CAPÍTULO 01

2328 Words
Raissa — Nada disso Ray. — Beatriz me repreendeu do outro lado da linha. — Chega de desculpas, dessa vez você não vai escapar. — Ah, Beatriz. — Resmunguei ao mesmo tempo que jogava meu corpo na cama. — O que tem demais em querer ficar em casa? — Amiga... Durante esses anos eu tenho te visto apenas estudar e trabalhar. Você está com vinte oito anos, acha que isso é vida? — Mas graças ao meu foco, hoje eu tenho um emprego muito bom, moro em um apartamento legal e apesar de ainda estar pagando as prestações tenho um carro e tanto! — Me justifiquei. Tendo a certeza de que focar em mim todos esses anos foi o melhor que fiz da vida. — Sim, mas do que adianta Ray? Você se fechou demais para todo o resto. — Revirei os olhos ao ouvi-la. — Meu Deus é inacreditável achar que isso é normal. — Ei! Eu não me fechei, saio com você e as meninas sempre que dá! — falei indignada. Eu sabia exatamente que o problema não era sair em si. Então resolvi me adiantar. — Tudo bem... Eu vou com uma condição. — Qual? — perguntou com a voz desconfiada. — Que você e a Isabella parem de ficar jogando aqueles caras idiotas* para cima de mim. — Ela bufou. — É sério, esse é um dos motivos de eu estar evitando sair com vocês nas últimas semanas. — Amiga você tem que... — Nada disso! Sou perfeitamente capaz de decidir quando sair com alguém. — falei firmemente, me lembrando que o último que elas tentaram me fazer sair era um completo i****a*. — Tá... Tudo bem. — Para onde você quer me arrastar dessa vez? — Me levantei da cama indo em direção ao banheiro me dando totalmente por vencida. E dei um sorriso ao perceber sua animação do outro lado da linha. — Heaven Club Night. Inaugurou na semana passada. — ela falou empolgada. — Hm... tudo bem, me manda o endereço e eu encontro vocês lá em uma hora. — Perfeito amiga, beijos! — ela respondeu e eu dei um pequeno sorriso antes de encerrar a ligação. Coloquei meu celular sobre o móvel ao lado de fora do banheiro e fui tomar um banho para começar a me preparar para a noite. Depois de tomar banho, eu fui para o guarda roupa e escolhi um conjunto de cropped e saia curta para noite. Em seguida eu arrumei o meu cabelo e fiz uma maquiagem leve, caprichando no delineado e finalizando com um batom nude. Pouco mais de uma hora eu estava pronta. Peguei o meu celular constatando que tinha uma ligação de Vinicius, meu irmão. E três de Beatriz. Como eu sabia o que Vinicius queria, eu nem me dei o trabalho de retorná-lo. Apenas mandei uma mensagem para Beatriz dizendo que eu estava a caminho, antes que a maluca acabasse aparecendo aqui em casa para me buscar. [...] O lugar era realmente diferenciado, apesar de estar lotado era muito bem dividido, o que tornava tudo mais confortável. A música ressoando aos quatro cantos, me fazia querer correr para pista de dança. Se tinha algo que eu gostava e muito, era dançar. Mas como meninas haviam me dito que estariam em uma das mesas próximas ao bar, eu voltei a minha atenção para o bar e comecei a procurar por elas entre as mesas um pouco a frente. Não demorou para que eu as encontrasse. Elas estavam em uma área mais reservada bebendo alguns drinks. — Cheguei. — Chamei a atenção de Beatriz, Isabella e Marina que estavam tomando alguns drinks e conversando. — Ei Raissa! — Isabella me cumprimentou animada se levantando e caminhando em minha direção. — Oi amiga! — a respondi com um sorriso no rosto a dando um abraço. — Até que enfim dona Raissa! — Beatriz veio logo atrás, então eu a abracei também. E para completar Marina veio logo atrás completando aquele abraço. Com um sorriso no rosto elas suavemente se afastaram e me levaram para a mesa, dando espaço para que eu me sentasse. — Estávamos apostando se você viria ou não. — Isabella brincou e eu fiz uma pequena careta para ela. — Parece brincadeira, mas é verdade. — Dessa vez foi Beatriz. Balancei a cabeça em negativa, sabendo que sim, geralmente quando o destino era boate, eu costumava enrolar. — Bom, acho que agora que você chegou podemos pegar mais algumas bebidas e cair na pista de dança, não é? — Isabella falou me fazendo sorrir. — Claro, noite das meninas, não é? — falei fazendo com que elas assentissem com um pequeno sorriso. Foi quando decidimos ir para a pista de dança. E