Capítulo 2

2459 Words
Benta chegou na escola, foi direto para sala de informática com um propósito em mente e se sentou ao lado de Joana, fazendo uma pequena careta de dor. Precisava descobrir a senha do e-mail da amiga para a pegadinha incrível de Shiro. Pensar no namorado fez com que os pelos do corpo de Benta se arrepiaram, suas lágrimas a muito tempo secaram, Shiro se encontrava m*l humorado por algum motivo e descontou suas emoções na namorada, a garota aguentou o uso de seu corpo calada, quando finalmente tudo terminou o rapaz voltou a ser amável, dando de comer, falando palavras gentis, dizendo o quanto ele dependia dela, que sem ela já teria perdido a cabeça, pois seus pais estavam exigindo o máximo dele, para que representassem a família, ser o exemplo. Mais uma vez a moça criou desculpas em sua cabeça pelo comportamento violento dele. Ele precisa de mim. Benta respirou fundo estampando um sorriso no rosto para que ninguém imaginasse seus pensamentos. Eu sou seu apoio, me cortou o coração ver ele chorando em meu colo depois que fizermos amor. — Te mandei uma foto no e-mail, super divertida, vamos aproveitar que o professor ainda não está na sala para ver. — Joana que estava esperando seu computador ligar concordou com a cabeça, a sala de informática do Elite tinha computadores o suficiente para que a turma utilizam em duplas. — Não acredito que o time de basquete conseguir essa sala. — Como assim? — Joana olhou o símbolo do windows 95 aparecer no tubo branco. — O meu futuro sogro comprou todas essas máquinas para que os alunos tivessem o melhor para estudar, assim temos melhores chances em faculdades de nome. — Benta olhava o teclado enquanto a mocinha digitava a senha: 06031980. Muito fácil. Pensou Benta. — Oh! Que gatinho fofo. — Joana deu um gritinho chamando a atenção para si, os alunos da sala viraram para vê-la já que sentava na fileira de trás da sala. — Vejo que a senhorita Sousa está animada pela aula de hoje. — Falou o professor ao entrar na sala. — Desculpa, professor. — O rosto de Joana tingiu de vermelho. — A família de Shiro é tão rica assim? — Ela sussurrou para amiga. — Sim, tem uma grande importadora do Japão, família bem tradicional. — Joana não deixou passar o olhar triste da amiga. Alguma coisa tem aí, depois falo com ela. O professor começou a explicar o exercício daquele dia, às duas prestaram a atenção no que era para fazer e logo em seguida voltaram a fofocar sobre a escola. — O que vai fazer no sábado? — Benta perguntou enquanto pegava o mouse e abria o programa de edição de texto. — Preciso comprar um vestido novo. — Algo bonito e elegante para que cai no gosto da mãe de Shiro. — Tenho algo marcado já… — Por favor, me diz que finalmente aceitou sair com o Caio. — Benta interrompeu a amiga. — Sei muito bem que quer ele. — Caio é um cara legal. — Os lábios de Joana começaram a se curvar, as famosas borboletas em seu estômago se manifestaram e a certeza de que estava cada vez mais atraída por Caio a deixou apavorada. — E realmente estou pensando em dar uma chance para ele… — Mas? — Venho de uma família conservadora… — Aqueles negocio de pedir benção, para namorar o cara tem que conhecer a família toda etc e tal? — Joana fez que sim com a cabeça e o desânimo ficou estampado em seu rosto. — Nossa, muito século passado isso. Nota mental, para Caio ser um bom moço e pega logo essa menina e me livrar dela, assim Shiro vai tirar os olhos nela e voltar a prestar atenção em mim. — Não sei bem como Caio vai se sentir tendo que fazer isso. — Joana colocou uma mexa do cabelo escuro atrás da orelha. — Ele é tão incrível, pode ter a garota que quiser e precisa agir como um lorde do século passado comigo. — É até fofinho isso, meus pais não estão nem aí para quem eu saia. — Benta deu de ombros. — Só não posso sujar o nome da família, engravidar, casar com um pobretão e engodar, o resto dar-se um jeito. — Sério? — Joana deu uma boa olhada na garota. Em sua opinião Benta era belíssima com seu corpo magro, porém, com curvas, achava que fazia academia e controlava a alimentação para ter uma vida saudável e não por uma obrigação colocada pelos pais. Diferente dela, adorava correr e fazer esportes, sua fascinação pela máquina humana levava para área da saúde no ano que vem irá prestar o vestibulinho em auxiliar de enfermagem, um dos cursos técnicos oferecidos pelo Elite. — Sim. Você não vai querer fazer um casamento desgraçado? — Com essa frase, Joana se questionou