Capítulo 24. A noite não acabou

484 Words
O evento finalmente terminou ou pelo menos parecia ter terminado. Adrian soltou o ar devagar quando os últimos convidados se dispersaram. Tinha passado horas falando com empresários, respondendo perguntas técnicas, sorrindo para fotos… e fingindo uma cordialidade impecável ao lado de Eleonora. Eleonora, por sua vez, já sentia o salto machucar, o vestido colar onde não devia e o sorriso social quase rachando. Sua pose elegante permanecia intacta, mas por dentro ela só queria sumir. Ambos pensaram a mesma coisa, sem saber: Finalmente acabou. Mas seus pais tinham outros planos. — Vamos todos jantar para comemorar! — anunciou a mãe de Adrian, empolgada. Os olhos dos dois herdeiros se arregalaram ao mesmo tempo. — Jantar? — Eleonora repetiu, incrédula. — Agora? — Claro, querida! — disse a mãe dela, radiante. — Precisamos celebrar o sucesso do lançamento. E nós já reservarmos um lugar maravilhoso. Adrian tentou argumentar: — Pai, eu estou realmente cansado, poderia só— — Não. — seu pai sorriu, firme. — Você foi impecável hoje. É importante estar presente na celebração também. Eleonora olhou para Adrian como se ele fosse o culpado pessoalmente. Ele revirou os olhos, frustrado, como se dissesse não fui eu. Restaurante La Tambouille um dos mais luxuosos da cidade. Ao chegarem, foram recebidos por um maître de luvas brancas que os conduziu até uma mesa grande no centro do salão, com vista panorâmica para a cidade. Lustres de cristal pendiam do teto, e violinos tocavam uma música baixa e sofisticada. A mesa era redonda, seis lugares, luxuosamente posta. Os pais se sentaram primeiro, sem nem perceberem o detalhe mais c***l: — Eleonora, sente-se aqui ao lado do Adrian, querida. — disse a mãe dela apontando para o assento vago entre eles. O pai de Adrian completou: — Vocês dois representam o futuro da empresa. Os dois se encararam por uma fração de segundo. Pânico silencioso. Desespero elegante. Orgulho ferido em ambos. Mas não tinham escolha. Eles se sentaram lado a lado. Tão perto que seus braços quase se encostavam. Tão perto que cada movimento mínimo respirar, ajustar o guardanapo, recostar na cadeira se tornava uma disputa silenciosa por espaço. Adrian virou o rosto discretamente para o lado oposto, endireitando o paletó. Eleonora ajeitou o cabelo, cruzou as pernas e ergueu o queixo, ignorando-o veementemente. Os pais conversavam animados sobre vendas, contratos, viagens, enquanto bebiam vinho. Nenhum deles notava a tensão quase palpável entre os filhos. Adrian murmurou, sem olhar para ela: — Parece que o universo gosta muito de me punir quando envolve você. Eleonora nem disfarçou o sorriso sarcástico. — Engraçado, pensei exatamente o mesmo. Um garçom se aproximou com taças. — Champagne? Os dois levantaram suas taças ao mesmo tempo, sem querer, e o leve toque do cristal ecoou suave, mas carregado de ironia. E enquanto brindavam com seus pais, Adrian e Eleonora perceberam uma verdade incômoda: A noite estava longe, muito longe, de acabar.
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