sim, as três juntas era realmente um estrago. E por mais que eu tenha evitado um pouco na faculdade, eu sentia falta disso em alguns momentos. Nos revezamos entre dançar, beber e descansar um pouco por um bom tempo. Dispensamos alguns caras que vieram tentar interromper a noite por boa parte do tempo. Mas aquelas safadas, não conseguiam segurar por muito tempo. O resultado disso? Ao final, elas estavam querendo me empurrar para alguém para que elas pudessem curtir cada uma com um gato diferente. E eu juro que tentei, mas o cara sugeriu que fossemos para o banheiro para nos amassar, o que de verdade... não iria rolar. Eu parecia ter um imã para caras assim, o resultado disso? Eu nunca sentia que era o cara certo. A verdade é que eu não soube muito bem reconhecer quando um cara legal chegou em mim, e todas as tentativas depois de então, tem sido falhas. O que me faz pensar que eu estava procurando em lugares errados. Então eu fui a primeira a pedir arrego. Depois de dar o fora no cara eu me despedi de cada uma das meninas com um abraço, prometendo as acompanhar mais vezes. Em seguida fui para o meu carro e assumi a direção indo para o meu apartamento. Apesar de sair um pouco e curtir sempre que vou a boate, não é algo que eu goste de fazer com frequência. Então, sim enquanto elas estavam se pendurando em alguns pescoços, eu queria ir para casa. Preferia isso a ter a companhia de algum babaca por um tempo. O sinal estava aberto, e pela velocidade do carro a minha frente eu sabia que ele não pararia naquele sinal. E contando que daria para eu passar também antes de fechar eu acelerei um pouco mais. Foi quando meu telefone tocou e eu acabei fazendo aquilo que definitivamente não deveria. Desviei a minha atenção por um breve momento para checar no visor quem era. Vinicius, meu irmão. Bufei decidida ignorar antes de voltar a atenção para frente. Um breve momento de distração que eu pensei que não influenciaria em nada. E p***a, eu estava errada. Pisei no freio abruptamente ao perceber que o filho da p**a em um carro esportivo freou de uma vez decidindo não passar pelo sinal que acabara de fechar. Ah, merda! Por mais que eu tenha tentado frear o impacto veio antes que eu conseguisse concretizar essa ação. Meu corpo foi jogado levemente para frente com o impacto da batida, mas logo voltou para trás por conta do sinto de segurança felizmente sem causar dano algum a mim. Pisquei algumas vezes e levei a mão brevemente a aos olhos assustada. Então, após um suspiro profundo voltei a minha atenção para frente. Aparentemente foi apenas um susto. Mas o estrago aconteceu logo a frente em nossos carros. E p**a que pariu! Desviei a minha atenção para um pouco mais a frente vendo o condutor sair do veículo alguns instantes depois. Semicerrei os olhos ao vê-lo ajeitar a calça e fechar o zíper. Em seguida uma mulher saiu do carro arrumando os cabelos. É sério isso produção? Não! eu estava vendo coisas, não é? Sai do carro e cruzei os braços, apenas observando o indivíduo enrolar um pouco para começar a caminhar em minha direção. Eu estava prestes a xingar, claro! Mas a cada passo daquele homem em minha direção, menor era a vontade de fazer isso. Ele parou a minha frente, parecendo tão afetado como eu, o que era estranho, muito estranho. Pior foi a sensação de familiaridade que caiu sobre mim quando aqueles olhos azuis pairaram sobre mim. Seus cabelos pretos perfeitamente alinhados, a barba por fazer e aqueles olhos azuis e intensos sobre mim. Senti meu coração palpitar e eu perdi o rumo por um momento. Ele seria alguém famoso? Porque de repente eu senti que era tão familiar? Eu quis perguntar, mas me segurei no momento em que o vi raspar a garganta me trazendo de volta para a nossa realidade. Ele estava sério, sua expressão não era das melhores. — Você bateu no meu carro. — Ele soltou aquelas palavras me fazendo sentir que a culpa era única e exclusivamente minha. — Você freou bruscamente, droga! — O amaldiçoei mentalmente apenas pensando em quão ferrada eu estava naquele momento. — O sinal havia fechado, se você tivesse prestado atenção não teria batido na traseira. Ou vai me dizer que pretendia furar o sinal? — ele arqueou a sobrancelha me fazendo dar um suspiro. Merda! Era apenas isso que me