam. A jovem olhou fixamente para o baixo teto da loja, ela não pretendia ficar muito tempo ali. Com um suspiro, virou-se para encarar a porta de madeira. Tocou o pingente que carregava consigo e o aperto por entre seus dedos. Abrindo-o podia ver uma foto antiga, nela estava tanto a si mesma quanto sua melhor amiga. — Vim aqui para nada! — bocejou entediada. Ela ajeitou os longos cabelos vermelhos e deixou um suspiro de impaciência escapar. Diva Não era loucura ou alguma peça da minha cabeça, com isso já afirmaria com toda certeza. Nós estávamos rodeados por uma névoa cinzenta e envolvente. Entramos mais a fundo no nevoeiro. Esfreguei os olhos. Não era como se eu pudesse resistir à névoa, como se de algum modo ela oprimisse minha mente. Talvez se conseguisse focar melhor minha visão para prosseguir pela trilha. Depois, vasculhei cada canto do caminho. a névoa densa que impedia de ver com clareza onde estávamos. Entre as lufadas de vento que nos atingiam, estremeci amedrontada e cada som parecia horrivelmente ampliado; o pulsar do meu coração acelerado — e sim, tenho coração e ele bate, já que ainda estava conectada com meu corpo físico que estava vivo — e o esmagador som dos nossos pés pisando no chão pedregoso e lamacento. Percorremos a trilha, mesmo sem poder ver com limpidez. Escutei um zunido, mas não conseguia ver mais nada na escuridão ou além dela. Podia até ser atacada e nunca saberia o que me atacará. Fiquei alerta, esperando pela dor de algum golpe mortífero e inesperado. Em um lugar assim, sem luz e nebuloso, até mesmo o mais experiente explorador ficaria cego e perdido. Com passos instáveis tentei me segurar em qualquer um dos rapazes para sentir que não estava totalmente sozinha, mas não conseguia. m*l conseguia raciocinar, muito menos usar minha voz para chamar algum deles. Aos poucos, o chão parecia estar me abandonando, ele parecia não resistir às passadas e provavelmente poderia sucumbir a qualquer instante. — Nero? Alexander? — gritei a plenos pulmões através da névoa que obscurecia parcialmente minha visão, buscando toda coragem que podia. Meu corpo começou a entrar em pânico e o meus pensamentos pulsando e ardendo em terror e preocupação. — Estamos aqui Diva — senti uma respiração quente na minha nuca. Não virei para saber quem era, porque temia que acabasse esbarrando nele ou ficasse ainda mais perdida do que já estava. Poder sentir suas presenças fora um verdadeiro alivio. Distraidamente levei o dorso da mão para limpar o suor da testa, constatei que não estava suando realmente. Um espírito não pode suar pelo menos eu acho que não, mas nunca se sabe... Conforme andávamos a névoa se fora, e assim o caminho tornou-se visível. Havia um buraco no caminho — literalmente. Olhei para o assustadoramente enorme abismo. Chutei uma pedra solta e ela caiu na penumbra sem nenhum som. O que fez com que pensasse que o buraco era, de fato, muito profundo. Não sabia o que era pior; a escuridão ou a temível profundidade. As duas coisas juntas eram ainda piores. Uma rajada de vento jogou poeira por cima de nós, nos forçando a cobrir o rosto. De repente, varias mãos saíram da terra e pegaram os pés de Nero e Alexander, quando me movi para ajuda-los outras mãos me puxaram para longe, para dentro da f***a escura como breu. As mão assumiam formas humanas esqueléticas e de aparência repugnante e cadavérica. — Alexander! Nero! — gritei miseravelmente, enquanto tentava me livrar das mãos restritivas, lutando violentamente. Todos os meus pensamentos consumido pela necessidade de fugir. Minha batalha pela liberação parecia não adiantar. Eu estava caindo, desmoronando para o derradeiro fim. Eu cai para sempre sendo engolida pela escuridão, desmaiei antes de saber se o buraco tinha fundo. Assim nunca soube quando atingi o chão.
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