Capítulos 1 e 2

3506 Words
Com o olhar fixo em um ponto distante através da janela, Daniel McCain observava a movimentação de pessoas e cargas acontecendo no complexo empresarial que leva seu nome. Um deles na verdade. Dono de um império absurdo composto por empresas e indústrias dos mais diferentes segmentos, aquela era só uma pequena parte de seu rico patrimônio. E ele achava tudo isso um tédio. Por ser a prova viva de que dinheiro atrai dinheiro, McCain nunca teve muito com o que se preocupar. Na verdade, foi tudo bem fácil para ele, mas não dado de bandeja como acontece com os herdeiros ricos. Ao contrário do que a maioria possa pensar ao vê-lo em um de seus muitos carros de luxo, sua família nunca possuiu fortuna ou patrimônio. Na verdade, ele foi o único McCain que nasceu com o toque de Midas e por isso nunca entendeu a dificuldade que as pessoas tinham para multiplicar dinheiro afinal, para ele tudo era uma questão de matemática, pura e simples. Quando se formou com excelentes notas na faculdade de economia, decidiu que era hora de usar sua lógica para alcançar seus objetivos. Como havia se dedicado ao estudo do mercado financeiro desde sempre, sabia exatamente o que fazer: administrar o dinheiro de quem não sabia fazê-lo sozinho. Procurou empresas que beiravam a falência e ofereceu seus serviços de graça, com a única condição de ter um percentual nos lucros quando o negócio prosperasse. Alguns empresários, cujas empresas iam muito m*l das pernas acharam tão intrigante sua proposta que aceitaram dar carta branca àquele jovem que m*l conheciam. Afinal, o que tinham a perder? Na verdade, não sabiam ainda, mas tinham muito a ganhar. E ganharam. Não importa qual fosse o ramo de atuação, McCain virava as noites estudando sobre ele, se afundava em livros contábeis e documentos e não parava nem para comer ou dormir enquanto não encontrasse as falhas existentes e as soluções em potencial. E então acontecia o milagre. Em alguns meses as empresas se recuperavam e começavam a dar lucro, os quais os empresários tinham prazer em dividir com o seu salvador. E não importava quanto tempo ele tinha passado vivendo da pequena quantia enviada por seus pais para sua subsistência, porque após a primeira empresa já não precisava mais do dinheiro deles. As notícias sobre as suas realizações correram rápido e em pouco tempo não precisava mais procurar oportunidades, elas vinham até ele e McCain passou a ser disputado à t**a. Com o passar dos anos, além do percentual sobre o lucro também passou a obter sociedade em alguns negócios, comprando-os posteriormente em sua totalidade. E assim nasceu a lenda. Foi tudo tão rápido, tão fácil, mas ele nunca se surpreendeu. Sabia exatamente quem era e quão alto iria chegar, era só uma questão de tempo. Mas agora veio o tédio. Não tinha mais o que alcançar, no que se entreter. As engrenagens que criou para seu negócio rodavam tão perfeitamente que ele não tinha com que se preocupar. Conheceu os lugares que queria, aprendeu o que interessava e estendeu seus tentáculos por diversos países, mas...o que viria depois? Era o que ele se perguntava olhando para aquela vidraça, quando a secretária anunciou que seu braço direito e fiel escudeiro Jeremy precisava vê-lo. Jeremy havia sido escolhido a dedo dez anos antes, após um intenso processo seletivo feito do começo ao fim pelo próprio McCain. Ele o testou de todas as maneiras imagináveis e levou-o propositadamente à exaustão mental, forçando-o ao máximo para que desistisse. Afinal, quem quisesse ocupar o muito bem remunerado cargo oferecido, tinha que estar à altura da exigência de McCain. Então, quando Jeremy passou as sete primeiras fases, o desafio realmente começou. Ele recebia ligações de madrugada com tarefas impossíveis, era acordado às seis da manhã para testes surpresa (que envolviam ir para o aeroporto e pegar um voo reservado sem seu conhecimento, para ir à lugares inimagináveis, sem nem mesmo saber o porquê) e era chamado ao escritório em plena tarde de domingo para que providenciasse a solução de problemas complexos em prazos absurdamente curtos. Mas ele não desistiu. Sabia que um lugar ao lado de McCain lhe abriria todas