capítulo 02

2505 Words
FELICITY Sabem aquele ditado que diz que a curiosidade matou o gato? então, acho que eu acabei de comprovar que é verdadeiro. Eu não sou desobediente, sempre gostei de seguir as regras, aprendi desde de cedo que pra quem quebrava as benditas regras sempre haveria punições, digamos que minha vida no internato não foi um mar de rosas, e também eu era uma criança muito curiosa. Minha madrinha foi incisiva quando disse que eu não poderia ir ao andar de cima, principalmente a ala oeste, acontece que essa proibição aguçou minha curiosidade de uma forma tão intensa que foi impossível resistir, caminhei disfarçadamente até o pé da escada e como quem não quer nada, subi o primeiro degrau, aproveitando que minha madrinha estava distraída, me atrevi a subir o segundo degrau, a cada degrau que eu subia meu coração acelerava um pouco mais, eu sabia que não tinha permissão pra vir aqui, mas quando minha razão finalmente resolveu acordar era tarde demais, eu já tinha subido todos os degraus e agora a ala oeste chamava minha atenção, era como se uma voz me guiasse em direção a porta que estava aberta no fim do corredor, respirei fundo e como se minhas pernas tivessem vida própria caminhei a passos lentos até a bendita porta, ouvi meu nome ser pronunciado de forma desdenhosa e como se fosse um incentivo adentrei silenciosamente. Arregalei os olhos assustada quando encarei a figura masculina a minha frente, cabelos comprido, barba mais comprida ainda, e pela a amargura que seu semblante exibia dava pra ver o quanto era solitário e infeliz, prendi minha respiração assim que ele pareceu notar minha presença, eu tinha quebrado as suas regras e com certeza seria punida. — Quem está ai? esbravejou enraivecido, imediatamente paralisei. — Responda! rosnou se possível mais furioso. Levei a mão a boca sufocando um grito assustado quando ele jogou com toda a força um objeto qualquer que pegou em cima da mesa em minha direção, por pouco não me acertou. — Vá embora! gritou alto. — Não quero ninguém aqui, não pensei duas vezes, minhas pernas fizeram o caminho de volta em menos de cinco segundos, corri o mais rápido que pude e quando terminei de descer as escadas senti meu coração preso em minha garganta. — Raissaaa! o ouvi gritar o nome de minha madrinha, instantaneamente me pus em alerta, ele parecia uma fera de tão bravo, tremi de medo. — Por Deus Felicity o que você fez? minha madrinha perguntou temerosa, o medo brilhava em seus olhos. Eu estava paralisada, nem um som escapava de minha garganta, minha madrinha subiu as escadas correndo em direção a fera, tive medo por ela, então corri atrás dela. — Alguém se atreveu a entrar no meu quarto e ficou me observando! gritou assim que sentiu a presença de minha madrinha. — Foi sua afilhada entrometida não foi? e ela ainda está aqui, eu a quero fora daqui imediatamente, esbravejou. — Sr.Queen ela não fez por m*l, Raissa veio em minha defesa. — Por favor não a mande embora, a coitada da minha madrinha já estava chorando, senti-me culpada por isso. — Eu a quero fora da minha casa agoraaaa! estremeci e senti cada molécula do meu corpo vibrar de medo quando a fera virou a mesa e tudo o que tinha em cima dela espatifou-se no chão. Eu não tinha alternativa teria que enfrenta-lo. — Você é louco? esbravejei. Na mesma hora sua atenção se volto a mim, não recuei. — Você! apontou a bengala na direção da minha voz, me encolhi. — Fora da minha casa agora, foi grosso e incisivo, olhei por uma fresta da cortina e deu pra ver que caia um temporal lá fora, nem louca eu iria embora debaixo da chuva, eu nem percebi quando começou a chover de tão aflita que eu estava. — Só se eu fosse louca pra sair debaixo de chuva, rebati dando de ombros e minha madrinha arregalou os olhos não acreditando em minha coragem. — Isso não é problema meu, você desobedeceu a regra mais importante e isso eu não tolero, foi incisivo, revirei os olhos em indignação. — Tudo bem! gritei de volta. — Quando parar a chuva eu vou embora, dei o braço a torcer. — Mais a minha madrinha vai comigo! gritei se possível mais alto, minha garganta já estava até doendo. — Não! ela fica, você vai, berrou mais uma vez, sorri sem achar graça. Inflei o peito e disparei a falar, minha madrinha não conseguia dizer nada de tão nervosa coitada. — Acha mesmo que depois de ver como você a trata eu vou deixá-la aqui? falei confiante. Ele abriu a boca pra soltar mais um berro, mas não o deixei falar. — Cala boca que eu ainda não terminei de falar, o enfrentei, e o senti vacilar. Eu até poderia ir embora, mas antes lhe diria umas verdades. — Eu sinto muito o aconteceu com