Segundo Dia por Diva: Um Mundo de Trevas

1739 Words
And we run, with a lonely hearts E corremos com um coração solitário And we run, for this killing Love E corremos para este amor mortal [...] I'ma break these chains, ran thru the rain Eu quebrei essas correntes, corri pela chuva Never look back, never quit, work thru the pain Nunca olhei para trás, nunca desisti, superei a dor This blood in my veins runs cold Este sangue nas minhas veias corre frio When I think I'll never be the same, but I never lose hope Quando eu penso que nunca mais será a mesma coisa, mas eu nunca perco a esperança This is my time now, no time for tears É a minha hora agora, não há tempo para lágrimas And We Run — Within Temptation ‘Lasciate ogni speranza voi che entrate!' — Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. Seria este o lugar de infortúnio eterno? Nem em todas as versões literárias podia se comparar verdadeiramente com o inferno. Apesar do medo que me corroía por dentro, não desistiria. Nunca. Em relação ao Inferno, não podia assegurar com tanta lucidez que me sentia a pessoa mais audaciosa do mundo por andar por esse lugar que parece carregar o pior de si. Afinal, eu não era nem de longe. Isso mudou completamente quando seu objetivo se torna o núcleo de tudo, por ele afasto todos meus temores e me liberto da corrente de sentimentos que podem me atrapalhar. Eu não me permitirei desistir, ignorarei toda dor e não olharei para trás. Não importa se tudo nesse lugar me fizer perder as esperanças, terei sangue frio e continuarei. Quero fazer algo de verdadeiramente bom na minha vida. E acima de tudo encontrar Dante, por ele serei mais forte e confiante. Começamos nossa jornada, os primeiros passos foram tortuosos, pois a nossa frente somente morros se seguiam de todos os tamanhos, cada um mais árduo que o outro. Acreditava que não tinhas mais fim. Porém, chegando ao pé de um monte, notei que uma densa floresta se estendia vale abaixo. Seguimos com todo cuidado enquanto a terra lisa cedia sob nossos pés. Senti-me aliviada quando finalmente nos estabilizamos no terreno plano e lamacento. O caminho que antes tinha apenas colinas tornou-se uma selvagem floresta. — Não olhem para trás! — alertou Alexander. — Estamos no limiar da vida e da morte. O céu estava em um misto de vermelho e cinza, formando uma cor opaca, sem vida. Prosseguimos floresta adentro, as arvores possuíam formas sinistras e suas sombras pareciam monstros na insondável escuridão. Engoli em seco. Nero apertou minha mão delicadamente, só então percebi que ainda estava com as mãos ligadas as dele. O olhei amistosamente, retribuindo o consolo. Paramos em frente a uma passagem de arvores e plantas que formavam um arco. — Que lugar horrível — sussurrei desgostosa. — É o lar de demônios, estava esperando o que? Uma festa? — Nero ironizou. Revirei os olhos e cruzei os braços. — Vamos! — disse Alexander, em um tom imperativo. Logo que entramos, o vento trouxe ruídos tenebrosos, gritos, prantos e choros que ecoaram penosamente pelos ares putrefatos. Os lamentos sejam de dor, raiva ou simplesmente tristeza eram de cortar o coração. Tampei meu ouvidos para não ouvir, mas parecia não adiantar. O cenário a nossa volta era de ruínas de o que podia ter sido castelos. A primeira impressão do inferno era justamente o que esperava; nojento, assustador e mortal. Em meio a tantos barulhos, pude identificar risadas grotescas. Ao longe, vi humanos acorrentados andando um atrás do outro em círculos e demônios rindo e atacando-os com chicotes. — Acham que são bem vindos humanos? — disse uma voz amarga e cheia de zombaria. — Aqui vocês iram sofrer pelo resto da eternidade — outra voz acrescentou. Então ouvi sons de chicote batendo na pele. — Gritem! Implorem! — gritos e mais berros foram lançados ao vento. — Alexander! — chiei pasma, minha visão estava embaçada e as lágrimas ameaçaram sair a qualquer momento — Temos que ajuda-los! — Não podemos — Alexander murmurou, tristemente. — Sinto muito Um bolo inchou minha garganta e as lágrimas que lutava para manter em meus olhos, saíram facilmente. Reprimi um insistente soluço. Precisei apenas olhar para o sofrimento daquelas pessoas para sentir a forte energia negativa e a profunda desolação. Ali mesmo, agachei-me e abracei meu corpo, imaginando que no lugar quem me abraçava era Dante. — Diva o que houve? — Nero perguntou preocupado, se abaixou tocando meus ombros — Se machucou? — Não — um soluço escapou. — A alma dela esta sensível — Alexander expôs, acariciando o topo da minha cabeça — Tente se concentrar Diva, há muita energia negativa aqui. Não a deixe corromper você! Outro soluço escapou. Nero me puxou para seus braços com força e intensidade. — Fique calma — Nero pediu, afagando minhas costas. — Estou aqui por você, para te proteger! Respirei fundo, puxando o máximo de ar que podia. Não precisava necessariamente respirar em forma espiritual, mas era uma habito de quando se esta vivo. A nuvem n***a carregada de negatividade que me envolvia se