as portas que pudesse desejar e repetia para si mesmo que ficaria por apenas três anos para consolidar sua carreira e então seguiria em frente. Acontece que, por motivos que ninguém conseguia explicar, ele já trabalhava há dez anos sob as ordens diretas do sistemático poderoso e ainda não havia desistido. A esta altura nada mais o surpreendia, por isso quando McCain anunciou que faria ele mesmo as entrevistas para o cargo em aberto de superintendente de marketing, Jeremy apenas assentiu com a cabeça, como se fosse completamente necessária essa intervenção e como se não houvesse um departamento inteiro capaz de se responsabilizar por essa tarefa ou pelo menos por filtrar a busca para facilitar as coisas. - Fiz uma lista com os principais nomes do mercado, Jeremy. Procure-os e agende um horário, quero conversar com todos pessoalmente a partir de amanhã de manhã. - Sim, senhor. - O que temos para esta manhã? - Tudo sob controle, apenas uma reunião às dez da manhã com os novos investidores. - Desmarque. - Ok. – era impossível questionar o porquê, se ele mandou desmarcar Jeremy faria isso. - Está dispensado. - Sim senhor. Tenha um bom dia. Jeremy não esperou a resposta a seu bom dia. Sabia muito bem que ela nunca viria. Era realmente engraçado que mesmo acompanhando-o há dez anos em praticamente todas as suas atividades e sabendo tudo o que era possível saber sobre ele (não mais que o número que calça, as medidas de suas roupas, o número de seus documentos, seu endereço e sua rotina de trabalho) ele ainda não recebia sequer um bom dia, boa tarde ou boa noite. Mas isso já tinha deixado de incomodar há muito tempo e agora praticamente nem percebia. Competente como sempre, o braço direito ligou para cada nome da lista e agendou um horário para a conversa. Obviamente nenhum deles se recusou a encontrar-se com o poderoso McCain, somente alguém insano faria isso. Jeremy suspeitava que se tivesse oferecido o agendamento de um horário para que aqueles profissionais extremamente qualificados viessem lustrar os sapatos de seu patrão eles teriam aceitado felizes, tamanha a empolgação que seguia a simples menção do nome do mito. Exceto uma pessoa... - Por quê há apenas três horários agendados? – perguntou McCain olhando para lista que Jeremy lhe entregou. - Bem...um dos profissionais declinou o convite... Jeremy surpreendeu-se com a dificuldade que teve de dizer aquelas inéditas palavras. Uma pessoa havia declinado da presença de Daniel McCain, provando que a terra estava fora de seu eixo. – ... A Srta. Bárbara McNamara. – completou. – Pois bem. Você tem uma hora para convencê-la a comparecer. Vou atendê-la antes dos demais. – Mas... O olhar gélido e penetrante de McCain interrompeu seja lá o que fosse que Jeremy iria dizer. – Sim, senhor. E saiu da sala, pronto para enfrentar mais uma missão impossível. Capítulo 2 Quando a secretária anunciou que um representante da Companhia McCain estava na recepção esperando para vê-la, Bárbara McNamara não entendeu absolutamente nada, mesmo assim mandou-lhe entrar. – Senhorita McNamara eu entendo que não tenha interesse na proposta, mas eu realmente lhe seria muito grato se pudesse comparecer apenas para uma conversa... – tentava convencê-la Jeremy. Vinda de uma família com seus próprios negócios bem-sucedidos voltados para o ramo têxtil, Bárbara nunca planejou trabalhar em qualquer outro lugar. De fato, quando escolheu a carreira de publicitária já havia traçado um plano claro de como aquilo seria útil à McNamara Têxteis. Nas horas vagas, no entanto, havia auxiliado amigos de seus pais a elaborarem campanhas para suas empresas, o que sem querer acabou resultando em um incrível feito. Suas campanhas eram sempre criativas e bem aceitas pelo público-alvo, aumentando as vendas espantosamente, o que fez com que rapidamente fosse procurada por um sem número de interessados em seu talento publicitário. Antes que pudesse se dar conta, já estava à frente de sua própria agência de publicidade, a qual administrava com paixão, participando de cada etapa com satisfação. E isso era tudo o que havia sonhado. Estava feliz, completa, não precisava de mais nada. É claro que se sentia honrada