Três delas tremem de pânico quando veem o chefe, mas uma não.
Ela permanece impassível, costas retas, ombros emoldurados. Lyra sabia que o inferno ia começar.
— Escolha o que você quer.
Olho para cada uma, mas meus olhos voltam para quem está segura novamente.
Coxas viradas e definidas, seus s***s espreitam para fora do decote da blusa, grandes e apetitosos.
E seu rosto, cinzelado, redondo, maçãs do rosto marcadas, bochechas levemente rosadas, olhos azuis, brilham incrivelmente, mas frios. Seus lábios rosados e cheios, cílios longos e cabelos loiros lisos presos em um r**o de cavalo alto, o que me permite detalhar ainda melhor suas feições.
Caramba, ela é linda.
Orion se aproxima das meninas, como um lobo perseguindo sua presa, as três meninas tremem mais, mas Lyra não, ela permanece impassível. Orion não hesita e se prostra diante dela, que também não hesita, pelo contrário, levanta o queixo desafiadoramente, o azul frio batendo no rosto de Orion, que inclina a cabeça confuso.
Orion olha para mim, olha para Kael, e isso é o suficiente.
— Lyra — eu exclamo.
A morena grita e tenta se aproximar dela, mas sem sucesso, meus guardas os tiram do escritório.
Orion tenta tocar o rosto dela, mas ela se afasta, fazendo Orion franzir a testa com raiva.
Um dos meus guardas agarra-a pelo pescoço, mantendo-a imóvel, enquanto André se aproxima e tenta tocar-lhe na cara.
— Uma verdadeira beleza — ANDRÉ assobia.
— Tire a mão do meu rosto — ela rosna, com uma voz fria como aço.
Minha curiosidade pela menina cresce, uma frieza dessas que se filtra pela voz dela, pelos olhos dela, tem um motivo, porque é parecido com o meu, eu a reconheceria onde quer que ela fosse. Essa frieza não é nada facilmente obtida.
— Eu gosto, nós aceitamos — diz Orion.
Meus olhos curiosos a percorrem enquanto ela luta com o guarda, até que o i****a André fala com ela.
— Lyra, cale a boca — rosna. — Você é a moeda de troca da minha dívida.
Lyra.
Ela para de brigar, a compreensão atravessa suas feições, seu corpo fica tenso, mas ela não faz mais nada, ela se resigna a isso, e isso desperta ainda mais minha curiosidade.
Por que vocês param de brigar?
Você não pode ser livre antes, boneca?
— Filho da p**a — Lyra rosna furiosamente em direção a André, mas deixa o guarda derrubá-la, sem resistir.
Kael olha para mim, mostrando que está vendo a mesma coisa que eu, não briga, ela desistiu.
Normalmente, pessoas sequestradas lutam um pouco mais.
A morena grita enquanto tenta se libertar das garras dos meus guardas e tenta alcançar a loira, mas não consegue.
— Você poderia soltar meu pescoço? É desconfortável andar assim.
O guarda se vira para olhar para nós, tão confusos quanto nós que a loira não está brigando, mas Orion o abandona, divertido com a atitude relaxada da loira.
— Você ouviu a senhora, deixe-a ir.
Sua amiga consegue alcançá-la antes que outro guarda a derrube.
— Lyra!
— Certo, Aline.
Ela se resigna novamente e não luta.
Todas as moedas de troca que reivindicamos lutam, sempre lutam, até o último dia de suas vidas, ou se resignam à sua morte iminente.
Mas ela não, parece que ela não se importa nem um pouco com o fato de estar sendo sequestrada.
Puseram-na no carro, enquanto entramos no nosso e seguimos em direcção à mansão.
Chegamos à mansão e vejo como os guardas trazem essa Lyra, um deles a carrega no ombro, seus olhos estão vendados e suas mãos estão amarradas, eles já soltaram seus pés.
Vem cantarolando uma música?
Eles a deixam de pé bem na frente de nós três e tiram a máscara, seu olhar azul piscando para se acostumar com a luz e então ela direciona o olhar para todo lado.
— Uau.
O que diabos há de errado com essa garota?
— Você sabe por que está aqui, Garota? — Orion pergunta.
— Meu nome não é Garota, Lyra, Sr. Sequestrador — refuta — E sim, sou sequestrada até Ande pagar sua dívida, blá blá blá.
Minha testa franze em confusão, assim como a dos meninos.
Onde estão os gritos? O choro? A dor?
Você se importa tão pouco com sua vida?
— Não exagere, garota — Kael ameaça, mas ela ri.
Bem na frente do rosto dele.
— Sim, bem — risadas — Como vai ser isso? Tenho um quarto só para mim ou eles têm uma masmorra misteriosa onde torturam suas vítimas até que André venha me resgatar como Príncipe Encantado? — ironicamente — Porque lamento decepcioná-los, senhores, mas André não virá atrás de mim, sou sua moeda de troca que ele deixará aqui para eu pagar sua dívida.
Quem é que acha?
Vou até ela, coloco a mão em seu pescoço e aperto. Ele fica boquiaberto com a impressão, um som que tento omitir por causa das sensações que ela provoca em mim, e o puxo para perto do meu rosto.
Seu rosto fica vermelho pela força que estou exercendo, cortando seu ar, mas ela não hesita, mantém seu sorriso sarcástico no rosto e seus olhos gelados me encaram.
— Derrube-a — Eu digo aos guardas, enquanto a solto e a jogo a seus pés.