se a amiga realmente amava o namorado ou estava junto dele por puro interesse. Benta parece aquelas moças do século passado dos livros do clássicos histórico. Posso até imaginá-lo correndo atrás de um duque ou um barão. Não ficaria espantada se ela disse que tinha um dote escondido. Talvez eu possa conversar com ela na sexta. *** — Tem informações para mim? — Assim que Benta saiu para o intervalo, Shiro a segurou pelo braço e a arrastou para uma sala de aula vazia. Ao entrarem o rapaz empurrou a namorada contra a porta segurando o seu rosto e a beijando sem delicadeza nenhuma. — Sim. — Benta respondeu com um sussurro permitindo o acesso da mão de Shiro ao seu decote. O apertão em seu seio doía e a incomodava, ao invés de demonstrar desagrado ela deu um gemido. — A senha de Joana é a sua data de nascimento. — Que garota tola. — Shiro desceu a cabeça e mordeu o mamilo rosado enquanto Benta apertava a mandíbula para não gritar de dor. — Senha muito fácil. — O que você vai fazer conta para mim? — Shiro subiu os beijos até chegar no pescoço da menina e c****r forte o bastante para deixar uma marca avermelhada no local. — Gatinha curiosa. — Shiro deu-se por satisfeito, ele gostava de marcar suas propriedades, em sua cabeça Benta era isso, uma propriedade para usar e abusar, uma fachada onde deixaria seus pais calmos o suficiente para não encher a sua paciência e dava a oportunidade de curtir a vida da forma que quisesse, sabendo ele ao chegar a hora deveria casar com a mulher designada, uma filha de alguma família tradicional japonesa, garantindo uma boa linhagem. — Preciso saber os passos dela esse final de semana. — No sábado, vai sair com alguém, não confirmo se seria com o Caio ou o Erick, mas vi ela cochichando com o saco de ossos. — Benta começou a arrumar o uniforme, tirando do bolso da saia um espelho e um batom para ajustar sua maquiagem. — Ouvir algo sobre aniversário. — De quem? Dela? — Não, ela faz em março, consultei rapidamente a minha agenda e Erick faz aniversário dia trinta e um. — Benta gostava de manter um registros completos de informações de todos os alunos da escola, para não perder nenhum evento importante, eram poucos alunos da alta sociedade paulista no colégio, esse era seu principal foco, mas abrange suas pesquisa para os colegas da sala. Como um plano B, caso seus planos com Shiro não desse certo, poderia subir na classe social com suas pequenas informações. — Distraia-a então na sexta, vou colocar meu plano em prática. — Shiro esperou que Benta estivesse apresentável e abriu a porta da sala para ambos saírem. — Já revelei suas fotos e um amigo meu vai colocar no computador. — Shiro! — Benta parou no corredor e levou as mãos a boca, imaginando no que o rapaz estava pensando e se isso traria algum problema com sua família. — O quê? — Shiro ergueu uma sobrancelha. — Relaxa sei o que estou fazendo. *** Sábado 31 de outubro de 1995 Seu Manoel levantou-se do sofá onde estava em sua casa e foi atender a campainha, perguntando-se que viria os visitar em um sábado pós almoço, sua família tinha se mudado a pouco mais de dois meses para a cidade por causa do novo emprego, se tornou chefe de departamento, ganhando bem mais que o antigo cargo e tendo benefícios ótimos, um deles estava em morar perto da mãe idosa, mas não acreditava que seria ela na porta. — Pois, não? — O homem olhou para um rapaz bem-vestido em sua porta carregando um buquê de flores, uma caixa e um ursinho. — Boa tarde, o senhor deve ser o seu Manoel. — Caio por incentivo de Benta foi buscar Joana em sua casa para irem ao cinema e assim se apresentar aos pais dela. Acho a ideia um absurdo no começo, mas se significasse tanto para a menina faria o papel, em sua opinião, de bobo na frente de algum velhote. — Sou o Caio e vim pedir permissão para poder levar sua filha ao cinema. Por essa Manuel não esperava. Joana, sua única filha, tinha se adaptado muito bem a nova cidade, a agitação da capital em nada se comparava a calmaria da cidade pequena do interior. Ele temia aquele tipo de visita desde que colocou os olhos na pequena menina ao nascer. — De onde conhece minha filha? — Manuel estreitou os olhos. — Somos colegas de escola… — Você está em que série? Terceiro ano? Repetiu quantas vezes? Qual a sua idade? — Por um segundo Caio ficou sem palavras, tentou segurar a resposta sarcástica que iria dar. — Sou do primeiro ano, senhor. Nunca repetir nenhuma vez, minhas notas são as melhores ou o técnico me