Capítulo 2

1730 Words
Alexia narrando: Após escutar barulho vindo da porta, ergui minha cabeça até lá e vi novamente o homem entrando e vindo em minha direção. Apesar de ainda estar completamente enjoada, já estou um pouco mais consciente do que está acontecendo. Eu fui sequestrada. Fui levada por dois homens enquanto estava conversando com Ayanna. Ela é a culpada disso tudo. Ela que me fez ser sequestrada. Nas últimas horas não consegui parar de pensar em como a minha família deve estar preocupada comigo. Se eu tivesse comunicado alguém da minha saída, com certeza isso não teria acontecido. Mas agora estou aqui, sem ter absolutamente nenhuma informação do lugar em que me encontro e sem saber o que esses caras vão fazer comigo. Eu sei, sei que tenho quase 0% de chances de sair viva daqui, mas prefiro não pensar muito nisso. A única coisa que estou tentando fazer é não dormir. Não posso dormir. Só Deus sabe o que eles podem fazer comigo enquanto estiver desacordada. A questão é que eu já quase não estou mais aguentando fazer isso. Meus olhos estão pesando e meu corpo está quase me implorando para eu me deitar pelo menos um pouco. O que apesar de tudo é completamente impossível de eu fazer, já que ainda estou amarrada nessa cadeira que está me deixando cada vez mais agoniada. -Bom dia, querida. -Tentei enxergar o que está em sua mão, mas a escuridão me fez ver apenas um coisa quadrada. -Trouxe seu café da manhã. Tentei não olhar em seu rosto mas ele me forçou a fazer isso no momento em que levantou o meu rosto em sua direção. Apesar de no começo eu ter pensado que ele era um velho, na verdade ele é jovem. Bem mais jovem do que eu podia imaginar. Não consigo ver perfeitamente como é o seu rosto, mas tenho quase certeza de que ele possui uma barba. -Está com fome? -Ficou esperando minha resposta mas eu não fiz isso. -De qualquer forma, trouxe pão. -Estendeu o que agora descobri ser um saco de papel e colocou em minha mão. -Come tudo. Assim que ele tirou sua mão da minha, soltei o saco e ele acabou caindo no chão. O homem sorriu. -Vai se fazer de difícil então? Escuta, você não vai querer que venha outra pessoa te fazer comer, vai? Porque acredite se quiser mas eu sou o mais legal daqui. Elevei meu olhar até ele mas não esbocei qualquer reação. Até porque não estou nem um pouco afim de demonstrar qualquer coisa que estou sentindo pra ele. Eu com certeza estou com muita fome, mas me recuso a comer qualquer coisa que eles me derem. -Então tá, se é assim que você quer. -Ele se virou e voltou a caminhar para fora do quarto. (...) Eu não faço ideia de quantas horas que devem ser agora, mas posso apostar que já se passaram um bom tempo desde a última vez que o cara veio até aqui. Uma coisa que veio absolutamente do nada em minha cabeça é que hoje é o meu aniversário. O último também. Fico triste por pensar que no meu último aniversário, meu pai, Zack e Jake não vão estar presentes. Mas apesar de tudo, fico feliz por saber que pude viver por 17 anos. 17 anos até que é bastante tempo. Quero dizer, é óbvio que eu queria fazer mais coisas em minha vida, mas parando pra pensar agora, até que eu fiz bastante coisa. Eu vivi por 14 anos com a minha família completa, vivi por 8 anos tendo Jake como meu melhor amigo, tive a oportunidade de vê-lo namorando a pessoa que sempre foi tão apaixonado. Me redimi com Clair e enfim pude ver o lado dela da história, e por fim pude passar bons momentos ao lado da pessoa que eu jamais imaginei que algum dia eu fosse gostar de ter por perto. Zack foi uma pessoa extremamente fantástica nesses últimos meses e eu sou eternamente grata a ele por ter me ensinado a ser eu mesma. Foi ele quem me fez ter coragem de poder agir como eu sempre quis. Não aquela Alexia que só pensava em passar na faculdade, não aquela Alexia que fazia de tudo para ser a filha que meu pai esperava, apenas eu mesma. Zack me ensinou que a felicidade está nas pequenas coisas da vida. Nos momentos como quando fomos até a casa de sua tia, quando fomos ao Central Park, quando ficamos juntos no hospital, quando fomos na festa da casa de Clair, quando jantamos no jardim de minha casa, eu estava tão feliz. Não pelo lugar, não pelas pessoas ao nosso redor. Mas por simplesmente ele ter estado ao meu lado naquela hora. Mesmo sem perceber, ele estava me fazendo ficar cada vez mais apaixonada por ele. Eu não vou mentir e dizer que eu queria isso, porque se fosse alguns meses atrás, teria sido o cúmulo estar apaixonada por Zack Kendell, o garoto que era desejado por quase todas as meninas do ensino médio. Mas poder ter tido a oportunidade de ver de pertinho a sua mudança, foi simplesmente incrível. Ainda não consigo