VICENZO:
MINUTOS ANTES...
A garrafa repousava entre meus dedos como um antigo companheiro de guerra. Me encarava com aquele silêncio que só o álcool conhece: o tipo que não julga, só acompanha.
Aquela adega e cheiro de Uísque e vodka era o único lugar onde eu ainda conseguia respirar sem ser lembrado de tudo que perdi.
Era um fracasso ambulante e agora estava em meu estado de auto piedade.
Estava na terceira dose quando ouvi o som.
Salto agulha. Curto. Apressado. Pretensioso.
Suspirei sem olhar, porque sabia de quem se tratava. A oportunista que desfilava nessa casa, achando que tinha algum poder sobre nós.
— Está se escondendo do mundo, Vicenzo?
A voz dela sempre chegava antes da presença.
— Você era mais divertido antes. Mais… homem.
Era Zaya.
Demorei a erguer o olhar. Ela
