CAPÍTULO 170 ALEMÃO NARRANDO Do camarote, eu via tudo. O baile fervendo, o som batendo no peito, o povo dançando como se o mundo fosse acabar ali mesmo. Mas meus olhos tavam fixos só nela. A Tayná. No meio da pista, o corpo solto, o cabelo grudado de suor, e aquele vestido colado que parecia feito pra testar minha paciência. Ela dançava encostada num cara — o mesmo do pagode, eu reconheci na hora. O filho da putä tinha uma das mãos na cintura dela, o olhar cheio de intenção. E ela… tava deixando. Senti o meu sangue subir. O copo que eu segurava estourou na minha mão, o vidro rachando no meio dos dedos. Nem senti a dor. Só a raiva queimando por dentro, subindo como fogo. O Juninho passou por mim na hora, e percebeu. — Chefe, qual foi? Tá tudo certo? — Tá não. — respondi, frio. —