você, de verdade eu lamento profundamente por você não poder enxergar e tudo, mais isso não justifica e nem te dar o direito de trata as pessoas ao seu redor como lixo, eu estava sentindo-me corajosa, senti sua respiração acelerar, ele estava bufando de raiva, aposto que ninguém nunca o enfrentou desse jeito, continuei. — Não têm duas horas que eu cheguei e você já gritou com a minha madrinha mais vezes do que eu posso contar nos dedos, falei sem sentir-me abalada. — Então pode ter certeza que se eu for embora ela vai comigo, fui incisiva. — Felicity, filha por favor, minha madrinha finalmente conseguiu falar. — Não madrinha, dei dois passos a frente em direção a criatura bufando diante de mim , seus olhos sem vida estavam vermelhos de raiva, eu estava com medo, mas cutuquei a fera com vara curta e agora era tarde de mais para fugir. — Eu sinto muito por ter invadindo o seu espaço, eu peço desculpas por isso, , respirei fundo. Mas não vou te pedir pedir desculpas por falar a verdade, — Quem você pensa que é pra tratar as pessoas como se fossem um nada, suspirei pesado. — Eu vou dizer quem você é, minha madrinha tocou em meu braço mas não lhe dei atenção. — Você é um pobre infeliz, que se isolou do mundo por que sente pena de se mesmo, prefere viver como uma fera enjaulada do que ter a companhia de pessoas que poderiam gostar de você de verdade, você não aceita a pena delas mas é você quem sente pena de se mesmo, você usa suas frustações e tragédias como motivo pra tratar m*l as pessoas... — SAIA DO MEU QUARTO AGORAAAA! estremeci de medo quando de repente ele avançou em minha direção e segurou forte em meus braços, seu rosto ficando tão perto do meu que pude sentir seu hálito mentolado . droga eu deveria ter corrido quando tive chance. — ME SOLTA! VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO SEU ANIMAL, esbravejei tentando sair de seu aperto que só se intensificou. — VOCÊ É UMA ABUSADA ENTROMETIDA, EU NÃO QUERO SEQUER OUVIR SUA RESPIRAÇÃO! gritou ao mesmo tempo que me empurrou sem nenhuma delicadeza, se não fosse por minha madrinha ter me segurado eu com certeza tinha caído de b***a no chão. — NÃO SE PREOCUPE, MINHA MADRINHA E EU VAMOS EMBORA, PODE FICAR COM A SUA INFELICIDADE E A SOLIDÃO SÓ PRA VOCÊ, não lhe dei chance de responder, puxei Raissa pelo braço e saímos do quarto o mais rápido que podemos, mesmo com o coração na mão ainda parei o observando, Minha madrinha e eu nos abraçamos quando o vimos berrar e quebrar tudo com uma violência que eu nunca vi igual, ele esmurrava os móveis e as paredes com as mãos sem se importar se estava se machucando, alguns minutos depois ele caiu sentado no chão acho que de tão cansado, suas mãos sangrava de tão ferida que estava, mais foi seu choro amargurado e sofrido que chamou minha atenção. aquela cena quebrou meu coração de tantas formas que não resisti ao impulso de correr em sua direção e abraça-lo, eu realmente não tinha medo do perigo iminente . Ele se afastou com hostilidade no exato momento que sentiu minha presença, como eu disse era uma fera enjaulada. — Me deixa em paz, não preciso da sua ajuda nem da ajuda de ninguém, dessa vez ele não gritou mas o som de sua voz ainda era de ameaça, suspirei cansada. — Você não querer ajuda e precisar, são duas coisas bem diferentes, falei em um tom calmo. — Ouça-me , dei uma pausa suspirando cansada. — Eu prometo que vou embora assim que passar a chuva, mas agora vou cuidar desses ferimentos mesmo que você não queira, falei confiante — Eu o aconselho a não resistir, você pode ser bravo e furioso mais não é dois, além disso eu sou médica é meu dever cuidar dos feridos, acho que essa última informação o surpreendeu. — Você não pode ser médica é muito jovem sua madrinha disse que só têm vinte e três anos, respondeu ríspido. — Sou um gênio, entrei na faculdade muito nova, sorri orgulhosa de mim mesma. — Então, vai me deixar cuidar desses ferimentos por bem ou por m*l? só pra avisar conheço muitas formas de deixar um homem imóvel, falei em um tom de diversão e ele apenas bufou, suspirei frustrada. minha madrinha foi até o banheiro e trouxe uma caixa de primeiro Socorros, agradeci em silêncio. — Você vai ter que ficar em outro quarto até esse ser arrumado, falei enquanto limpava os ferimentos de suas mãos que com muito custo ele permitiu-me limpar. — Eu vou ficar aqui mesmo, não pense que só por que baixei a guarda esqueci de sua insolência, garota abusada, foi rude, revirei os olhos em resposta. — Acho que acertei quando disse que iria ganhar um pé na b***a de presente de aniversário, sorri sem achar graça e senti sua respiração se alterar. — Eu quero