A chuva tamborilava nos vidros como dedos impacientes quando Calíope finalmente encontrou coragem para pegar o telefone. O silêncio do apartamento parecia pesado demais, cheio de segredos que já não cabiam dentro dela. — Eleni? — chamou, a voz num sussurro rouco. — Sou eu. Do outro lado, a irmã suspirou, aliviada. — Graças a Deus, Calíope! Onde você se enfiou? Pai passou o dia na universidade procurando você. E você sumiu, não atendia o telefone, você não estava no seu quarto, você não estava em lugar nenhum. Achei que tivesse acontecido algo terrível. Calíope afundou no sofá, puxando o cobertor sobre as pernas nuas. Ainda podia sentir o perfume de Ângelo na pele. — Eu estou bem. Precisava de uns dias... Longe de Oxford, longe de tudo. Amanhã estou em casa, prometo. — Não some assim

