CAPÍTULO 48 TAYNÁ NARRANDO Nunca foi fácil. Crescer no morro já carrega um peso, mas o meu era ainda maior dentro de casa. Eu morava com a minha mãe, que sempre fez de tudo por mim, mas a convivência com o meu padrasto era insuportável. O cara se achava dono da casa, dono da gente. Tinha aquele olhar atravessado, aquele jeito de quem queria mandar em tudo. Eu não engolia, não aceitava. E isso virava briga todo santo dia. Aos poucos, eu percebi que não dava mais. Não era só a gritaria, era o clima pesado, a sensação de que eu não tinha paz nem no meu quarto. Eu amava minha mãe, mas odiava a vida que aquele homem impunha. Até que um dia, depois de mais uma discussão, eu decidi: não ia ficar ali pra ser sombra, nem alvo. Arrumei minhas coisas e fui morar com meu pai. Ele já tinha me chama

