CAPÍTULO 14 MAGRÃO NARRANDO: Tinha alguma coisa estranha naquela professora nova. Não era beleza, beleza eu via todo dia, de todo tipo, em todo canto do morro. Não era também aquele jeito delicado que algumas mulheres têm, meio ar de flor perdida no asfalto. Era outra parada. Era o olhar dela. Frio não… mas firme. Um olhar que parecia não combinar com a fraqueza que eu imaginava que uma mulher fugida carregaria. Como se ela tivesse sido quebrada por dentro, mas ainda segurasse um resquício de força na mão, como faca escondida na manga. E isso me incomodava de um jeito que eu não gostava. Eu não confiava em ninguém que chegava do nada. E menos ainda em alguém que se destacava demais logo de cara. Aquele momento em que a moto cruzou por ela na descida do morro ficou preso na minha me

