Primeiro Dia por Diva: Limiar da Vida e da Morte

3016 Words
After the night he died Depois da noite em que ele morreu I wept my tears until they dried Eu chorei minhas lágrimas até que elas secaram But the pain stayed the same Mas a dor continuou a mesma I didn't want him to die all in vain Eu não queria que ele morresse em vão I made a promise to revenge his soul in time Eu fiz uma promessa para vingar sua alma a tempo I'll make them bleed down at my feet Eu os farei sangrar aos meus pés The Promise — Within Temptation Cerrei os punhos. Uma chama ardente acendeu em meu interior. A principio, a questão pegou-me desprevenida. Ir diretamente ao lar das piores e mais vis criaturas existentes não era a ideia mais tentadora. Mas julgava que algo muito importante estava em jogo; a alma de Dante. Eu tinha o poder para transcender o inferno, então porque não usa-lo nessa hora de necessidade? Faria tudo para salvar Dante. Mostrarei que sou digna dele, destruirei com força avassaladora quem ficar no meu caminho. Se para vingar a morte dele terei que abandonar minha alma que assim seja. Não seria a decisão mais difícil de minha vida. Os próximos segundos decidiriam o que devia ser feito. As possibilidades não eram muitas e as chances quase nulas. Definitivamente, não recuaria mesmo com um pouco de medo do que poderia encontrar do outro lado. Quando Alexander percebeu meu receio, ele considerou minha reação como uma negativa. — Quando partimos? — respondi, minha voz carregada de confiança que nunca experimentará antes. — Tem total certeza disso? — Alexander queria testar minha coragem, mas mantive-me firme. Cruzei os braços acima do peito, usando-os para criar uma barreira. Certifiquei de controlar o poder da minha aura. — Sim, absoluta! Alexander semicerrou os olhos, ponderando em cautela. — Antes de dar um novo passo, tenho que te ajudar a controlar sua aura ou ao menos supri-la. — ele informou, então prosseguiu em tom solene e altivo. — Mesmo depois de nossos treinamentos, ela ainda é forte demais. — Eu sei, ela esta meio fora do controle — suspiro derrotada. — Tanto é que graças a ela o demônio interior de Dante ficou descontrolado. Mesmo, naquele momento, enquanto discutia com Alexander podia sentir minha aura densa tomando forma. Nunca tinha conhecido tamanho poder, apenas depois de liberar meus poderes adormecidos e ter voltado do limbo — apesar de não lembrar muito bem do período que estive lá, era mais uma parede branca de memórias distorcidas. A forte sensação que poderia fazer qualquer coisa. Minha aura me envolvia em uma cor dourada vibrante que oscilava e se expandia, apesar das minhas falhas tentativas de conte-la. Do ângulo que estava podia ver também a aura púrpura de Alexander, que muito diferente da minha, não tremia. Ela mantinha-se firme e imponente, me rondando com um brilho gentil e caloroso. Parecida com a maneira que a de Dante fazia comigo, me proporcionando segurança. Alexander estendeu a mão em minha direção. Uma pequena pedra lilás brilhava no anel prateado que ele mostrava para mim. — Use isso! Peguei-o e o coloquei em meu dedo anelar de imediato. Fora uma sensação estranha quando o anel repuxou uma parcela da minha energia, não fora doloroso, mas desagradável. — Esse anel irá manter sua aura sob controle, contudo, qualquer tentativa, mesmo que significativa de usar sua aura o anel se romperá. O inferno é um lugar muito perigoso para andar com uma aura radiante que chame atenção desnecessariamente para nós. Mordisquei meu lábio inferior, inquieta. — Entendo — disse eu, olhando para o delicado anel. Não podia acreditar como uma coisa tão minúscula e até esdrúxula pudesse fazer tanta coisa — Quando partimos? — repeti a pergunta. — Agora, se estiver preparada. Mas antes converse com Rain e Vincent, eles precisam estar cientes disso. — Farei isso imediatamente! — apertei com força meus punhos, que ficaram brancos devido à pressão. — Como faremos para ir para o inferno? — Não se preocupe, quando chegar a hora você irá saber o que fazer! — Certo, te vejo depois! Alexander tocou meu rosto, colocando sua mão sob meus olhos. — Então, relaxe e acorde! Dei um impulso para submergir para a consciência. Estava do mesmo modo que dormira, deitada na beiro da cama segurando a mão de Dante. Ergui minha mão para encarar o anel que Alexander