Capítulo VII

918 Words
Capítulo VII Darren Brascher Já perdemos quase três dias consertando o casco do cargueiro e ainda há infiltração. Nunca fui de acreditar em crendices, mas to começando a aceitar que esse lugar tem algum problema. É a quarta vez que venho para Volgrad e todas as vezes o prejuízo não compensa o ganho. Definitivamente não volto a esse lugar. Agora estou decidido e não vou me importar em aceitar que os homens tinham razão. A mercadoria que já foi toda entregue, agora aguarda a céu aberto, recoberta apenas com sacos, para ser carregada. Os homens que deveriam estar bebendo e aproveitado o pouco tempo que temos em terra, não puderam sair de perto da embarcação, trabalhando o dia todo. Como se não bastasse, o Mestiço não tinha como me pagar o que devia. Inferno! - Capitão, parece que conseguimos encontrar o problema! – Dulin aparece suado no convés. Descemos novamente para o porão. Me livro das botas e seguimos para baixo do assoalho. A água gelada alcançam minhas panturrilhas. Tomo o lampião das mão de Chumaço e sigo os rapazes. Não era um buraco, por isso a dificuldade de encontrar o problema, era uma rachadura que recoberta pela água e a pouca luminosidade conseguiu passar despercebida. - Chumaço mande o Coelho atrás do ferreiro. Toco você vai ficar revezando com Dulin enquanto comprimem a rachadura, os outros cuidem de se livrar desta água. Precisamos começar o carregamento ainda hoje. Sigo para o quarto, preciso me livrar das roupas molhadas antes de sair para negociar as últimas cargas que levarei para Lapur. Mal consegui entrar no quarto por causa dos baús espalhados pelo quarto. A escrava comum já havia revirado tudo atrás de ouro. Eles eram todos iguais. Aquilo me enfureceu terrivelmente. Puxei a porta do lavatório com força, quase a arrancando, mas antes que eu conseguisse abrir a boca, ela me arremessou a caneca de ferro na cara, me obrigando a recuar aos gritos e se trancando novamente logo em seguida. - Mas que m***a foi isso – Mordo o lábio inferior quase arrancando sangue deles. Estou puto! Levanto o baú de madeira com dificuldade e de repente me pergunto como ela sozinha conseguiu descê-los. Aqueles baús eram pesados o suficiente para exigirem o trabalho de pelo menos dois comuns, eu os manipulava porque era um Elfo e elfos possuíam o dobro da força de um soldado comum bem exercitado. Eu termino de arrumar a bagunça e ela me aparece vestida em minha bata branca que lhe caiu como um vestido, que ajustou a cintura com uma tira de pano. Fico parado por um momento a olhando sem reação, não sei se por causa de sua beleza incomum, ou por vê-la usando uma roupa que me fez reviver lembranças de um mundo que deixei para trás. - O que pensa que está fazendo? – Eu a fito com o maxilar rígido. Era inaceitável o atrevimento das mulheres comuns. - Segui apenas as ordens do seu subordinado! – Ela responde em uma inocência genuína. Abro a porta e ordeno Palito a trazer o Chumaço. - Se estiver mentindo receberá uma punição devida! – Avanço para o banheiro e ela se afasta assustada. Não gosto da ideia de punir escravos, mas não pretendo tolerar mentiras. O barril do lavatório estava vazio e o vestido da escrava estava torcido dentro do balde. Suspiro impaciente e pegando o balde o entrego a um dos homens, que estavam ajudando a secar a água das instalações. - Estenda as roupas e encha o barril do lavatório – ordeno.   Chumaço se apresenta esperando por uma ordem. - Você mandou a escrava tomar banho e revirar minhas coisas? – pergunto impaciente. - Não senhor, mandei ela preparar seu banho e lavar as roupas sujas – Fecho a porta e me volto para a garota que se adianta em falar antes que eu consiga abrir a boca. - Ele disse que era para eu preparar o banho, mas  lhe garanto que não disse que era o seu e não vi nenhuma roupa suja além da minha! Pego as roupas sujas em uma caixa no canto, entre as duas portas e as exponho. - Não conseguiu achar essas roupas sujas aqui, mas conseguiu bisbilhotar o que tinha dentro dos baús! – Falo estudando seu descaramento – também te mandaram vestir as minhas roupas? – pergunto enquanto Poul passa com o balde cheio de água em direção ao lavatório. - Ninguém me mandou vestir essa roupa, mas o que eu poderia fazer se as minhas vestes estavam molhadas? – Ela me questiona como se eu lhe devesse uma explicação. - Se mexer em minhas coisas sem que eu mande novamente, lhe garanto que não vai gostar de sua punição – Aviso tirando a camisa e ela me dá as costas abrindo a porta. A alcanço antes que saia, empurrando a porta antes que possa abri-la. - Onde pensa que vai? – Pergunto enquanto ela se encolhe como um filhote diante de mim. - O senhor não pode tirar suas roupas na frente de uma dama! – Ela responde me fitando nos olhos com o pouco de coragem que parece ter. - Uma dama? – desço meus olhos para o decote que se formou pela gola da bata. Ela não ousa me responder, apenas se encolhe um pouco mais, agora visivelmente ofegante. Talvez de pavor, talvez de desejo. Estamos tão próximos que consigo beber de sua respiração e isso atiça meu sangue com uma urgência que a muito não sentia. 
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