por ter sido convidada à presença de alguém tão amplamente conhecido, mas não havia como qualquer proposta lhe interessar. Não aceitaria nada que pudesse prejudicar sua inteira dedicação à agência. – Senhor Jeremy, eu realmente agradeço por ter vindo, me sinto honrada. Porém isso será uma perda de tempo, tanto para ele quanto para mim e creio que, assim como eu, ele não quer desperdiçar seu tempo. Se quiser me deixar um e-mail eu posso inclusive justificar minha recusa por escrito e.... – Senhorita McNamara, desculpe interrompê-la, porém eu realmente preciso explicar-lhe a seriedade de meu pedido. Eu simplesmente não tenho como evitar insistir. Não a convencer a me acompanhar está fora de cogitação, se entende o que quero dizer. Fui incumbido de intermediar esse encontro e preciso fazer com que ele aconteça. O Sr. McCain nunca recebe recusas e não quero ser eu o primeiro a transmiti-la e.... – Pode ser mais direto por favor? – É claro. Ele não aceitará um não como resposta. – Entendo. Bom, já que está sendo direto, e eu acho isso ótimo, vou ser direta também: o que o senhor está me dizendo simplesmente só faz com que a minha quase nula v*****e de ir a esse encontro se torne inexistente, afinal, poderia me explicar que tipo de profissional é esse que não aceita um educado "não" como resposta? O senhor foi bem claro ao me dizer no telefone que o senhor McCain não tem interesse na prestação de serviços por parte da minha agência e que gostaria de discutir sobre um cargo interno, de superintendente de marketing, não é isso? Honestamente, porque eu consideraria a possibilidade de trabalhar com alguém intransigente a esse ponto? – Por favor, peço que encare isso como profundo interesse em suas habilidades. – Eu encaro isso como o que realmente é Sr. Jeremy, uma profunda falta de bom senso. – Eu entendo que possa parecer, mas lhe garanto que não é. Acredite, não insistiria se não fosse absolutamente necessária sua presença. – Pois tenha a bondade de dizer ao Sr. McCain que não me interesso e minha resposta é definitiva. Tenha um bom dia Sr. Jeremy. Jeremy a observou se levantar decididamente de sua cadeira e estender-lhe a mão. Olhou profundamente em seus olhos verdes e pensou que aquela definitivamente era uma mulher de opinião. Ou pouco juízo. Por fim achou melhor apelar para a sinceridade. - Srta. McNamara, estou lhe pedindo isso como um favor pessoal, do qual jamais me esquecerei e procurarei recompensar um dia, acredite. Por favor, eu sei que m*l nos conhecemos e que não poderia esperar que meu apelo a comova, mas eu realmente não sei o que pode acontecer se a senhorita não aceitar comparecer à essa conversa. Trabalho há dez anos para McCain e nunca, sequer uma vez, falhei em cumprir minhas atribuições. Não gostaria de descobrir quais seriam os efeitos disso. Consigo perceber claramente que é a senhorita é uma boa pessoa, já foi muito gentil em me receber. Lhe asseguro que também sou uma boa pessoa, mas tenho um superior digamos... exigente. Por favor Srta. McNamara, aceite me acompanhar. Bárbara o olhou fixamente e seu olhar refletia que estava sopesando as opções. Por fim, com um longo suspiro assentiu. – Está bem. Eu vou. Mas não pense que não lhe cobrarei esse favor no futuro – disse com um sorriso brincalhão. – Não tenho palavras para agradecê-la – respondeu Jeremy também sorrindo aliviado. E naquele exato momento Bárbara não sabia que sua vida acabara de mudar. E ela nem imaginava o quanto. *** Ao entrar no Complexo McCain a bordo do luxuoso carro que Jeremy usou para buscá-la, Bárbara tentou com todas as forças manter seu queixo no lugar, mas parecia impossível. Nunca havia visto algo igual: três prédios gigantescos e espelhados eram vistos ao fundo, sendo que o do meio, e maior deles, ostentava suntuosamente em letra cursiva os dizeres McCain Corp. O motorista parou o carro em frente à entrada principal e Bárbara acompanhou Jeremy para dentro do saguão, que obviamente era tão majestoso quanto todo o restante. Subiram por um elevador espelhado até chegar ao último andar e ela n******e deixar de pensar que tudo aquilo só confirmava o que já havia pensado quando lhe foi imposto comparecer perante