acreditar no quanto ele mudou. De metido, b****a e egocêntrico, ele passou a ser uma pessoa presente, protetora, engraçada e várias outras qualidades. Eu não sei descrever muito bem tudo o que ele fez eu sentir nesses últimos meses, mas algo me diz que é isso o que o amor faz dentro de uma pessoa. A porta se abriu mais uma vez só que não fiz questão de levantar a cabeça. -Oi. -Escutei uma voz diferente. -Como você está? Ergui levemente a cabeça e vi um outro cara. Pela voz ele deve ser bem mais novo do que o primeiro. -Eu não devia estar aqui. -Se aproximou de mim. -Mas fiquei sabendo que você não está comendo. Continuei apenas o encarando. -Olha, eu entendo você fazer isso. Entendo mesmo. Mas você acha que isso te ajudaria em que? -Se sentou à minha frente. -Primeiro que isso só vai te fazer morrer mais rápido, segundo que você só está se prejudicando. Engoli a saliva com uma certa dificuldade, já que minha garganta está extremamente seca pela falta de água. -Eu sei que você pensa que sou como eles por estar aqui agora. Mas estou apenas pelas drogas. Não curto muito essa coisa de manter em c*******o. -Procurou meu olhar. -Então estou aqui pra te ajudar. Não quero que você morra, Alexia. O olhei assim que ele falou o meu nome. Ele sorriu e pegou em minha mão. Agora eu consigo ver perfeitamente o seu rosto. Ele deve ter no máximo 19 anos. Não mais que isso. Seus cabelos são grandes e tocam até o ombro. Já os seus olhos são um tom de preto bem intenso. -Eu vou afrouxar a corda de suas mãos, se você me prometer que vai ficar de boquinha fechada. -Sorriu ao me provocar, já que eu não abri a boca desde o momento em que ele entrou aqui. Ele virou o meu braço e afrouxou, me fazendo ver as marcas que a corda causou em meu pulso. Estão quase em carne viva. Prefiro não pensar muito na dor que isso está me causando. -Tenho que ir agora antes que me peguem aqui. -Se levantou e pegou o saco de pão do chão. -Tenta comer, tá? -Sorriu e se virou pra sair. -Obrigada. -Sussurrei. Ele se virou pra mim e piscou um olho. (...) No fim eu acabei comendo o pão e isso já me fez sentir meu corpo agradecendo por isso. Ainda estou com sede mas me recuso a pedir água pra eles. Eu ainda não entendi muito bem o que significa tudo aquilo que aquele rapaz fez, mas a única coisa que sei é que me sinto mais "tranquila" por saber que não tem apenas gente r**m por aqui. -Você tem 2 minutos pra melhorar essa cara sua. -O homem com barba voltou. Ele acendeu a luz e isso me fez fechar os olhos por conta da dor que a claridade causou. -Eu vou ligar para a Ayanna e você vai ficar de boquinha fechada. Vai apenas concordar com tudo o que eu disser, me entendeu? Após eu me acostumar com a claridade, olhei para ele. Ele começou a mexer no celular e em seguida o colocou no ouvido. -Olá, minha querida Ayanna. -Sorriu e começou a andar pelo lugar. -Acho que já está na hora de eu começar com as minhas propostas para deixar a garota viva. Está podendo conversar agora? Ótimo, então vamos lá. -Tirou o celular do ouvido e colocou no viva voz. -Vou te dar duas opções, no fim você escolhe qual fica melhor pra você. Primeiro, eu quero Cinquenta mil dólares em minha conta ainda essa semana. Se fizer isso, estaremos com nossas dívidas quitadas e eu liberto a garota no lugar em que deixei. Ou segundo, -Se virou para mim. -você trabalha pra mim o resto da sua vida e eu deixo ela livre, é claro, sem prometer que esteja com vida. Minha garganta se fechou por um segundo e eu senti vontade de chorar. -Carter, por favor. -Escutar a voz de Ayanna me fez ter vontade de gritar. -Socorro! Ayanna, me ajuda! -Não consegui me controlar e isso fez o homem rir. -Está sentindo o quão desesperada a garota está? Então acho melhor você agilizar logo na sua resposta. -Você sabe que eu não tenho esse dinheiro, Carter. E eu não... eu jurei nunca mais mexer com essas coisas. -A decisão é sua, querida. Só não adianta depois vim dizer que eu não avisei. -Ele foi com o dedo em direção ao botão de desligar. -Não, por favor, por favor. -Comecei a falar descontroladamente. -Ayanna! -Carter, espere. -Falou do outro lado da linha. -Me dê 2 dias pra pensar. Apenas dois dias. -Dois dias é tempo demais, não acha? -Só me prometa que vai mantê-la viva até lá. -Carter ficou em silêncio. -Eu vou arranjar a grana. Mas preciso que me prometa. -Dois dias. É só isso o que você tem. -Desligou e passou a mão no cabelo. -Aproveite bem esses dois dias que lhe restam. Caso ela não traga o que eu pedi, você está morta. Assim que ele bateu a porta, não consegui controlar toda a emoção presa dentro do meu peito. Instagram do livro: @thaynnarabooks
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