faltava, não bastava o i****a do meu irmão ter sugado minhas economias no mês passado, eu teria que lidar com a p***a de um conserto que levaria a minha alma. Ele se aproximou de mim fazendo meu coração quase sair pela boca, me fazendo duvidar por um instante se seria o conserto do carro que levaria a minha alma, ou o próprio dono dele. Prendi a respiração no momento em que ele se inclinou ficando bem próximo aos meus lábios pelo que pareceu ser uma eternidade. Então, ele se afastou e só então eu consegui respirar novamente. — E para piorar você ainda bebeu. — ele falou fazendo com que eu ficasse sem reação. p***a! Não tinha como negar que eu estava errada nesta situação. Mas eu poderia tentar não levar toda a culpa, não é? — Sim, eu me distraí por um momento e jurei que daria tempo de passarmos o sinal... Mas você não está tão certo assim também, ou acha que eu não percebi o motivo de não estar tão atento ao trânsito e ter freado tão bruscamente. — Desta vez, foi a minha vez de arquear a sobrancelha, fazendo com que um sorriso de lado se formasse na boca do safado, apenas me confirmando que sim, ele realmente estava se divertindo com a mulher a pouco. Desviei a minha atenção para a loira que apenas observava tudo de longe. Ele acompanhou o meu olhar, e após uma breve olhada se voltou para mim, enfiando a mão no bolso e tirando o um celular e o desbloqueando. Então o estendeu para mim. — Ainda assim, o sinal estava fechado. — ele falou firmemente me fazendo dar um leve suspiro, sabendo que no todo realmente eu não deveria ter desviado a atenção para a droga do meu celular. — Me passe o seu contato e endereço de e-mail. Vou estar avaliando o valor desse estrago. — Ele olhou brevemente para o carro dele e eu acabei o acompanhando, apenas confirmando o quão ferrada eu estava. — Eu te mando, assim vamos conversado e resolvemos da forma correta. Assenti e peguei o celular da mão dele, em seguida coloquei o meu numero ali. Então, acrescentei o e-mail e o meu nome o entregando em seguida. Os olhos dele foram para o telefone no mesmo instante e permaneceram naquela tela por um tempo maior do que deveria. Então sua atenção foi para mim novamente. Ele me mediu com o olhar, então se afastou um pouco e mirou o celular para a placa do meu carro. O cara estava tirando fotos, claro! Semicerrei os olhos para ele no momento em que ele mirou o celular em minha direção e pareceu tirar algumas fotos. O ponto de interrogação em minha mente deve ter ficado muito evidente, pois ele guardou o celular e se aproximou novamente. — Apenas me certificando de que conseguirei te achar caso tenha me passado um número falso. — ele falou fazendo meu sangue ferver. — E por que eu faria isso? — Questionei enquanto ele levava a mão no bolso e tirava a carteira de lá. — Não seria a primeira vez. — Ele desviou a atenção para a carteira, parecendo procurar por algo. Eu tive que me controlar ao ouvir aquelas palavras, a forma com que ele disse, me comparando a qualquer outra pessoa que tenha dado o golpe nele mexeu profundamente com a minha dignidade. — Não vou fugir das minhas responsabilidades. — falei firmemente o mostrando que eu não era esse tipo de pessoa. Novamente, percebi um sorriso de lado em seus lábios, porém dessa vez um pouco mais discreto. — Bem, que seja. É só uma garantia, te envio os valores assim que possível. — respondeu estendendo para mim o que parecia ser um cartão de visitas. Eu o peguei no mesmo instante. — Eu entro em contato com você. Sem me dar chance de responder ele se virou e caminhou em direção ao carro dele. Fiquei parada o observando por um instante, enquanto ele entrava no carro. A mulher entrou logo em seguida. Então, ele deu partida e foi embora. Respirei fundo e só então olhei para o cartão de visitas em minha mão. Alexander Pierce. Franzi o cenho ao ler as informações um pouco abaixo. Tendo em mente que eu deveria ter visto ele em algum artigo, ou em alguma das pesquisas na empresa onde trabalho. Ele era CEO do Radisson Pierce Hotel Group, um dos principais grupos de hotéis do país. Como eu suspeitei, o cara era cheio da grana... Era pedir muito que ele apenas pagasse o conserto de seu precioso carro, e deixasse esse incidente para lá?
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