o poderoso: McCain tinha mania de grandeza e não se importava em deixar isso claro nos mínimos detalhes. Francamente, até o tapete da recepção da cobertura parecia mais um casaco de pele de urso polar. De verdade, não imitação. O que obviamente não era, pois, uma empresa grande como aquela não renegaria sua responsabilidade ambiental. Era com certeza uma bela imitação. Bárbara se perguntou porque estava raciocinando sobre o tapete. Não conseguiu nenhuma resposta racional para isso. Definitivamente aquele estava sendo um dia estranho. "Mas será que as pessoas não sujam este tapete ao pisar sobre ele? Ou há uma equipe responsável por limpá-lo a cada cinco minutos?" – não pôde deixar de se perguntar. – Tudo bem? – perguntou Jeremy ao perceber seu olhar fixo no tapete. – Sim, sim, está... – respondeu rapidamente. "Chega de filosofar sobre o tapete" – pensou. Jeremy pediu um momento e entrou por uma gigantesca porta de vidro. Logo voltou e pediu para que ela o acompanhasse por um extenso corredor que dava em uma grande, não, imensa porta de madeira. Pararam em frente a ela e ele lhe disse: – Mais uma vez obrigada Srta. Bárbara. Ela sorriu. A porta se abriu. E então lhe faltou o ar. Todo o resto podia ser incrível, mas nada era como essa sala. Através da parede principal, inteira de vidro transparente, tão transparente que não parecia haver nenhuma barreira ali, a vista dava para o jardim frontal de um paisagismo geométrico impecável e deslumbrante quando visto de cima. A luminosidade que entrava pela janela tornava o ambiente vivo, intenso e atordoante apesar da cor neutra da decoração e aquela visão perfeita a paralisou. Bárbara tinha uma sensibilidade aflorada. Desde criança sentia intensamente tudo à sua volta e em cada ambiente em que entrava tornava-se um receptáculo de sensações, absorvendo rapidamente as cores, a luz, os sons, os cheiros... E enquanto absorvia aquele ambiente magnífico como uma esponja, um perfume masculino invadiu suas narinas, amadeirado, forte, muito bom e muito caro com certeza, pensou rapidamente antes que uma voz interrompesse suas divagações. – Percebo que gosta da vista. Olhou para o homem em pé ao lado da grande mesa de madeira maciça e rapidamente assimilou-o como havia feito com todo o resto. Alto. Muito alto. Um metro e noventa no mínimo. Cabelos grossos. Castanho-escuro. Não. Quase pretos. Penteados impecavelmente. Olhos cor de mel, levemente orientalizados. Seus lábios grossos, mas não demais, formavam um quase sorriso muito sutil. Estendeu-lhe a mão, e ela repetiu o gesto, muito embora estivesse ainda absorta em seus pensamentos. – De fato, é uma vista magnífica. É um prazer conhecê-lo – disse quase que automaticamente. – O prazer com certeza é meu. Queira sentar-se por favor Srta. McNamara. – Claro, obrigada. – Sejamos práticos. Evidentemente possuo seu impressionante currículo e sei de suas qualificações, sendo esse o motivo pela qual a convidei para esta conversa. "Convidei? Obriguei seria mais adequado" – pensou Bárbara. – Procuro alguém com suas habilidades para um cargo de superintendência, como Jeremy deve ter lhe adiantado. A oferta é simples: proponho um salário escandalosamente alto, por um trabalho impecável que eu sei que é capaz de fazer. – Completou estendendo-lhe uma folha onde havia um valor anotado. Ao olhar para o papel e ver o salário do cargo Bárbara teve de se controlar para não demonstrar a surpresa. As palavras "escandalosamente" e "alto" com certeza foram usadas corretamente por ele para se referir àquele valor. Mas a questão não era negociável. Ela estava convicta em não aceitar proposta alguma pelo bem da empresa de sua família e de sua agência, e nem mesmo um salário como aquele poderia mudar isso. – Senhor McCain, eu realmente agradeço sua proposta, é realmente uma honra ser considerada digna dela. Porém, como certamente já sabe, estou à frente de minha própria agência e não creio ser possível conciliar as duas responsabilidades sem prejudicar uma delas. Existem outros profissionais tão qualificados quanto eu que com certeza teriam prazer em ouvir sua proposta, se desejar, posso deixar o contato de alguns deles e.... – Não quero. – Ok. Então