dera no sonho. Era estranho que ele esteja no plano físico. Se tratando de algo relacionado a Alexander não era tão terrível quanto aparentava. Levantei desajeitadamente, caminhando em passadas largas e apressadas até a porta, atravessei um corredor para o quarto de Rain. Não a encontrei. O único lugar que poderia estar era no quarto do irmão. Continuei seguindo até alcançar o ultimo quarto — que obviamente era o dele. Bati a porta. Quem me recebeu foi Rain, que parecia surpresa. — Preciso falar com vocês — fora a única coisa que disse antes de ser puxada para dentro do quarto. Dentro dele, pude notar o quão limpo e organizado era. Isso seria um reflexo da personalidade do dono. Vincent era do tipo que deixava tudo no devido lugar e preserva o ambiente em que esta. Diferente de Rain que é tão ou mais bagunceira e desorganizada que Dante. — Pode dizer Diva — Irei para o inferno! — proferi indiferente. Rain empalideceu. — Está falando sério? — ela tentou rir, mas viu que minhas palavras eram realmente sérias. Seu olhar mudou para apreensão — O inferno não é lugar para você. Sabe que tipo de coisas tem lá? Claro que não! Você não pode ir! — Eu decido isso! Eu irei ao inferno vocês querendo ou não. E não estou pedindo permissão. — respirei fundo, retomando com um tom mais grave — Além disso, Alexander irá comigo! — Vincy faça alguma coisa! — Não estou aqui para questionar as decisões dela, se Alexander a guiara nessa jornada, Diva estará segura. Tente dar um voto de confiança — expressou prudente. Pelo menos daria um empate, uma não quer que eu vá e o outro confia em mim. — Ah, Diva! — Rain me abraçou calorosamente. — Não vá! — Tenho que ir, preciso salvar a alma do homem que amo. Por favor, entenda! Ela se afastou, olhando-me fixamente. Seus olhos azuis se comprimiam em amargura. — Esta bem. Tome cuidado, ok? Sorri em concordância. — Antes de ir, quero pedir uma coisa — estudei a expressão tanto de Rain quanto de Vincent. — Cuidem de Dante! Com um sonoro "sim" deixei os dois e retornei ao quarto. E agora? Deveria espera dormir novamente ou Alexander irá me buscar? Olhei para Dante. Ele era o motivo principal dessa missão quase suicida, aquele que faria tudo valer a pena. Eu teria a chance para salvar Dante. Mostrar que podia ser capaz. Espero ser forte o suficiente para fazer isso. Deitei ao lado de Dante. — Prometo que o trarei de volta! Ainda podia sentir bem fraco a centelha da aura vermelha dele. Quase se apagando. Aparentemente, mesmo sem uma alma o corpo de Dante não parou — isto é, morreu completamente. O normal de quando se morre — atravessa a luz e tals —, e até onde sabia, sem a alma para dar vida, o físico desfalecia e por fim pereceria. Tinha que levar em consideração que não estava falando de um ser humano normal, e sim de um mestiço de um demônio. Não qualquer demônio, mas o lendário Sparda. Seu poder o impedia de desistir. Pousei minha cabeça no peito de Dante, ouvindo o coração que lutava para continuar batendo. As lágrimas brotaram frias pelo meu rosto. Dei um suspiro intenso. Ajeitei-me para uma melhor posição, tocando gentilmente o rosto adormecido. Estava tão cansada. Completamente exausta. Tudo parecia me impedir de descansar; minha consciência, preocupação e o medo. Fechei os olhos, tentando buscar uma boa posição até que a escuridão me chamou. Sem lutar, cedi a ela. De repente, senti um impulso ardente e tudo mudou. Uma leveza atingiu-me. Olhei para cima, levei um susto quando percebi que estava quase tocando o teto. Perdi a gravidade? Estou voando? Não sabia que podia fazer essas coisas. Virei-me, para encarar perplexa a mim mesma. Podia ver o corpo imóvel deitado perto de Dante. Detalhadamente, via o rosto pálido de olhos fechados como se dormisse tranquilamente e os cabelos castanhos que caiam livremente pelo peito largo de Dante que respirava profundamente com movimentos fracos. Desesperada, desci para cuidadosamente conferir se ainda respirava — se estava viva — e uma onda de alivio tomou-me — o mais puro êxtase — quando vi que respirava serenamente. Eu havia me desprendido do meu corpo, apenas isso. Minha real primeira experiência fora do corpo. Parecia legal, mas não era. A ideia era bastante atordoador. Não ousei sequer me mover, a sensação estranha de liberdade e de leveza, de certa forma, eram confortáveis. Isso