Calíope transformou o quarto numa espécie de casulo: luz apagada, cortinas fechadas, o cheiro agridoce de lençóis que já não viam o sol. Durante sete dias, a rotina coube em um par de verbos: chorar e sobreviver. Ela deixava a cama apenas para o banho rápido que não lavava a dor e para pegar uma tigela de sopa que esfriava sobre a cômoda enquanto ela, de fones nos ouvidos, afundava outra vez no travesseiro. As músicas eram sempre as mesmas — baladas lentas sobre amores impossíveis. Entre uma faixa e outra, soluços. Entre um soluço e outro, o nome dele sussurrado como prece: Ângelo. Meu primeiro amor, pensava. E já é minha primeira ruína. No terceiro dia, Eleni empurrou a porta com o ombro. Encontrou a irmã encolhida, olhos tão vermelhos que pareciam febre. — Cai, olha pra mim. O que ho