retiraria da equipe rapidinho… — Que equipe? Ai meu saco, o velho não vai me deixar completar a p***a da frase. — Sou capitão do time de basquete da escola, tenho dezesseis anos. — Completou rapidamente. — Bebe? Fuma? Usa drogas. — Manoel apontou o dedo para ele. — Não mente para mim. — Sou um atleta senhor, meu corpo é um santuário que precisa estar plenamente funcionando, não coloco nele nada que possa o prejudicar. — Aposto que a próxima pergunta é quais as minhas intenções com a filha dele. Vou responder: dar uns amasso nela. — Pai, estou saindo e… — Joana que vinha do corredor, parou na porta ao ver Caio. — Caio? O que faz aqui? Caio olhou para a menina, e por um minuto foi como se o tempo parasse. Cara, ela é linda. Vestida em um vestido com decote princesa de cor rosa, sandálias plataformas, um delicado cordão com um pingente em forma de coração no pescoço, a maquiagem discreta e o cabelo escuro solto deixou o rapaz encantado. — Caio? — Joana chamou a atenção do rapaz. — Eu… — Caio pigarreou. — Vim me apresentar para os seus pais. — Porquê? — Joana sentiu o rosto esquentar. — Bem, acredito que eles querem saber que está segura. — Os lábios de Caio se curvaram com a amostra de um sorriso. — Então vim me apresentar e pedir permissão para te acompanhar até o cinema onde vamos encontrar nossos amigos. — Entre rapaz, vamos conversar. — Seu Manoel deu passagem para Caio. — Pai, vamos nos atrasar… — Coisa de dez minutos, Joana. E o Teddy não poderá ir conosco. — Caio deu uma piscadela para a menina. — Quem é Teddy? — Foi só nesse momento que Joana viu um ursinho caramelo vestido com roupas de basquete. — Oh! Que coisa mais fofa. — É para você. — Disse Caio todo orgulhoso. — As flores são lindas. — Joana pegou o ursinho e o aperto em seus braços antes de estender a mão para o vasinho na mão do rapaz. — Não são para você. — Caio puxou o vaso para si. — São para sua mãe, segundo dona Júlia são ótimas para casa nova. — Ele olhou para as flores rosadas. — Begônias traz felicidades e cordialidade. — Minha mãe vai adorar, nunca vi ninguém para gostar de mato como ela. — Sorriso gracioso de felicidade que Joana vez encantou ainda mais Caio. Os três seguiram para dentro da casa, depois de passar pela garagem, a porta de entrada dava para a sala. Manoel apontou para o sofá de dois lugares em tons marrom, Caio achou melhor se sentar, atravessou o tapete fofo e se acomodou, a TV na estante desligada dava para ver o reflexo do homem quando ele ocupou seu lugar. Joana subiu correndo as escadas de ferro em forma de caracol. Um barulho do seu lado esquerdo chamou sua atenção, por onde uma mulher vinha com uma porção de roupas dobradas. Para Caio não precisava ninguém dizer que aquela ali era a mãe de Joana, às duas tinham o mesmo biotipo, com a diferença de ser mais baixa. Houveram apresentações, entrega de presentes e mais uma rodada de questionamentos dirigidos ao Caio, felizmente, Antônia, mãe de Joana, conseguiu frear seu Manoel e os dois jovens puderam sair. — Caio, não… — Antes que você continuei a frase, deixa eu explicar. — Enquanto iam em direção a estação do metrô os dois começaram a conversar. — Benta me falou sobre se apresentar para seus pais, que isso era importante e eu realmente gosto de você, e se para sairmos tenho que passar pela inquisição do seu Manoel, dividir a sua atenção com seu amigo ou qualquer outra coisa vou fazer. — Obrigada, significou muito para mim. — O sorriso de Joana a deixou mais bonita, no ponto de vista de Caio, naquele momento ele prometeu para si mesmo que faria de tudo para mantê-lo ali.   Dentro do metrô o vagão deu uma leve sacudida fazendo Joana perder o equilíbrio, Caio a segurou pela cintura, e a garota se encostou no rapaz, nos minutos que se passaram os jovens ficaram ali, curtindo o calor do corpo um do outro, como se o mundo ao seu redor não existisse. Será que era isso se apaixonar? Essa estranha sensação de estar flutuando? Ou como se seu estômago fosse lançado em uma centrífuga. Meus dedos estão molhados e meu corpo tremendo, espero que não note. Seria vergonhoso. — Uma moeda pelos seus pensamentos. — Caio disse em seu ouvido. — Só estou curtindo o momento. — Joana ergueu a cabeça e encarou seu rosto. — Queria ter uma câmera para registrar isso, para lembrar desse dia. — Os jovens ficaram em silêncio, olhando as pessoas indo e vindo entre as estações. Não preciso de câmera para me lembrar...
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