Capítulo 2

1119 Words
No outro dia, acordo com a cabeça explodindo, pois não tenho o costume de beber. Olho pro lado e vejo que ela está dormindo lindamente com o braço pousado em minha barriga. Tento sair da cama sem acorda-la, mas ela suspira e abre os olhos. - Bom dia! - ela tira a mão de minha barriga e passa no rosto - Acho que a gente exagerou na cerveja ontem! - ela sorri - Que horas são? Olho pro lado e encontro um relógio. Me surpreendo. - Duas da tarde! - digo surpresa. - Da tempo de a gente dormir mais uns minutinhos antes da Helena ou da Jana virem chamar a gente pra alguma coisa. Ela põe a mão de volta em minha barriga e fecha os olhos. Fico observando cada detalhe do rosto dela enquanto ela permanece de olhos fechados. Alguém bate à porta. - Mais cinco minutos!- Heloisa grita ainda de olhos fechados. - Já são duas da tarde! - responde Helena do outro lado da porta - Te espero pra almoçar! Não demore que estou com fome! - Já vou! - exclama Helena levantando da cama. - Vou chamar a Sarah!- diz Helena. - Ela está aqui! Em cinco minutos estaremos na mesa!- responde Heloisa. - Tá bom! - diz Helena saindo. Me levanto e vou para meu quarto me preparar para o almoço. Prometo que não vou beber nunca mais, mas sei que não vou cumprir essa promessa. Chego à mesa com a bela aparência de alguém que foi atropelado por um trem. - O que vocês duas aprontaram ontem, hein? Essas carinhas de vocês duas! - exclama Helena sorrindo enquanto nos sentamos à mesa. - Cervejas, assuntos sem nexo e ressaca. Resumo da noite. - responde Heloisa. - A gente tem viajem amanhã, então tente se comportar hoje! - diz Helena ainda rindo. Heloisa dá uma leve revirada de olhos e se concentra em se manter acordada e comer. Depois do almoço, nos sentamos de novo na varanda. - Quando começam as suas perguntinhas pro livro? - pergunta Helena abraçada ao namorado. - Pensei em fazer uma semana de observações, sem perguntas e aí na próxima semana começamos as entrevistas. O que acham? - Acho uma boa! - exclama Heloisa se deitando no sofá que estamos sentadas e apoiando a cabeça em meu colo. - Vejo que vocês duas já estão íntimas! - observa Helena. - A gente já dividiu a mesma cama, então sim! Já somos íntimas! – a irmã dela responde rindo. Fico corada e todos percebem. Pra quebrar o silêncio, Helena me pergunta: - O que você faz da vida? - Sou escritora e as vezes trabalho com aulas particulares. - Já fiquei curiosa! Trouxe alguma coisa sua pra gente ler? - pergunta Helena. - Devo ter exemplares do meu livro na bolsa. - Eu também quero ler! - exclama Heloisa. - Nem vem que eu pedi primeiro! - retruca Helena. - Devo ter cópias para as duas! - respondo reestabelecendo a paz e o riso. - Helena, você vai comigo comprar o presente de aniversário pro Dudu? - pergunta Felipe. - Vou sim! - responde ela - Vou pegar minha bolsa. - Vou com você! - diz Felipe e ambos saem. - Parece que a tarde é só nossa de novo! - Heloisa diz me encarando com aqueles olhos brilhantes e lindos. - Nada de cervejas! - exclamo rindo enquanto passo a mão pelo cabelo dela. Não percebo que estou mexendo em seu cabelo até que ela diz de olhos fechados: - Seu cafuné é bom! - Desculpe, não percebi que estava mexendo no seu cabelo! - digo corada novamente. - Não era pra você se desculpar, era pra você agradecer o elogio e continuar! - ela diz pegando minha mão de novo e colocando em seu cabelo. Helena e Felipe saem de mãos dadas. - Não esqueça de preparar sua mala! - diz Helena antes de descer os degraus da entrada da casa. - Já tinha esquecido! - responde Heloisa levantando do sofá - Vou arrumar agora. - me pega pelo braço - Me acompanha? - Claro! - respondo levantando. Nos encaminhamos até o quarto dela. Sento na cama e observo enquanto ela abre o guarda roupas e espalha todas as roupas sobre a cama. A ajudo a colocar a mala sobre a cama e organizar as coisas dentro. Depois arrumamos o restante das roupas no guarda roupas novamente. Quando terminamos, nos sentamos na cama e fico observando a beleza daqueles olhos e daquele sorriso. - Queria saber o que se passa na sua cabeça enquanto me olha assim! - ela diz mantendo o bom humor. - Só estou admirando sua beleza e me perguntando como um ser humano pode ser tão lindo. Ela fica corada. - Que isso? - diz sorrindo e olhando as próprias mãos. - Desculpe, não foi minha intenção te deixar sem graça, é que eu realmente te acho linda. Ela abre o sorriso um pouco mais e balança a cabeça. - Quer um suco ou outra coisa pra tomar? – ela muda de assunto. - Um suco! - Eu quero outra coisa, uma cerveja - ela ri. - Ainda nem melhorei da ressaca de ontem. - Não tem nada melhor pra ressaca do que beber mais! – ela diz em tom de segredo enquanto se levanta da cama. Rio e a acompanho até a cozinha. Ela pega duas cervejas e coloca sobre a mesa. - Não vai me deixar beber sozinha, né? - pergunta enquanto abre a cerveja dela. - Não faria essa desfeita! - abro a outro. - Sabe? Gostei de você! - diz ela sentando em uma cadeira do meu lado. - Não preciso dizer que gosto de você, né? Tá estampado na minha testa! - falo sem olhar pra ela, passando o dedo em volta da lata de cerveja. - E de novo estamos num momento constrangedor. - ela fala rindo. - Precisamos nos acostumar com isso, pois pretendo que me conte muitas coisas constrangedoras! - digo olhando pra ela. - Que tipo de coisas? - ela pergunta. - Por exemplo, quero saber se você já beijou uma mulher. - digo sem desviar os olhos dos seus. - Pegou pesado pra uma primeira pergunta! - ela desvia o olhar e toma um longo gole da sua cerveja. - Não vai me responder? – torno a perguntar. - É uma curiosidade sua ou é pro livro? – ela fixa os olhos em mim. - Faz diferença? - Faz toda a diferença! Se for pro livro, não quero que isso seja publicado. Se for curiosidade sua, vamos ter que beber muitas cervejas antes de falarmos de beijos! - ela ri e bebe mais.
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