não me impediu de flutuar como um balão pra lá e pra cá, sem rumo. Notei um fio vermelho saía do peito, anexada ao coração do meu corpo desfalecido para o meu espírito. Prendendo ambos. Segurei o fio e puxei delicadamente. — Não faria isso se fosse você! — a voz de Alexander soprou perto do meu ouvido, fazendo-me instintivamente recuar. — Essa é a ponte do coração. Como pode ver ela liga seu corpo e alma, enquanto estiver conectado ainda pode retornar. Percebi que tinha outro fio, este era prateado amarrado ao meu mindinho. Lembrei-me do que Eryna comentara sobre algo semelhante; o cordão prateado. A poderosa ligação entre dois amantes. — Cordão prateado... — sussurrei em deleite. Toquei o fio prateado que ressoou pulsante e reluziu suavemente. — Estou ligada com quem? — Vamos Diva, não temos tempo! — Alexander disse, incisivamente tirando-me do transe. — Aonde vamos? — Ao único lugar que tem um portão espiritual para o inferno — Fortuna — deduzi. Fora o primeiro lugar que pensei quando Alexander se referiu a uma passagem para o inferno. O local era encoberto por energia, não era de se admirar que tivesse um portão exatamente lá. — Correto! Alexander estendeu a mão, puxando-me gentilmente. E repentinamente, me vi correndo — ou voando, que dava no mesmo — no ar em alta velocidade, tudo em nossa volta estava borrado. As únicas que podia distinguir era a variedade de cores. Em um piscar — literalmente — de olhos, chegamos a Fortuna. Ninguém podia nos ver, pelo menos não pessoas normais ou quem nós não quiséssemos que nos visse. Paramos perto da catedral ou que agora é apenas uma casa de opera. Fiquei tentada a procurar por Nero, seria uma boa chance de vi-lo novamente. — Vá atrás dele! — Alexander disse como se tivesse lido minha mente. — Estarei aqui te esperando! — Obrigada, Alexander Peguei o pequeno porta retrato na mesa de madeira do escritório do Devil May Cry de Nero. A foto que continha ali era de Nero, Kyrie e eu. Aquela fora a primeira e única fotografia que tinha tirado nesse mundo (Dá próxima pedirei autografo). Eu não me recordava quando a tinha tirado, mas lembro de que foi pela insistência da própria Kyrie. Nunca me achei fotogênica e odiava terminantemente aparecer em fotos. Ela me torrou tanto a paciência que não tive outra escolha. Fiquei feliz que mesmo tendo passado pouco tempo e termos nos conhecido — no caso deles, já que eu os conhecia — em uma péssima situação, ainda mantinha-se fieis a amizade que criamos nesse curto período. A foto me fez esquecer momentaneamente a frustração de não ter achado Nero. Pelo ar, podia sentir sua presença. Ele tinha saído um bom tempo antes de eu chegar. Segui o rastro de energia até um galpão. Transportei-me para dentro. O galpão era grande e cheio de caixotes, redes e todo tipo de bugiganga. Surpreendi-me pela quantidade de demônios, ocupando todo espaço vago e Nero bem no centro do aglomerado. No quesito confiança e indiferença, Nero é igual a Dante. Sentei no topo dos caixotes mais altos e parei rapidamente para apreciar o show. Em um rápido movimento, Nero sacou Yamato e cortou os demônios mais próximos, em seguida, deu uma sequencia de golpes velozes e mortais nos que vinham para cima dele. Resolvi jogar um pouco, até por que tinha que aproveitar a chance e minhas habilidades. Tornei-me visível e usei a telecinesia para atordoar alguns demônios, batendo violentamente um no outro e os atirando longe. Na minha forma espiritual, era muito mais fácil usar meus poderes. Nero encarou-me surpreso, mas sua expressão logo se suavizou, um gentil e receptivo sorriso se formou em seu rosto. — Parece que esta com problemas — brinquei, balançando as pernas. — Nada que não possa resolver — retorquiu, ele coçou a nuca e seu sorriso cresceu. — Precisa de uma mãozinha?