Elisa A casa do meu pai sempre cheira a café velho e madeira encerada. Não é um cheiro agradável para a maioria das pessoas, mas para mim sempre significou estabilidade. Algo que não muda. Algo que permanece mesmo quando tudo o mais parece escorregar por entre os dedos. Bato à porta sem usar a campainha. Nunca precisei. — Já vai! — a voz dele soa do outro lado, familiar, firme, um pouco mais lenta do que anos atrás. Ouço o barulho da chave, o clique conhecido, e a porta se abre. — Elisa… — ele diz, abrindo um sorriso que começa nos olhos antes de chegar à boca. — Não esperava você hoje. — Eu sei. — respondo. — Posso entrar? Ele dá espaço imediatamente, como sempre fez. Nunca perguntou por quê. Nunca exigiu explicações. Meu pai sempre entendeu que algumas visitas não precisam de mot

