CAPÍTULO 10
JOÃO NARRANDO
Saí de casa com o coração apertado, os passos pesados na viela escura. Cada esquina parecia mais longa do que nunca. As palavras da minha filha ecoavam na minha cabeça:
– Me manda embora, por favor.
A imagem dela chorando, agarrada no meu braço, me rasgava por dentro.
Eu sabia que mexer com o patrão não era coisa pequena. Aqui no morro, pedir qualquer coisa pro Alemão era quase como assinar um pacto. Mas eu não podia mais ficar calado, não depois de ver minha menina daquele jeito. Quando cheguei na boca, o movimento tava intenso. Vapores subindo e descendo a ladeira, rádio chiando sem parar, cheiro de maconha no ar misturado com o barulho das notas sendo contadas. O coração batia tão forte que parecia que todo mundo ia ouvir.
Me aproximei devagar, levantand
