Capo Dei Capi

Capítulo 2

Como ontem foi o meu dia de trabalhar, hoje é o meu dia de folga, e me dei a liberdade acordar um pouco mais tarde, então quando eu acordei a minha casa já se encontrava vazia, minha mãe foi trabalhar e a minha irmã foi para escola, então como faço em todas as minhas folgas, eu dou uma bela limpada no meu quarto enquanto deixo as minhas músicas preferidas tocando na televisão. Como a música sempre me deixa empolgada, eu acabei limpado toda a casa, assim como também lavei a garagem e coloquei as roupas sujas na máquina de lavar, até porque a blusa que tenho que usar no trabalho se encontra suja.

Infelizmente o mercado só dá duas blusas para os funcionários que trabalha no caixa, e uma vez ou outra, sempre ocorre das minhas duas blusas ficarem sujas, então sempre acabo sendo obrigada a lavar elas correndo, para logo em seguida colocar pelo menos uma atrás da geladeira, para que ela possa ficar seca até as sete horas da manhã, do dia seguinte.

Com a casa limpa e as roupas finalizadas, eu vou tomar bom banho quente para relaxar o meu corpo, para em seguida comer alguma coisa enquanto começo a preparar o almoço/janta, já que a minha irmã daqui a pouco está saindo da escola e a minha mãe do trabalho, e quando eu termino tudo que eu tinha para fazer, eu finalmente vou para sala e me deito no sofá, para poder assistir alguma coisa na televisão.

Muitas pessoas acham que é fácil trabalhar doze horas, para estar de folga no dia seguinte, mas eu não vejo isso como uma coisa boa, um dia eu trabalho no mercado e no outro eu trabalho dentro de casa, então para dizer a verdade eu não tenho folga nem uma.

- Cheguei. – Minha mãe diz assim que passa pela porta da sala, e enquanto ela segura a sua bolsa em uma mão, na outra estão as sacolas do mercado do bairro.

- Oi mãe. – Me levanto do sofá e ando na sua direção, onde eu pego as sacolas da sua mão. – Como foi no trabalho?

- Foi tudo bem. – Ela me responde enquanto me segue na direção da cozinha. – Foi tudo bem aqui em casa?

- Foi. – Concordo colocando as sacolas do mercado em cima da mesa comprida que tem na cozinha, e começo a tirar as coisas de dentro delas. – Hoje eu dei uma boa limpada na casa, lavei algumas roupas sujas que estavam no cesto, e fiz o jantar.

- Eu ia lavar as roupas quando chegasse em casa, passei no mercado e comprei sabão em pó. – Ela diz sentada na cadeira.

- Eu consegui lavar algumas peças, com o sabão que tinha aqui. – Tiro alguns salgadinhos de dentro da sacola. – Vai tomar banho enquanto a Amanda não chega, já coloquei a sua toalha no banheiro.

- Ok, mas pode deixar que eu coloco as roupas que sobrou para lavar. – Ela se levanta da cadeira, e pega a sua bolsa novamente.

- Tá. – Eu concordo, e quando ela sai da cozinha, eu volto a guardar as coisas que ela comprou no mercado.

Quando chega no final do mês e não temos dinheiro para fazer uma grande compra, a gente sempre compra no mercadinho do bairro o que precisa, e esperamos chegar o dia primeiro, que é quando nós duas recebemos e vamos até o mercado atacadista, e fazemos a compra do mês.

Luísa Alves Campos, uma mulher incrível e que eu tenho o maior orgulho do mundo de dizer que ela é a minha mãe, ela é uma linda mulher de 40 anos, e muitos costuma dizer que somos irmãs já que ela não aparenta ter essa idade, assim como eu ela tem olhos castanhos, mas o seu cabelo é preto já que ela sempre o pinta, para conseguir ter os seus fios na cor preto azulado. Ela me teve quando tinha somente 18 anos, então posso dizer que ela é uma mãe completamente moderna, ela nunca foi de me prender dentro de casa, ou dizer com quem eu posso sair ou para a onde eu não posso ir, ela sempre me dá a opção de escolher o que eu quero, mas como eu sempre fui muito ficada nos estudos, eu não aproveitei essa liberdade que ela me deu e eu acabei amadurecendo muito rápido. Mesmo agora eu tendo 22 anos, eu ainda sou a criança da minha mãe, ela sempre me dá aquilo que eu quero e que ela tenha condição de comprar, e quando saio de manhã para trabalhar, ela sempre me pede para avisar a ela, mesmo que ela esteja dormindo, e sempre que eu chego no trabalho, eu mando mensagem para ela, avisando que cheguei.

Ela é a verdadeira mãe coruja moderna.

A minha irmã mais nova se chama Amanda Campos Sanches, ela tem 12 anos, como eu sou praticamente a cópia fiel da minha mãe, Amanda virou a cópia do meu pai, os seus cabelos castanhos são enrolados e os seus olhos são azuis. Quando os meus pais se separam, a Amanda era muito nova, o que levou a minha mãe a ter medo que ela entrasse na crise da criança rebelde, mas por sorte e pelo pulso forte que a minha mãe teve, Amanda continuou sendo uma criança calma, e agora que ela está entrando na adolescência, ela continua calma.

Mesmo com a separação, os meus pais continuam amigos, o que é uma coisa boa, já que todos os finais de semana a minha irmã passam na casa dele, e antes de começar a trabalhar, eu também ia para lá passava todo o sábado e domingo com a minha família paterna, mas agora só consigo ir em um sábado ou em um domingo, mas eu ainda converso com o meu pai por telefone, frequentemente.

Assim que termino de guardar as coisas, eu coloco as sacolas em uma das gavetas, e ligo o fogão para esquentar um pouco a comida que eu fiz.

E enquanto a comida está esquentando no fogão e a minha mãe está tomando banho, eu não deixo de pensar como a nossa vida seria um pouco mais fácil, se não tivéssemos que pagar o aluguel. Juntando o meu salário com o da minha mãe, a gente tem três mil por mês, mas somente o nosso aluguel é novecentos por mês, aí vem as contas de casa, temos que compra mistura para todo o mês, e como a minha mãe também trabalha em mercado, a gente que usar parte do nosso salário para fazer a compra do mês, e como as coisas estão tão caras no mercado, para fazer uma boa compra, a gente gasta quietos reais no mínimo.

Se sairmos do aluguel, as coisas ficam mais fáceis.

E pensando nisso, a proposta de trabalho que a Clara me falou, passa a ficar cada vez mais tentador.