— pisquei os olhos inocentemente — Aproveite que me sinto caridosa! — Não posso te impedir. Então, faça o que quiser. Joguei alguns caixotes em três demônios que vinham em minha direção. Nero facilmente acabou com o resto, o impressionante, sem suar. Caminhei até Nero, que me puxou para um abraço desajeitado e apertado. Seu aperto era quase sufocante, como se não quisesse que me afastasse. Apesar de estar em forma espiritual, podia ter sensações e sentir quando tocavam em mim. Nessa forma possuía muita sensibilidade o suficiente para ter tato e apreciar a energia alheia. A aura azul celeste de Nero me envolveu, embalando-me. — Incrível Nero — bati palmas assim que me separei de Nero. O rosto dele adquiriu um leve tom rosado. — O que faz aqui, Diva? Pensei que tinha ido embora para não voltar mais. — E nunca mais ver a Kyrie ou você, principalmente ver o modo como seu rosto fica fofo quando esta vermelho — dei uma risadinha vendo a pontada de constrangimento e irritação no rosto dele — Queria te ver antes de ir... — i****a — ele bufou, sem jeito e beliscou delicadamente meu nariz — Espera, ir para onde? Nero, sem duvida alguma, também seria contra minha ida ao inferno. Mas isso não dependia dele, não mudaria de ideia mesmo com todo mundo contra. É a minha ultima decisão. Suspirei. — Irei ao inferno — a expressão impagável de Nero era um misto estranho de incredulidade, espanto e um pouco de "essa guria não bate muito bem da cabeça”. Nero tocou minha testa. — O que esta fazendo? — Vendo se esta com febre. Por que sinceramente, você parece estar delirando. Isso ou esta completamente louca. Dei um tapa na mão dele. — Pare de graça! Estou falando sério! — Me diz, pelo menos, um bom motivo para ir até lá. — Vou resgatar a alma de Dante — Dante? — Nero fez uma careta — Esta falando Dante, filho de Sparda que... —... Que te ajudou a salvar Fortuna, esse mesmo. — Mas como... — Longa historia! — o interrompi. — Então eu irei com você, tenho uma divida com Dante. — Não, melhor que fique e proteja Fortuna. Nero me deu um peteleco, que por incrível que pareça doeu. — Aí — resmunguei, massageando minha testa. — Isso doeu seu chato! — Eu irei, mesmo que não queira! — Ah, não era bem isso que tinha em mente — coloquei a mão na cintura — Alias, como vai explicar a Kyrie? — Não preocupe sua cabecinha com isso — zombou. Desde que nos tornamos amigos, Nero ficou meio Dante da vida. E olha que ele é o rapaz mais sério da minha idade que conheço — os homens nessa idade costumam ser bastante infantis, se bem que quando penso em Dante minha ideia sobre idade e amadurecimento perde um pouco o mérito, apenas no Devil May Cry 2, ele mostra verdadeiramente maturidade. Será que eu ficarei nesse mundo tempo suficiente para ver essa evolução? Hmm, boa pergunta. — Não sei se percebeu, mas estou em forma espiritual e não sei se você poderá ir — cruzei os braços. — Daremos um jeito — Talvez... — refleti, olhando para Yamato. — Como não tem outro jeito já que você é cabeça dura, vamos então? Peguei a Devil Bringer de Nero e nos teleportei até onde Alexander estava me esperando. — Ora, trouxe um convidado — Alexander disse, ele não pareceu bravo nem aborrecido ou surpreso. — Espero que não se importe. — Não vejo problema em você trazer algum aliado. Eu podia dar um forte abraço em Alexander, mas fiquei constrangida em fazê-lo. — Alexander esse é Nero. Nero esse é Alexander, meu protetor e guia — Alexander riu. Bati na minha própria testa. Era óbvio que Alexander conhecia Nero. Ele tinha mais conhecimento sobre as pessoas desse mundo que qualquer outro. Podia desconfiar que ele soubesse muito mais do que deixava transparecer, como por exemplo, o fato de que no meu mundo Nero é um personagem de jogo. — Bem, os planos mudaram um pouco. Podemos atravessar momentaneamente o plano físico para o inferno, mas... — ele pausou avaliando a situação, mas continuou: — Agora temos que alterar algumas coisas, Nero, você é o único ser físico entre nós. O portal pode te rejeitar, porém acho que consigo te levar até lá sem causar danos. — O que estamos esperando? Um convite escrito? — disse eu, inquieta. Alexander reuniu energia nas mãos e puxou a que estava no ar da ilha — o que sobrou da energia da batalha contra Sanctus que ainda estava por todo lugar. Em suas mãos a energia tomou forma e se expandiu. Nero pegou minha mão e Alexander sinalizou para entrarmos na enorme e poderosa esfera. Não tem mais volta. Adentramos o portão que se fechou em seguida. O cenário mudou radicalmente quando enfim passamos pelo portal. O céu não era um límpido azul, mas vermelho sangue. Não havia flores ou vegetação, apenas barro, pedras e colinas íngremes que se estendia em outras ainda mais altas. O ar era pesado e carregado com forte cheiro de sangue e morte. Esse era o inferno?
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