Capítulo 3. Começo da adolescência

773 Words
A entrada na adolescência trouxe mudanças intensas para ambos, físicas, emocionais e até profissionais. E, pela primeira vez, começaram a seguir caminhos que não se cruzavam tão naturalmente. Adrian Ashbourn – O Gênio Silencioso Aos quatorze anos, Adrian já era considerado pelos engenheiros da empresa um prodígio.Enquanto outros adolescentes estavam descobrindo festas, ele passava tardes inteiras na oficina central da Montreuil & Ashbourn, desmontando motores, criando projetos, escrevendo cálculos que nem profissionais experientes entendiam de primeira. Richard dizia com orgulho: — Meu filho nasceu para isso. Ele não aprende… ele absorve. E era verdade. Adrian falava pouco, ficava sempre com o rosto sério, expressão analítica.Os olhos castanhos claros varriam tudo como se guardassem cada detalhe para depois reorganizar o mundo dentro da cabeça. Os funcionários o chamavam de: “O garoto que pensa como um engenheiro e fala como um adulto.” E, entre as folhas de cálculos, projetos de novos sistemas de resfriamento, ideias aerodinâmicas e aprimoramentos de segurança, Adrian brilhava de um jeito que ninguém conseguia ignorar. Mas… Ele não desejava ser popular. Não gostava de festas, muito menos de flashes.E estava sempre no lugar em que se sentia confortável: No silêncio. Nos motores. E longe dos holofotes. Eleonora Montreuil —A Adolescente que Virou Apresentação de Luxo Eleonora, por sua vez, transformou-se em algo que ultrapassava qualquer expectativa. Aos treze anos, já era considerada linda. Aos quatorze, deslumbrante. Aos quinze, as portas do mundo da moda se abriram como se tivessem sido feitas para ela. Loira, alta, pele clara impecável, olhos azuis quase luminosos ela chamava atenção onde passava. As marcas de carros queriam que Ela participasse das campanhas da empresa, grifes de luxo a convidavam para editoriais, fotógrafos disputavam sua presença. E, diferente da infância… Ela já não se interessava tanto pelos carros. Gostava das viagens, das roupas, das luzes, dos flashes. Adorava conversar, dançar, tirar fotos e conhecer pessoas novas. Sua mãe dizia, orgulhosa, dizia: — Minha filha nasceu para brilhar. E Eleonora realmente brilhava nas passarelas, nas revistas, nas festas de gala. Era curioso observar como, mesmo crescendo sob o mesmo império, eles seguiam rotas opostas: Adrian, escondido em oficinas, mergulhado em cálculos e teorias. Eleonora, rodeada de amigos, risos, convites e flashes. Por um tempo, mantiveram a amizade intacta. Mas a partir dos quinze anos, algo começou a mudar. Eleonora se afastava sem perceber. Ela chegava em eventos acompanhada de grupos de amigos barulhentos, modelos, influenciadores. Adrian ficava um pouco afastado, em algum canto com um projeto nas mãos. Ela passava, sorria, abraçava ele,mas logo desaparecia novamente na multidão. Adrian se afastava porque não gostava daquela gente toda junto deles.Ele não sabia lidar com o fato de que ela era tão… vista. Desejada. Comentada. E que ele, ao lado dela, parecia sempre o “garoto sério”, “o futuro engenheiro”, “o Ashbourn silencioso” ou "o mero amigo de infância". Ele sabia que Eleonora não o via assim, mas seus amigos sim. Ainda aos quinze Eleonora teve sua primeira campanha internacional. Viagens. Entrevistas. Compromissos. E Adrian… estava cada vez mais focado. Em uma festa da empresa, um evento gigantesco em Genebra, Eleonora entrou como se fosse a própria encarnação da elegância. Vestido azul petróleo, cabelo impecável, sorriso luminoso. As pessoas literalmente viravam para olhar. Adrian estava ao fundo, conversando com um engenheiro sênior sobre um novo sistema elétrico. Mas, por um momento, seus olhos se ergueram… E ele ficou imóvel. A Eleonora que entrou ali não era mais a menina de riso fácil segurando sua mão para invadir oficinas. Era uma jovem mulher inacessível. Brilhante demais. Distante demais. Os jovens do evento se aproximaram dela, querendo fotos, conversas, elogios. E a única coisa que Adrian conseguiu fazer foi voltar a olhar para o projeto, fingindo não se importar. Certa tarde, Adrian entrou na sala da casa Montreuil procurando por ela para lhe mostrar um novo desenho de motor híbrido que tinha criado. Eleonora estava se arrumando para uma sessão de fotos. Ela o olhou pelo espelho e, sem perceber a importância do momento, disse com pressa: — Ad, agora não. Você pode me mostrar depois? É que estou atrasada, me desculpa. Ele ficou em silêncio. Abaixou o papel. E respondeu apenas: — Claro, Nora. Eleonora nem percebeu a sombra que passou pelo olhar dele. E, quando saiu correndo, deixando perfume e brilho para trás… O desenho ficou dobrado no bolso dele, esquecido por semanas. Mesmo sem brigarem, sem dizerem nada, algo entre os dois começou a rachar. Ainda estavam ligados… mas agora com distância, com silêncio, com dúvidas. A infância tinha acabado. E a adolescência estava começando a testar aquele laço.
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