ficar sozinho, foi duro e na mesma hora levantou-se e começou a andar acho que em direção a cama, como estava tudo revirado tropeçou em vários objetos, fiz menção de ajudá-lo mais minha madrinha me impediu. Soltei um suspiro pesado, eu estava com raiva por ele ser insuportável, mas de certa forma eu o compreendia, acho que nem sempre ele foi uma fera raivosa, no fundo ele era só alguém muito infeliz. OLIVER Eu nunca conheci alguém que tivesse coragem o bastante pra me desafiar como essa garota insolente estava fazendo, eu não sei se a admirava por isso ou ficava ainda mais bravo. Eu fiquei tão furioso com sua invasão que me descontrolei como nunca tinha feito antes, isso me assustou, só me dei conta do que fiz quando cai sentado no chão de tão cansado que eu estava, e nesse momento baixei a guarda. Será que ela estava certa? tanto tempo isolado do mundo civilizado deixou-me parecido com uma fera enjaulada? Suas palavras martelava em minha cabeça. — Você é um pobre infeliz que que se isolou do mundo por que sente pena de se mesmo! Prefere viver como uma fera enjaulada do que ter a companhia de pessoas que poderiam gostar de você de verdade. Não, ela está errada, tem que está, não vou deixar uma garotinha colocar coisas em minha cabeça, eu afastei todos por que não aguentava que sentissem pena de mim, e eles sentiam, todos eles, principalmente minha mãe e minha irmã, por isso preferi a solidão, é muito melhor do que a compaixão, ou será que não? — Maldita garota insolente! conseguiu entrar em minha cabeça, soquei a cama com força e sentir meus dedos doerem, reprimi um palavrão. Por que que eu estou pensando nela? eu nem a conheço, eu até a mandei embora, minha cabeça estava uma confusão, minha mente estava em guerra e era tudo culpa da entrometida, levantei-me em um pulo. Se ela for embora mesmo vai levar a Raissa eu tinha que fazer alguma coisa, Raissa era a única que me ajudava. Eu geralmente não ia lá em baixo mais conhecia muito bem a casa e podia andar normalmente sem tropeçar em nada, só não descia as escadas, eu usava um elevador especial para alguém com a minha condição. Eu esperava não encontra-la não queira entrar em outra briga mas foi impossível não seguir o som da sua voz. — Que belo presente de aniversário, a ouvi resmungar com ironia e uma tristeza me atingiu em cheio , reprimi um suspiro frustrado. — É melhor você arrumar suas malas madrinha, ainda bem que eu nem desfiz as minhas, eu não podia ver seu rosto mais sua voz estava carregada de emoção. — Felicity filha se acalme, espere até amanhã, quando ele estiver calmo eu falo com ele e peço a ele pra te deixar ficar, Raissa como sempre tinha uma voz gentil. — Ficar aqui! só se eu fosse louca, olha só o que aquele animal fez comigo, deixou marcas em meus braços, estremeci ao ouvir seu desabafo, logo eu que nunca fui um homem violento estava sendo chamado de animal e comparado a uma fera selvagem, isso me assustou de verdade. — Você não precisa ir embora, pode ficar o tempo que quiser, decidi me fazer presente, não pude ver suas reações mais sabia que estavam assustadas, dava pra sentir seus batimentos cardíacos acelerado. — Muito obrigada, agradeço sua gentileza mais não aceito, a entrometida que eu sei que se chama Felicity falou com a voz irônica. — Escuta aqui sua entrometida, nada disso teria acontecido se você não tivesse enfiado seu nariz onde não foi chamada, se você quiser ir, ótimo! eu não me importo, mas a Raissa fica, fui incisivo. — Mas é claro que ela vai embora comigo, eu não vou deixar ela aqui com você, ela rebateu petulante. — Ela fica! falei sério. — Você é um grosso e******o e m*l educado, cuspiu as palavras sem medo. — E você é uma entrometida que .... — CHEGA COM ESSA BRIGA! fiquei em choque ao ouvir a voz da Raissa ecoar tão alto, acho que essa era a primeira vez que ela gritava. — Desculpa, mas eu acho que essa briga não vai nos levar a nenhum lugar, Raissa falou mais calma. — Sr.Queen eu não quero deixá-lo, mas também não posso abandonar minha afilhada, por favor vocês podem conversar civilizadamente e entrar em um acordo, senti a voz de Raissa sair um pouco arrastada e eu sabia que estava nervosa. — Eu fico se ele pedir desculpas, Felicity falou e eu sorri debochado. — Eu não peço desculpas, falei sério. — É claro que não, isso seria um absurdo né! e lá estava ela com sua língua afiada, fechei as mãos em punho. Ao que parece essa garota não tinha medo de nada, muito menos de me enfrentar, eu teria que ensinalá-la a saber qual era o seu lugar, Um pensamento passou por minha cabeça. Que os jogos comecem...
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD