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God Only Knows

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Blurb

Na bíblia, está escrito para não nos assentarmos a roda dos escarnecedores.

Traduzindo para a língua do nosso século, isso é um aviso para que não andemos em más companhias, pois, por mais que você ande com pessoas más, e você não seja uma pessoa má, a fama da maldade estará a sua volta.

Me diga com quem tu andas e eu direi quem tu és. Mas, e se eu andasse com Aaron Meyer? E se eu não soubesse quem ele era para dizer quem eu sou?

Acho que apenas Deus, sabe.

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01 - Demônios Existem
Respirei fundo pela terceira vez no dia, e parei na frente do espelho. Não era nem mesmo nove da manhã e eu já me sentia exausta, pronta para voltar para a cama novamente. Aquele vestido rosa com aquele cinto branco em sua volta, não combinava em nada comigo, eu sentia que estava parecer qualquer coisa menos eu mesma. A roupa não era para chamar atenção de ninguém, mas era para significar alguma coisa, pois quando alguém olhasse já saberia identificar de que tipo de família eu sou. Ouvi papai desligar o som na sala e soube que não demoraria muito para que ele batesse em meu quarto. Ele estava tão feliz em saber que outro reverendo nos visitaria, raramente nossa pequena cidade recebia visitas significativas, então quando isso acontecia, tudo parecia entrar em combustão. No meio disso, meu pai tentava contagiar todo mundo com sua felicidade, eu não o culpava, talvez lhe faltasse alguém para debater sobre Jesus Cristo. Descrever meu pai, era sem dúvidas uma tarefa ardilosa. O reverendo Kevin Scotter sempre foi uma pessoa muito conservadora, isso acabou afetando nossa cidadezinha de alguma forma. Todos ali iam a igreja, e os que não iam, ainda assim seguiam bastante de suas regras, afinal, mesmo sendo apenas um reverendo meu pai também era do conselho político da cidade, dessa parte eu não entendia muito, política para mim sempre foi algo sujo demais para que eu acabasse me envolvendo. Não posso negar, que as vezes eu chegava a sentir um pouco de pena, tanto de mim, quando dos demais adolescentes, não tínhamos a agitação de uma cidade grande, e certamente não podíamos nem ao menos tentar recriar essa sensação, já que existia um toque de recolher as onze da noite. Falando dessa maneira, faz parecer como se eu odiasse a igreja, meu pai, e as demais coisas a minha volta. Deus nunca ouvirá isso sair da minha boca, eu adorava a igreja, gostava de estar no coral, de ver como meu pai era respeitado, isso me completava de certa forma, mas de verdade, quem foi que disse que o culto tem que ser as nove da manhã de um domingo? Chegava a ser impossível segurar até mesmo os bocejos. Aposto que até mesmo Deus gostaria que descansássemos mais. – Pietra? – Ouvi a voz de meu pai e saí da frente do espelho e dos meus pensamentos. Agora era minha vez de entrar em cena. Abri a porta do quarto dando um sorriso ao reverendo. Pela boa alimentação, é fundamental contar que meu pai tinha 50 anos, mas parecia mesmo ter 42, sem nenhum esforço, apesar de condenar a vaidade, papai sempre se cuidou muito, comprava ternos em cidades famosas durante suas viagens e gostava de perfumes importados. Ninguém está completamente livre de pecados, afinal. Não chegávamos a ser uma família rica, nenhuma da cidade era exatamente rica, mas conseguíamos nos manter, com meu pai trabalhando no senado, o salário conseguia nos manter, e mesmo que eu não gostasse nada de ideia e preferia não tocar no assunto, existiam doações a nossa igreja. – Estou pronta. – Beijei a bochecha de meu pai sorrindo amigavelmente depois. Queria encorajá-lo com meu sorriso, precisava fazer com que ele percebesse que nunca estaria sozinho. Algumas coisas naquela situação, me incomodavam um pouco, como o fato de ser filha do reverendo. Eu não podia cometer um escorregão, completamente nada de errado, algo que eu fazia sempre caía nos ouvidos de meu pai. Eu sabia que ele depositava muita confiança em mim, e que ficaria arrasado caso eu o deixasse. Como minha mãe fez. A história de como minha mãe deixou meu pai, diverge de pessoa para pessoa, mas depois de tantas coisas que eu ouvi, preferi ficar com a versão do meu progenitor, afinal de contas, não tinha porque meu próprio pai mentir para mim sobre a minha própria mãe. Segundo ele, mamãe fugiu com um motoqueiro para fora da nossa pequena cidade, quis uma aventura maior que aquilo que uma cidade pacata poderia dar. Eu tinha cerca de nove anos quando isso aconteceu, não foi a melhor das experiências para ser sincera. Desde então, só Deus sabe quantas vezes eu implorei para que ela voltasse, quantas orações que pareciam vazias, eu fiz para que Ele a trouxesse de volta, mas ela nunca voltou. Mesmo assim, aposto que me virei bem sozinha, e o que aconteceu fez com que eu me tornasse a mulher que eu sou hoje. – A família que vem nos visitar, – papai começou a falar enquanto íamos até o carro, na garagem. – eles têm um menino. Uma menina também, mas são afastados da igreja. Como um pai reverendo pode permitir que seus filhos se tornem o que os filhos do reverendo Meyer se tornaram? Eu sou tão grato por você continuar ao meu lado, em Cristo. – Papai se virou beijando o topo da minha cabeça antes que eu entrasse no carro. – Mas caso os dois tenham vindo também, espero que você se dê bem com eles, talvez possa até convencê-los a voltar para a igreja. Meu sorriso forçado denunciava que eu não tinha os mesmos planos que meu pai, mas simplesmente assenti, era tudo o que eu podia fazer naquele momento. – Eu vou me esforçar, prometo. – Claro que não estava nos meus planos tentar converter ninguém, essa tarefa não era minha. O livre arbítrio ainda existia na minha cabeça. Não posso negar ter ouvido algumas coisas sobre a família Meyer, que era a família que iria nos visitar, mesmo assim eu nunca fui do tipo de pessoa que me deixava levar pelos boatos. Não era minha função julgar ninguém. Lembro-me de ir para a igreja desde muito pequena, papai sempre foi da congregação, mas mamãe raramente colocava os pés na igreja, não era algo que ela gostava muito. Fico imaginando as discussões que tiveram justamente por causa desse assunto, mas pelo que já escutei por ai, papai também não era da igreja até pouco tempo antes deles se conhecerem. Confesso que ir à igreja me proporcionou coisas que você não vê muito por ai, tenho fé até no vento que bate nos meus cabelos, e tenho amigos lá dentro também, é esse tipo de coisa que te mantém em pé nos dias de hoje. O caso era que, minha melhor amiga se casaria em breve, o que me deixava meio pra baixo as vezes. Ela não poderia me dar toda a atenção que me dava enquanto éramos as duas solteironas da igreja. Inclusive, as vezes ela me ligava no meio da noite para perguntar a cor da toalha de mesa, ou dos guardanapos do dia da festa, eu não tinha paciência para esse tipo de coisa, decoração não era exatamente o meu forte. Larissa alegava que ficaria virgem até o casamento, pelo menos era o que ela falava, porque eu tinha minhas dúvidas, não por causa dela, mas pelo pedaço de m*l caminho que seria seu marido. Para qualquer efeito, Harrison Crawford agora era um novo garoto. No começo da adolescência ele saiu dos trilhos e pelo que sei, se bandeou para outra cidade; os boatos eram acompanhados de álcool e maconha, por isso duvido que ao contrário de Larissa ele vá casar tão virgem assim. Mas agora ele parecia ser uma nova pessoa, depois que voltou para a igreja, parecia ter achado seu caminho até Deus, então estávamos todos felizes com esse casamento. Claro que eu e minha amiga discutimos algumas vezes sobre ele ser realmente o marido ideal para ela, mas ela sempre alegou que o amava e que sentia que isso era reciproco, então eu não me colocaria entre os dois. Larissa consegue ser bem violenta quando quer. – Como estão correndo as coisas para o casamento da sua amiga? – Papai perguntou enquanto dirigia para a igreja, não ficava longe, a cidade era pequena afinal de contas. O reverendo também me usava para conseguir informações sobre o casório de minha amiga porque dentre as poucas pessoas que achavam aquilo um insulto com a igreja, papai era uma delas. Para falar a verdade, papai não engolia a ideia de amor. Era uma opinião dele, porém compartilhada por muitos, inclusive a parte onde Harrison não era exatamente um bom partido. – Larissa está completamente feliz com o casamento, e extremamente animada. Eles se amam. – Espero que ela não esteja fazendo nada de errado. Casamento é uma união sagrada. – Minha vontade era de responder alguma coisa bem a altura daquela frase, mas preferi o silêncio. As vezes o silêncio é a melhor resposta. Papai desceu do carro quando chegamos no estacionamento da igreja, as pessoas já olhavam para o carro e davam seus sorrisos de respeito, o reverendo que estava comigo apenas balançava a cabeça e eu sorria de volta, não sabia o nome de metade das pessoas que estavam ali, mas surpreendentemente eles todos sabiam o meu. Ele veio até mim abrindo a porta do passageiro e eu agradeci por mania, era bom lembrar que papai só tinha aquelas ações em frente aos demais, uma boa impressão é tudo, não é mesmo? Mal caminhamos para a entrada da igreja, eu já pude ver Larissa com um belo vestido azul no estilo dos anos 60, era rodado e tinha uma renda na bainha, muito bonito. – Bom dia reverendo Kevin. – Ela disse ao se aproximar, Larissa era a única pessoa que chamava meu pai pelo nome naquela igreja, e era divertido, porque eu mesma já tinha escutado comentários de alguns jovens que queriam ter a sorte de ser amiga da filha do reverendo e poder tratá-lo de igual para igual. As pessoas costumavam supervalorizam um reverendo, quando na verdade ele não passa de humano assim como todos os outros, a diferença é que ele prega e interpreta as passagens da bíblia. Larissa costumava dizer que já que era amiga da filha do reverendo, ela podia ser abençoada sempre que queria. Era algo da cabeça dela. – Bom dia, Larissa. – Papai respondeu lhe dando um aperto de mão e sussurrando um "Deus te abençoe", era a frase que mais escutávamos na igreja. – Venha conosco, vou achar os nossos visitantes. A família Meyer. – Bom, eles já chegaram. – Ela nos comunicou com um sorriso nos lábios. – Estão na sala dos fundos, pedi que esperassem pelo senhor, dei a desculpa de que a filha do reverendo demorava para se arrumar, e os enganei com um pouco de café. Arregalei os olhos fingindo estar ofendida e nós três sorrimos. Puxei minha amiga para o lado quando o reverendo foi receber nossa família visitante, a qual eu não tinha muita vontade de conhecer no momento e decidi ficar do lado de fora da igreja conversando com Larissa. – E então, como anda os preparativos para o casamento? Diga que terminou, não aguento mais ter minhas noites de sono perturbadas. – Perguntei a ela enquanto caminhávamos para os portões da igreja. Era o assunto que ela mais queria, e mais sabia falar dos últimos meses, então tudo bem, eu faria com que ela se sentisse confortável e dividisse seus problemas comigo. Se eu não entrasse nesse assunto ela o faria, então não tinha problema eu falar não é mesmo? As pessoas que chegavam na igreja passavam por nós e sorriam balançando a cabeça e dizendo o cumprimento de sempre. "Deus te abençoe", já era pra um milagre ter operado na minha vida de tanto que eu escutava isso no meu dia a dia. – Harrison está sendo teimoso. Quer que as flores sejam tulipas roxas, mas eu quero muito que sejam rosas. Sabe como tenho uma queda por coisas mais tradicionais, e rosas são tão lindas. – Como uma bela romântica que é, ele deveria entender sua queda pelas rosas. – Sorrimos juntas e nossa atenção foi capturada por outra coisa. Descendo a rua da igreja, estava um carro esporte, preto, comprido, não sei o nome do carro, nunca foi do tipo que decorava essas coisas, mas definitivamente não era de um dos nossos fiéis, pois era desconhecido tanto para mim quanto para minha amiga. Mesmo assim, vindo em alta velocidade, o que era desnecessário o carro estacionou bem em frente a nossa igreja e eu e Larissa nos entreolhamos, quem poderia ser? Não estávamos nem tentando disfarçar mais a curiosidade, os demais fiéis tinham entrado e agora restavam poucos jovens para se sentar nos bancos dos fundos. De dentro de carro um rapaz alto e de cabelos longos saiu jogando o resto de um cigarro na calçada, eu voltei a encarar Larissa como se perguntasse quem poderia ser mas ela parecia paralisada. O rapaz era inteiramente tatuado e eu comecei a me perguntar o motivo dele estar vindo para a igreja. Não cabe a mim julgar ninguém, ele só não se encaixava no padrão de mauricinhos que a igreja exigia, mesmo assim podia ter fé e vir, mas como era um desconhecido, eu estava curiosa. Sem esboçar preocupação nenhuma ele andou com os olhares dos demais jovens do lado de fora, sobre ele, mas andou na direção da entrada da igreja. Mesmo assim ao ver que nem eu, nem Larissa desviamos o olhar, ele parou na nossa frente. Eu deveria dar as boas-vindas ao visitante não é mesmo? – A família Meyer já chegou? – Ele perguntou. A voz era grossa e forte, porém meio rouca, talvez pelo tabaco, ou uma frente fria tinha lhe trazido uma dorzinha de garganta? – Sim. – Respondi no mesmo tom que ele. – É algo da família? – Sou o filho, mesmo que para você eu possa ser o que quiser, docinho. Minha boca se abriu em reprovação e espanto. Quem ele achava que era para falar comigo daquela maneira? Eu exigia mais respeito. Parecia que eu tinha levado um soco no estomago e não estava acreditando que doeu. – Aaron? – Olhei para Larissa e quase caí, ela sabia quem ele era? Então pelo código de i********e ela poderia bater nele por mim? – Aaron, Harrison já sabe que você está aqui? Estamos a ponto de nos casar. – Não vim estragar seu casamento, Larissa. Não vou roubar o noivo no dia da cerimônia, fique calma, estou feliz por vocês. Meu propósito aqui é outro completamente diferente. – Seus olhos continuavam em mim e eu senti como se ele estivesse tirando cada peça de roupa do meu corpo. Aquilo podia ser considerado assédio não é mesmo? Eu estava desconfortável. Mesmo assim, minha mente começou a trabalhar, Larissa o tinha chamado de Aaron, se ele era o filho dos Meyer... – Aaron Meyer. – Sussurrei com um sorriso vitorioso. – Você é o filho rebelde do reverendo Meyer não é mesmo? – Exatamente. – Ele sorriu e eu tive que confessar, aquele era um belo sorriso. – Posso entrar? Acho que vão começar o pai nosso. Apesar da fala irônica, eu não seria contra ele entrar na igreja. Repeti para mim mesma "Pietra, todos têm salvação, todos, inclusive esse garoto", e depois simplesmente usei um dos sorrisos ensaiados que eu reservava para a igreja apontando para o lado de dentro. – A igreja é aberta para todos. – Mesmo? – Vi ele dar uma risada e depois olhar para o lado de dentro da igreja. – Será que a filha do reverendo também é? Quando suas palavras atingiram meu cérebro eu tive vontade de puxar o garoto pelo colarinho e socar sua cara, mesmo não sendo adepta da violência, foi exatamente o que eu tive vontade de fazer, mas ele já estava caminhando para dentro da igreja e eu apenas olhei para minha amiga respirando fundo. Quanta audácia numa pessoa só não é mesmo? Eu sabiada existência de Deus, sabia da existência de céu e inferno, acreditava nissode olhos fechados. Mas assim como eu sabia da existência de Deus, eu tambémsabia da existência do d***o e de seus demônios. Aaron Meyer podia parecer umsimples humano na frente de todo mundo, mas na minha concepção, a partir deagora, ele certamente era um tipo de demônio.

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