Quatro guardas, dois do lado esquerdo e dois do lado direito, nos vigiavam dia e noite. Me comunicar com minhas irmãs era impossível sem ser ouvida por eles, vampiros e Shifters tinham audição sobre humana. As bruxas de covens da fauna poderiam ter insetos espiões que passavam informações, não era a mesma coisa de ter a habilidade em si.
A realidade dura era que nós não tínhamos a mínima ideia de como fugir, o colar se provou eficaz, nossa Mana nos tocava, vibrava e cantarolava necessitando de contato natural, mas continuava presa. A única coisa que nos deixava viva era o alimento comum, misturas de restos que os guardas depositavam em um recipiente de madeira. Comíamos iguais corpos, no chão e na imundice sem diferenciar onde começava o pão e terminava a lavagem.
" Elas parecem inofensivas" Um dos demônios sugadores de sangue, que chegou para substituir os que já estavam lá, pergunta com um interesse genuíno, suas botas contra as pedras anunciou sua entrada nas masmorras, e ambos acenaram, dispensando os outros do serviço. Era uma bênção que Ailim permitisse que ainda estivéssemos vivas por quatro dias no castelo.
"Peça ao feiticeiro que remova os colares delas e depois conte-me o quão inofensivas elas são" seu companheiro respondeu-lhe em tom de aviso, passando por nossa cela para assumir o posto do outro lado do passadiço, o olhar duro, envolto em certezas não ditas, que ele nos deu, me fez crer que sua espada foi erguida durante os anos de prata, na guerra "Vossa morte seria certeira antes que puxasse a espada da bainha" complementa encostando-se na parede.
"Nunca foi mencionado nos relatórios embates contra feiticeiras tão jovens, elas parecem não ter mais de quinze anos" Devolveu seu colega de turno. Aquela conversa chamou minha atenção, fomos ensinadas que vampiros são impiedosos, amantes da carnificina e desconhecedores da paz. Esse demônio acabara de soar triste por estarmos na fila de execução sendo 'tão jovens'?
"Xanks, não mencione tais pensamentos em público, podem achar que vós sois simpatizantes dessas criaturas. No futuro mantenha-o para si" Não há desconfiança em suas palavras, há apenas preocupação nelas.
"Não me tenha por t**o, é claro que não o farei" Xanks responde incisivo.
Arrasto-me um pouco mais perto das grades e observo Xanks, eu poderia ver um rosto vampiro que, muito improvável, continha um coração piedoso, antes de morrer e precisar de sangue para viver. O roçar das minhas correntes chamou a atenção e a conversa cessou. O mais velho, com a cabeça raspada, músculos riscados por cortes profundos e mãos constantemente agarradas ao cabo da espada, os outros dois vampiros mais próximos nos ignorou como sempre faziam os vigias.
O outro, Xanks, presumi que fosse jovem, é inconclusivo julgar a idade de um vampiro por sua aparência por seu fil de vida não findar. jazia encostado na parede, em oposição a mim, um pé no chão e o outro na parede, ele segurava alguns pergaminhos enrolados. O selo vermelho da insígnia real deveria ser de um relatório antigo, o papel do pergaminho era escuro e desgastado o suficiente para ter muitas décadas.
Meu coração palpitou, o rapaz sorriu para mim, logo depois murchou ao se dar conta que o demônio que estava ao seu lado observava nossa interação. A situação fora um pouco desconfortável, não sabia que vampiros poderiam sorrir, ainda mais genuinamente dessa forma.
"Os covens convocam-nos somente em idade adulta" por algum motivo eu quero que Xanks saiba que eu não éramos ativas na guerra e que ele estava certo ao supor que jovens não eram submetidas a tais atrocidade em tão tenra idade "somos, éramos aprendizes" falo olhando com toda minha atenção para ele.
"Para trás Bruxa!" Seu companheiro bate na sela, as grossas grades estremecem sob seu descontentamento "Cala-te bruxa imunda, ou eu o farei, o rei não precisará da tua língua, somente do teu sangue" ameaça. E eu sei que ele é capaz de fazer exatamente o que diz.
Minhas irmãs me puxam para trás e eu as deixo fazê-lo, meu objetivo não era irritar o guarda, continuar falando poderia piorar ainda mais nossa estadia, que já era ofericida uma das melhores hospitalidades.
Me envolvo entre minhas minhas irmãs, Nos aquecemos melhor estando amontoadas no canto, as madrugadas eram frias, o vento que adentrava pelas celas da frente acabaria por nos matar de hipotermia se ficássemos ali durante muito tempo, sem cobertores para as bruxas prisioneiras.
Paika se aconchegou a mim e encostou sua cabeça no meu ombro e a descansou lá, sua bochecha gelada e o respirar dificultoso era preocupante. O fil de vida dela está encurtando desde que ela sofreu duras chicotadas nas costas durante o trajeto.
Catarina precisava interceder por ela, esperaria a oportunidade para falar com Xanks e lhe pedir algo medicinal para passar nas feridas das costas de Paika, cor e o cheiro dos machucados gritavam incção. Cat não sabia o que era melhor para sua irmã de coven: padecer lentamente cedendo ao que quer que assolava seu corpo ou esperar na fila para perder a cabeça na guilhotina brilhantemente polida.
Seria um grande evento, a execução das aprendizes da casa Isador, o sangue da principal casa. Em Luisia era, os vampiros capturados eram levados a julgamento e sentenciados à morte de acordo com seus crimes. Eu nunca quis ver um julgamento, ver o sofrimento, mesmo dos nossos inimigos era algo de que eu não poderia assistir .a sangue frio.
A líder de cada coven dava sua sentença final, mas nunca um vampiro foi absolvido, nós não tínhamos masmorras nem nada remetente à prisão porque não precisávamos delas, todos os vampiros deveriam morrer porque eram sugadores de vida. Parecia injusto e ao mesmo tempo certo de uma maneira que não conseguia colocar em palavras.
Em Ailídia as coisas pareciam ser iguais, morte as bruxas, não importa o resultado do julgamento. Os resquícios antigos de Manas impregnaram na parede falaram o que não ousamos colocar em palavras.