Ela cai no chão e suspira, recuperando o fôlego, embora os guardas a peguem descuidadamente e a arrastem para o porão.
— Você pode se divertir o quanto quiser — informo Kael Draven.
Sorria e siga a Lyra.
Olho fixamente para o caminho que ela tomou, imaginando que boa ideia deve ter sido trazer essa garota.
Orion assobiava ao meu lado.
— Ela é um pouco louca, você não acha? Concordo plenamente.
Lyra Vons.
Os seguranças me levam para uma espécie de porão, onde há apenas um colchãozinho nojento com algumas manchas secas que presumo serem sangue, desgastadas, sujas.
Eles me deixam lá e vão embora, fechando a porta em seu rastro, não há mais nada aqui, apenas uma pequena câmera no canto da sala. Sento-me no colchão enquanto abraço as pernas quando a ventilação do local começa a resfriar o ambiente e começo a estremecer de frio.
Meus shorts minúsculos e blusa decotada não ajudarão muito no frio.
Não sei há quanto tempo estou aqui, talvez algumas horas, quando um dos Draven entra na sala.
Marrom, alto, de pele um tanto escura, seus braços estão cobertos de tatuagens, até mesmo seus dedos, embora eu possa ver as leves cicatrizes em seus nós dos dedos devido às múltiplas lutas das quais ele certamente participou. Ele tem um piercing na sobrancelha, vários nas orelhas e um no nariz.
Seus olhos castanhos me observam de volta, enquanto ele se aproxima um pouco mais de mim, como um lobo de sua presa, me perseguindo, tentando ver qualquer vestígio de pânico em mim que eu não deixe transparecer.
Uma de suas mãos tem uma pequena bolsa, embora eu não consiga ver o que tem dentro. Ele inclina a cabeça, apenas olhando para mim. Após alguns minutos, eu desvio o olhar dele, um pouco constrangida, e o ouço soltar um bufo zombeteiro.
— Linda, garota — exclama — trouxe algumas roupas para você, presumo que o que você está vestindo não seja muito confortável.
— Meu nome é Lyra, embora eu presuma que você já saiba disso.
Vejo um toque de sorriso em seu rosto enquanto ele cruza os braços.
— Você quer as roupas ou não?
— Qual é o truque?
— Você acha que existe algum truque?
— Você não vai me dar as roupas só porque acha que sou bonita, certo? — Meu comentário o faz mostrar a sombra de um sorriso.
— Você tem uma língua muito longa, garota.
— Ninguém nunca me lisonjeou assim, mas obrigado, Sr. Sequestrador — Desta vez posso fazer você sorrir.
— Garoto.
— Com licença?
— Meu nome é Kael Draven.
Eu não digo nada, então ele fala novamente.
— Escute, Lyra, nada vai acontecer com você aqui, se é isso que você pensa, gostaríamos somente de uma pequena informação, em troca eu te darei as roupas e sua estadia aqui será como uma viagem tranquila.
— Informações?
— Sim, informação, tipo, por que você não aparece no registro de funcionários do bar do André? Ou por que você trabalhou lá em primeiro lugar? Ou talvez porque você não parece nem um pouco assustada de estar aqui?
Fico tenso com as perguntas dele e o gesto não passa despercebido, cada uma dessas perguntas me condena um pouco mais se eu decidir responder com sinceridade, então decido omitir um pouco de informação.
Omitir não é mentir.
— Eu não apareço no registro porque não trabalho lá, não completamente, eu só ajudo André um pouco porque meu pai lhe devia um favor.
— Isso não responde à minha última pergunta.
— Não sei como responder.
— Acho que você sabe, Lyra, mas vou deixar passar desta vez — jogue a bolsa aos meus pés — Não torturamos nem assassinamos pessoas que não merecem, a menos que sejam um meio para alguma coisa, sabemos que eles não se importam. O interesse do André, torturar só seria um desperdício de recursos.
— Obrigado, eu acho.
Não antevejo a ação; somente percebo que, repentinamente, ele se encontra agachado à minha frente, e sua mão exerce uma pressão firme sobre meu queixo, fazendo com que eu mantenha os olhos fixos nos dele. O tom castanho de seus olhos não permite vacilos, emanando uma aura letal e gélida que consegue me afetar.
— Mas, se eu descobrir que algo que você me disse é mentira, eu mesmo descerei e me divertirei com você. E não é nada que você vai gostar.
Ele sai da sala, deixando um silêncio desolado em seu rastro.
O pânico se infiltra no meu sistema enquanto imagino os piores cenários em que eles descobrem o contexto das coisas. Eu vou ficar ferrado, ninguém mexe com o DRAVEN e vive para contar a história.
Eu sei, a cidade inteira sabe.
A cidade inteira conhece os três irmãos que tomaram a Espanha, deixando um rastro de sangue por onde passam. Mesmo sendo jovens e a princípio subestimados por isso, eles souberam silenciar todas aquelas bocas de maneiras não tão ortodoxas.
Eles são os donos da cidade, e eu estou na toca do lobo que não hesitará em me morder.
A porta se abre novamente e ouço passos em minha direção, enquanto tento acordar.
Pisco tentando focalizá-lo, a luz branca é ofuscante, não sei quantas horas estou aqui, mas meu estômago ronca de fome.
É o rapaz loiro.
Seus braços também estão cheios de tatuagens, o lobo característico de seu pescoço, como o de seus irmãos, tem um anel em um lado de seu lábio inferior e piercings em suas orelhas. Seus olhos castanhos avaliam meu rosto.