dissolveu. Nero me ajudou a levantar. Assim que me pus de pé continuamos nossa jornada. — Ora... Temos visitas, irmãos. Em meio ao caos, surgiram criaturas esqueléticas de olhos vermelhos com chicotes e foices. — Vamos nos divertir muito com vocês! Seis das criaturas tentaram investir por cima, Nero os cortou rapidamente. Alexander cuidava dos outros que foram direto para nós. Eu criei um arco e atirei em três deles e chutei mortalmente um que me pegou de surpresa. Havia muitos deles e quanto mais destruíamos, o dobro surgia para compensar a perda. Seria cansativo lutar com todos eles, optamos fugir. — Droga — resmunguei, pegando impulso. O céu escurecerá em tons de vermelho escuro e preto quando chegamos na beira de um extenso rio. Encarei apreensiva o enorme rio, ele que impedia que nós prosseguíssemos. Segundo Alexander, o rio se chamava Aqueronte, o mesmo da mitologia grega. O famoso Aqueronte que leva as almas para o outro lado do inferno — ou pelo menos era isso que sabia. Não dava para atravessa-lo nadando; primeiro que eu não sabia nadar e segundo que esse rio definitivamente não daria nunca para nada-lo, pois além das águas serem escuras e sinistras — dá medo até de olhar —, possuíam almas atormentadas que poderiam ser perigosas. — E agora? — Vamos esperar, ele logo estará aqui. — Ele quem? — Nero indagou, serio. — Vocês verão! Observei as ondulações da água, então uma figura surgiu em um pequeno barco. — O que é aquilo? — Ou melhor, quem é. — Alexander retorquiu, um sorriso se formou em seu rosto — É Caronte. Pisquei inúmeras vezes surpresa. O barco parou exatamente onde estávamos. Recuei instintivamente quando vi o barqueiro. Ele tinha uma mascaram de prata assustadora e usava vestes negras, segurava do lado direito um remo que na base pendia uma lamparina. — Precisamos da sua ajuda para atravessar Caronte — Alexander pediu. — Aqui não é lugar de vivos — Caronte disse, sua voz causou medo no mais profundo da minha alma — Não posso ajuda-los! — Por favor, precisamos passar! — Caronte me olhou, um arrepio passou pela minha espinha. — Pequena Arya? Alexander e Nero me olharam. — Você conhece a Arya? — Sim, não é a primeira vez que a vejo. Ela veio uma vez para tratar de um assunto e justamente com Sparda — arqueie as sobrancelhas. — Sua aura é inconfundível! — Então me ajude — Desde o começo, quando me foi revelado que era a possível reencarnação de Arya, neguei com todo meu ser. Mas nunca pensaria que essa informação poderia ser útil algum dia. — Como sendo eu a reencarnação de Arya — Ajudarei com uma condição — E qual seria? — Quero uma mecha do seu cabelo como pagamento Caronte pegou uma mecha do meu cabelo e a aproximou de si, a inspirando profundamente. Meus estômago de um giro de repugnância. — Ela não fará acordo com você! — Nero vociferou, afastando-me de Caronte — Muito menos lhe dará algo. — Você fede a Sparda, garoto. — Caronte disse, estudando a expressão de Nero. Nero empunhou Yamato e apontou perigosamente para o pescoço de Caronte. — Não adianta garoto, se me matar nunca poderá atravessar o rio. Toquei o Devil Bringer de Nero, dando lhe um olhar tranquilizador. Ele relutou, mas acabou cedendo. Criei uma faca e cortei uma mecha do meu cabelo e entreguei rapidamente a Caronte. — Por que justo uma mecha de cabelo? — Alexander perguntou. — Arya me presenteou com uma flor da mesma cor. Ela usou a terra infértil do inferno e usou uma mecha do próprio cabelo para fazer nascer uma vida. O resultado foi essa flor — Caronte mostrou um minúsculo vaso com uma lindíssima rosa de cor castanha. Era a primeira vez que via uma daquela cor — E a deu justamente a mim, um pouco irônico até! Caronte ficou um bom tempo admirando a flor, dava para ver que ele estava meio perdido em memórias. — Entrem! — Caronte deu-nos passagem. Nero foi o primeiro a entrar no barco e me ajudou, e por fim Alexander embarcou. — Mantenha as mãos dentro do barco, não temos muitos espíritos amigáveis nesse rio. Pelo pouco que pude ver, havia cabeças de pessoas boiando e algumas almas tentavam entrar no barco mas Caronte rechaçou todos aqueles que invadiram, com frieza e desdém. Uma estranha névoa começou a se formar, conforme íamos em frente. Senti uma leve turbulência no barco, fazendo-me agarrar o braço de Nero. Observei as águas escuras do rio, e apesar de não ser tão limpa, ainda consegui ver meu reflexo. No entanto, não vi exatamente o que esperava, meus cabelos estavam longos e caiam em grandes cascatas pelas minhas costas e ombros. Eu estava realmente parecendo a Arya. Fazia até sentido, se sou a reencarnação dela é normal que eu pareça com ela... Pelo menos é o que acho. — Aqui esta a verdadeira natureza das coisas — Caronte anunciou, parando em seguida. Saímos do barco com um salto — Daqui é por conta de vocês. Adeus! — e com isso Caronte desapareceu. Por onde seguir agora? O cordão que de prata amarrado ao meu mindinho ressoou. Algo me diz que ele indicará o caminho a partir de agora.
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