creio que não há mais porque tomar seu tempo. Novamente agra... A frase que ia dizer foi interrompida quando ele a fitou com um olhar capaz de paralisar uma fera. Após alguns longos segundos de absoluto silêncio, ele continuou: – Estou certo de que sabe quem sou e o que esta empresa representa. Escolho a dedo os profissionais que coloco aqui dentro. Seleciono sempre os melhores e dou o melhor em troca, porque cobro resultados à altura. Não estou lhe oferecendo somente um salário excepcional. Estou lhe oferecendo o topo da pirâmide, o ápice para um profissional de sua área. – Sei disso. E sei também que uma responsabilidade como essa exige total dedicação, o que não posso oferecer no momento. Além de dirigir minha agência, dedico o pouco tempo restante ao negócio de minha família. Aceitar sua proposta significaria renegar essas coisas e eu não faria isso. – Já ouviu falar em delegar? – Com todo o respeito, o senhor já ouviu falar em recusar? Um silêncio profundo tomou conta da sala. Bárbara olhou fixamente para McCain tentando deixar claro com o olhar que aquilo era mesmo um "não", seguido de ponto final, mas quando estava convencida de que ele pediria a ela que saísse da sala, o rumo da conversa mudou abruptamente. – Qual é o negócio de sua família? – ele perguntou sem desviar o olhar dela. Bárbara suspirou. Jamais conheceu alguém tão insistente. E a*******e. Pensou por um segundo que deveria simplesmente levantar-se e sair, mas embora não desse a mínima para o que aquele soberbo irritante iria pensar, não era tão inocente a ponto de achar que uma atitude como essa não teria sérias implicações em suas relações comerciais com outras empresas. Estava perante o lendário Daniel McCain e sabia perfeitamente o tamanho de sua influência. Por isso, respirou fundo e respondeu sua pergunta. – Temos uma pequena empresa do ramo têxtil. – Têxtil...McNamara... – ele disse refletindo por um momento – Me soa familiar. – Acho pouco provável Sr. McCain, é realmente uma empresa de pequeno porte. Acredito que a McNamara Têxteis e a McCain Corp atuem em esferas bem diferentes. – Não... – disse passando as pontas dos dedos pela linha do maxilar –... Quando trabalhar para mim verá que jamais me esqueço de algo. Já tive algum contato com a McNamara Têxteis. Sim, com Gerard McNamara, é esse o nome. – Gerard McNamara é meu pai. – Seu pai? Esse é mesmo um mundo pequeno. Participei há cerca de dez anos de uma convenção para investidores e me lembro de ter sido apresentado a Gerard McNamara. Ele mencionou sua atuação no ramo têxtil. Na época procurava investidores para seu negócio. – Refere-se à convenção realizada em Homeland? – Sim. – Eu também estava lá, fui com meu pai. Ainda cursava a faculdade na época. – Não me lembro de termos sido apresentados. – De fato, não. – Seu pai conseguiu os investidores para o negócio? – Infelizmente, não. – Entendo. Bom, eu compreendo sua dedicação à agência que fundou e aos negócios familiares... – disse agitando a mão no ar como se aquilo não tivesse importância, o que irritou Bárbara – ...mas o que temos aqui é muito maior do que isso. Sua atuação junto à McCain Corp pode levá-la a horizontes que nem sonharia imaginar. Lhe garanto que nada poderia comparar-se a essa experiência. – Isso seria extremamente tentador, se eu ao menos considerasse a possibilidade, o que não é o caso, garanto-lhe. Além do mais, por mais experiência que eu possua, tenho apenas vinte e oito anos senhor McCain. Estou certa de que existem inúmeros profissionais com mais bagagem do que eu que seriam benéficos à sua Corporação. – Está mesmo desqualificando suas aptidões? – De forma alguma. Quero apenas ressaltar o que venho tentando dizer desde que entrei por aquela porta. Não tenho interesse e sei que seria melhor que... – Srta. McNamara sou eu quem sabe o que é melhor para minha empresa. Já chega. Aquilo foi demais. – Pois bem – disse Bárbara empinando o nariz – E sou eu quem sabe o que é melhor para a minha vida. Passar bem senhor McCain. Obrigada pelo seu tempo. Levantou-se e sem dizer mais nada deixou a sala com a certeza de que jamais pisaria ali novamente.
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