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Fuga Para O Morro

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Blurb

Isa nunca teve uma infância. Presenciou o padrasto matar a própria mãe a sangue frio. Depois disso, a casa virou cativeiro. Dia após dia, os hematomas no corpo competiam com os da alma. Ele a espancava como se ela fosse nada. E quando não podia mais controlar, vendeu Isa para um homem rico, influente — e completamente obcecado por ela desde que era criança.

Mas Isa não aceitou o destino. Fugiu. Sozinha, machucada e com o sangue da própria coragem nas mãos, atravessou a cidade até chegar ao Morro — onde ninguém entra impune, e ninguém sai ileso.

Ela achou que estava indo direto para o inferno. Mas naquela mesma noite, foi salva por ele.

Cael é o líder do Morro. O Rei. Nascido da violência, forjado no abandono. Não ama, não confia, não perdoa. Seu nome é temido, sua palavra é lei. Ninguém atravessa o território dele sem permissão. Mas Isa atravessou. Com os olhos mortos, os pés sangrando e o passado gritando. E Cael viu nela algo que ninguém mais viu: ele mesmo.

Ela só queria sobreviver. Ele só queria manter o controle. Mas quando o caos encontra o caos, o inevitável acontece.

Apaixonar-se ali é um risco. Tocar-se é proibido. Amarem-se… pode ser a sentença de morte dos dois.

Entre becos e promessas, entre a fúria e o desejo, Isa e Cael vão descobrir que o amor não salva — ele consome.

E que, às vezes, o que te destrói… também é o que te liberta.

