Capitulo 3

1604 Words
              8 meses depois… O que era para ser quinze dias na casa dos meus pais, viraram um mês e meio. Acabei pegando minhas férias e ficando mais um pouco, precisava desse tempo e foi ótimo, consegui relaxar, colocar meus sentimentos em ordem. Não vi mais o Magno ou tive notícias dele desde que voltei. Marina praticamente me obrigou a conhecer uns amigos dela, eram até legais, boa conversa, bom s**o, mas só isso. Não quero me envolver afetivamente com ninguém por um tempo, mas não me impede de me divertir. Paro em frente a entrada da academia, fecho os olhos e suspiro fundo, viro de costas e dou dois passos para ir embora, mas desisto. Há três meses Marina me convenceu a malhar, segundo ela eu precisava de “endorfina”, e aqui estou eu. Todos os dias penso em desistir, depois de trabalhar o dia todo é muito difícil ter ânimos para malhar. Porém, tem me feito muito bem, meu condicionamento físico melhorou consideravelmente e aqueles quilos extras não existem mais. Me arrasto para dentro, coloco um sorriso no rosto.  — Boa noite, Lia! — Bruno um dos personais, me cumprimenta. — Boa noite! — Tento soar o mais animada possível. — Vou me trocar e já venho para a aula. — Digo me virando para o vestiário. — Hoje tem professor novo. — Meus olhos só faltam pular quando ele diz isso. — Estou entrando de férias, a partir de hoje as aulas serão com o Gavriel. Meu corpo tenciona, passo a mão pelo cabelo nervosamente. Gavriel é o dono da academia, as aulas dele são as mais procuradas por serem puxadas, estilo militar do qual eu corro. Procurei as aulas do Bruno por serem mais tranquilas, as alunas dele são todas mulheres com mais idade, eu sou a mais jovem da turma. A academia é voltada para todos os públicos e idades, tudo separado por turma. Bruno dá aulas de muay thai, as aulas têm uma dinâmica diferente, voltada mais para um público não tão jovem, isso deixa as aulas tranquilas e leves.  — Bruno, não estamos acostumadas com esse tipo de aula. — Falo tensa. — Relaxa, ele vai seguir o cronograma, está tudo certo. Me troco e volto para a aula, pela vidraça da sala vejo as outras alunas fazendo alongamento com o novo professor, reviro os olhos e caminho na direção da porta, bato antes de entrar. — Desculpe o atraso. — Peço e caminho para dentro. — Acho que errou de turma. — A voz dele é grossa, autoritária, aquele tipo de voz que se destaca em qualquer ambiente, que as pessoas param para prestar a atenção. — Não... É aqui mesmo. — Vou para os fundos da turma e começo meu alongamento. Gavriel é um brutamontes, deve medir mais de 1.90m. Ele usa uma camisa branca colada no corpo, consigo ver perfeitamente os gominhos de seu abdômen definido, sem falar nos olhos de um verde como o mar cristalino, os cabelos castanhos bem claros. Ele chama atenção em qualquer ambiente.  Estou perdida em pensamentos e não percebo quando ele se aproxima parando atrás de mim, até a uma de suas mãos se espalmar nas minhas costas e outra no meu colo.  — Olha a postura. — Fico ereta. A aula seguiu bem, um ritmo mais puxado que as do Bruno. No fim algumas das senhoras mais assanhadas foram bajular o professor, passo direto por elas, atravesso a academia e vou para o vestiário.Prefiro tomar banho aqui mesmo, como chego tarde em casa fica mais fácil, só como alguma coisa e vou dormir. Quando voltei da casa dos meus pais aluguei uma quitinete, é pequena, mas para uma pessoa e uma gata, tem espaço de sobra. Chego em casa exausta. Tiro o tênis e deixo no meio do caminho mesmo, me jogo na cama, logo bella se aproxima e sobe na minha barriga, acaricio sua cabeça com a ponta dos dedos. Abro os olhos devagar, ainda está escuro e a única luz no quarto vêm dos postes da rua. Estou atravessada na cama do jeito que deitei quando cheguei da academia, devo ter adormecido. Ando cansada demais.  Tiro bella de cima de mim, puxo meu celular do bolso da calça e olho a hora, duas da manhã.  — Nossa! — Exclamo.  Dormi direto desde às dez da noite. Me limito a fechar as cortinas, tirar as roupas e volto a dormir, tenho um dia cheio pela manhã.  Desperto com meu celular tocando, ignoro e volto a dormir. Toca novamente, uma vez, duas vezes... Desisto.  — Alô. — Atendo sonolenta.  — Lia, é a mamãe. — Só podia ser ela.  — O que foi mãe, aconteceu alguma coisa? — Pergunto preocupada.  — Sua prima, Deise, vai noivar esse final de semana. Seu avô e seu pai querem a família toda reunida. Você vem né, Lia? — Ela praticamente grita de empolgação.  — Eu não vou. Não gosto da Deise, nem ela de mim, fim de papo. Posso voltar a dormir agora?. — Lia você vem e pronto sem discussão. — Reviro os olhos diante da ordem.  Nunca me dei bem com Deise desde criança, ela quebrava meus brinquedos, ria dos meus vestidos, entre outras coisas. Na adolescência a coisa só piorou, ela sempre queria os mesmo garotos que eu, e o pior é que ela conseguia. Nunca fomos rivais, e sim opostas em tudo.  — Acho que você deveria comprar umas roupas novas, chegar arrasando nesse noivado. — Diz Marina entre uma garfada e outra. Hoje o movimento está fraco na clínica, então podemos almoçar juntas.  — Para quê?  — Pergunto sarcástica.  — Mostrar que está bem, feliz. — Suspiro.  — Mas eu estou bem, mesmo solteira, estou feliz. — Ela me olha intrigada.  — Se você diz.  Não é isso que me incomoda em ir para casa no noivado de minha prima, a questão é as comparações que irão fazer. Temos a mesma idade, e sempre houve comparações entre a gente, e eu odeio isso. Minha mãe continuou a me ligar o resto da semana, para caso eu esquecer da tal festa. Chegou a sexta-feira, não fui para a academia, depois do expediente peguei a estrada. Chego por volta das nove da noite. Atravesso o portão e já posso ouvir o burburinho de vozes vindo da área social da chácara. Era de se esperar que todos estivessem reunidos até mais tarde, esse povo ama uma festa. — Filha! — Grita minha mãe assim que me vê. Ela caminha até mim com os braços abertos, até parece que não me vê a anos. — Oi, mãe. — Digo enquanto ela me esmaga em seu abraço. — Que bom que você veio, achei que iria nos dar o bolo. —  Cumprimento todos depois de minha mãe me largar. — Olha, você veio priminha. — Ouço a voz de Deise atrás de mim. Viro lentamente com um sorriso no rosto. — Claro, não perderia esse momento por nada. — Digo calmamente. — Aliás, meus parabéns. — Obrigada. — Ela me abraça, seu perfume doce enche minhas narinas me enjoando. A festa começaria no sábado, um buffet foi contratado, assim como decoradores, com certeza os melhores, já que a família é chegada em um exagero.  O noivo de Deise é um homem baixinho, de poucas palavras, nada a ver com ela, mas quando vi os dois juntos e os sorrisos e olhares que trocavam pude perceber que eram felizes e que se amavam, sorri sabendo que aquela insuportável está feliz. Dormir no meu antigo quarto é ótimo, sempre que fico aqui tenho um sono de criança. Eu até tentei ficar até mais tarde na cama, mas foi impossível, às sete da manhã já havia um som alto estrondoso na piscina, as crianças já gritavam, por mais afastada que fosse a casa dos meus pais, dava para ouvir tudo. E hoje minha irmã chega com a família, estou ansiosa para vê-los.  Lana está atualmente morando em outro estado, devido ao trabalho do marido, por isso nos vemos pouco, morro de saudades dela e de minha sobrinha.  Saio da cama, com uma preguiça enorme, tomo um banho frio para acordar. Visto um short e uma camiseta. A casa está silenciosa, o que significa que estou sozinha. A mesa do café está posta, me sento e como uma salada de frutas com um suco de laranja. O dia está bonito, o sol brilhando e o céu azul.  Deixo um bilhete para minha mãe, avisando que fui dar uma caminhada, calço meus tênis e saio pelo portão de trás da propriedade. Caminhar por aqui é relaxante e solitário, a pequena estrada de chão é cercada de árvores, no final da rua tem um sítio que possui uma cachoeira magnífica que frequentei muito na minha adolescência.  Caminho por meia hora, nem um carro passa por mim ou se quer encontro alguém pelo caminho. Me aproximo da cachoeira. Uma caminhonete parada na entrada da trilha chama minha atenção, tenho a impressão de já ter visto esse carro em algum lugar, ignoro o carro e começo a descer a trilha devagar.  Pelas brechas do mato posso ver a água, três pessoas estão sentadas na borda, um homem e duas mulheres. De onde estou posso ver uma das mulheres beijar o homem, a outra entra na água, quando volta beija o homem também, as mãos dele acariciam as nádegas da outra, eles trocam beijos e carícias quentes. Quando uma delas se afasta vejo o rosto do homem, Gavriel.  Termino de descer a trilha, me sento do mais afastado possível deles, os três continuam se pegando, ignoro eles. 
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