CAPÍTULO 15 RAFAELLA NARRANDO: Eu ainda estava com a cabeça cheia quando destranquei o portão de casa. O sol baixava devagar, tingindo o céu de um laranja cansado, igual a mim. Senti meus ombros desabarem assim que a tranca fez aquele clac seco. Yasmin vinha logo atrás, arrastando os pés como se carregasse o mundo pendurado na mochila. E, de certa forma, eu sabia que aquele primeiro dia tinha batido forte nela. — Sobreviveu, né? — brinquei, tentando aliviar o peso que eu via no olhar dela. Ela soltou um riso fraquinho, desses que mais revelam cansaço do que humor. — Sobrevivi… mas foi puxado. Elas estão muito atrasadas, Rafa. Muito mesmo. Eu já esperava isso. Desde a primeira vez que a dona Marta, comentou comigo como era difícil manter professor ali, eu soube que não seria simples.