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O Som Do Silêncio
POV Isadora Eu tinha oito anos quando descobri que o silêncio pode ser mais barulhento do que um grito. Era fim de tarde. O sol morria atrás da cortina encardida da sala, pintando tudo com uma luz alaranjada que fazia parecer que o mundo estava derretendo devagar. O ventilador girava no teto com aquele “tec tec” irritante, sincronizado com os gritos da minha mãe vindo da cozinha. Naquele dia, até o ar parecia nervoso, pesado, como se estivesse se preparando para um desastre que eu ainda não conseguia entender. A voz dela não era só alta. Era desesperada. De rasgar garganta. Ela atravessava meu quarto como um fantasma, rastejando pelo chão, subindo pelas minhas pernas, grudando na minha pele como um aviso: “Corre, Isadora. Corre agora.” Mas eu não corri. Me escondi atrás da porta do quarto, abraçando meu ursinho velho — o mesmo que minha mãe costurou com linha azul depois de perder um olho. Eu apertava ele tão forte que minhas mãos doíam. Era tudo que eu podia controlar num mundo que estava saindo do eixo. Eu já sabia qual era o roteiro. Aprendi cedo demais. Primeiro as discussões. Depois os xingamentos. Objetos voando. E então… o silêncio. E o silêncio sempre significava o pior. Só que naquele dia, algo mudou. O grito da minha mãe subiu de um jeito que parecia impossível, como se fosse o grito de alguém sendo engolido vivo. Depois veio um estrondo contra a parede. Um prato quebrando. Uma cadeira arrastada. E aí… o som. Um estalo seco, metálico, que não combinava com nada que eu conhecia. Foi esse som que me tirou do quarto. Tropecei duas vezes no caminho, com o coração socando minhas costelas e o ar falhando. Cada passo era como andar por um campo minado. Eu sabia que qualquer coisa que eu visse ia me perseguir pro resto da vida. Mesmo assim, fui. E quando parei na porta da cozinha… tudo dentro de mim desmoronou. Minha mãe estava caída no chão. O sangue dela escorria como se alguém tivesse virado um copo. Vermelho vivo, quente, espalhando pelos azulejos sujos como tinta que não para de escorrer. O cabelo preto, sempre tão bonito, estava espalhado como fios de sombra. Os olhos meio abertos. A boca tentando formar alguma palavra que nunca saiu. Mas o que mais me destruiu… foi a mão dela. Estendida na minha direção. Tremendo. Fraca. Incompleta. Era um pedido de socorro. Ou perdão. Ou os dois. Ou talvez só o jeito dela de me dizer “eu te amo” pela última vez. E então eu vi ele. Otacílio. Meu padrasto. No meio da cozinha. Com o ferro de passar roupa na mão. A ponta ainda pingava sangue. Ele me olhou com uma calma que até hoje me dá calafrios. Não tinha culpa. Não tinha medo. Não tinha nada além de um vazio frio, como quem pisa numa formiga e continua caminhando. — Foi um acidente — ele disse. Simples assim. Como se estivesse falando de um copo que caiu da pia. Eu não chorei. Não naquela hora. O choque é estranho — ele congela mais do que todos os invernos do mundo. Fiquei ali, presa no próprio corpo, com o ursinho esmagado contra o peito, tentando entender como o mundo pode ruir tão rápido. O silêncio depois disso era tão alto que parecia gritar. A polícia chegou naquela noite. Alguém chamou — talvez um vizinho cansado de ouvir briga todo dia. Sempre tinha alguém ouvindo. Sempre. Mas nunca faziam nada. Até ser tarde demais. Quando os policiais entraram, ele chorava. Chorava alto, com desespero falso, falando que minha mãe “surtou”, que “bateu a cabeça”, que “caiu sozinha”. Eles ouviam. Anotavam. Concordavam com a cabeça. Um deles veio até mim. Eu estava encolhida atrás da cama, com o ursinho ainda na mão. Ele perguntou o que tinha acontecido. Eu respondi. Contei tudo. Palavra por palavra. Sem trocar nada. Sem inventar. Sem hesitar. O policial me olhou. Depois olhou pro parceiro. E disse: — Criança em estado de choque. Imaginando coisa. Eles acreditaram nele. Nele. Minha mãe foi levada numa maca coberta por um lençol branco. Como se o branco pudesse esconder o vermelho. Eu tentei segurar a mão dela mais uma vez, mas me afastaram. — É melhor assim — disseram. Levaram ele preso, mas só por algumas horas. No dia seguinte, ele estava de volta. Livre. Rindo. Vivo. E foi ali que o inferno começou de verdade. Antes, pelo menos, eu tinha ela. Tinha uma voz pra me acalmar. Tinha colo. Tinha cheiro de café de manhã. Tinha música r**m de rádio enquanto ela lavava louça. Tinha esperança. Depois daquele dia… tudo que eu tinha morreu com ela. E o que sobrou foi ele. Ficou com a casa. Com a minha vida. Comigo. A partir dali, cada dia parecia um castigo. Ele não me batia todo dia. Só quando “eu merecia”, segundo ele. Mas o pior não eram os golpes. Era o olhar. O jeito como ele me analisava na mesa do jantar, como se eu fosse um peso morto que ele carregava por obrigação. Como se me manter respirando fosse um favor. Na escola, eu era uma sombra. As crianças brincavam, riam, viviam. Eu só queria desaparecer. Às vezes uma professora perguntava se estava tudo bem. Eu sorria. Mentia. Aprendi a mentir fácil demais. Porque da última vez que falei a verdade… ninguém acreditou. Meu quarto virou o único lugar onde eu conseguia existir. Onde eu inventava histórias onde minha mãe ainda estava viva e a gente tinha fugido pra longe. Onde o barulho do ferro batendo em carne não existia. Onde o chão não tinha sangue. Onde eu podia respirar sem sentir culpa. Mas tudo isso era fantasia. E fantasia nunca salvou ninguém. Eu sonhava com ela às vezes. A testa ensanguentada. A mão estendida. Sempre fora de alcance. Acordava suando, com o grito preso na garganta. O inferno não foi o dia em que ela morreu. Foi tudo que veio depois. A rotina cinza. A ausência dela. A presença dele. E o silêncio. O silêncio que preenchia a casa inteira. Que engolia meus pensamentos. Que abafava meus pedidos de socorro. Ninguém nunca perguntou de novo. Ninguém nunca insistiu. E eu aprendi a não esperar nada de ninguém. Até hoje, quando escuto o som de um ferro sendo colocado numa tábua… meu corpo inteiro trava. Minha mente volta. Meu sangue ferve. Aquele som ainda me mata um pouco. Eu tinha oito anos. Oito. E foi assim que minha história começou. Com sangue. Com silêncio. Com um pedido de socorro que ninguém quis ouvir. ---

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