Aproximação Perigosa
Jungwon e Jay estudavam na mesma faculdade de Engenharia da Computação. Em quase todas as aulas, Jay encontrava motivos para fazer comentários depreciativos sobre pessoas homossexuais, sempre com um tom de superioridade.
Ele se apresentava como alguém de classe alta, mas na verdade vinha de uma família de classe média baixa. Sua principal vantagem era a aparência física, algo que Jungwon relutantemente admitia para si mesmo.
Jongseong era alto, de pele levemente bronzeada pelo hábito de frequentar a praia, com um tom dourado que o tornava particularmente charmoso. Quando sorria, atraía olhares até mesmo de outros homens.
A relação entre os dois era tensa. m*l trocavam palavras civilizadas, e Jay costumava iniciar piadas ofensivas. Jungwon, que ainda não havia se assumido publicamente, preferia se fechar, ouvindo música ou estudando em silêncio. Às vezes, discutiam, mesmo que Jungwon temesse que defender a comunidade l***q+ pudesse revelar sua própria orientação. No entanto, todos acreditavam firmemente em sua heterossexualidade.
— Você é o tipo de cara que só aceita da ciência o que quer — disse Jungwon após uma discussão frustrante sobre pessoas transgênero.
— Disforia de gênero é algo comprovado. Algumas pessoas são ignorantes e também trans. Mas isso vale para qualquer grupo. Você estuda aqui e é ignorante. Não significa que todos nós sejamos.
A maioria dos colegas concordou com Jungwon, sorrindo em apoio. Jay ficou em seu círculo com a namorada e dois amigos. Felizmente, o professor de cálculo chegou e repreendeu os dois por discutirem em sala. Como consequência, decidiu que Jay e Jungwon formariam uma dupla para uma apresentação de projeto. Jungwon cometeu o erro de reclamar.
— Quer vir aqui ser professor, Yang Jungwon?
— Não, senhor.
— Jongseong?
— Eu tô de boa com a escolha da minha dupla, professor — respondeu Jay, com um sorriso debochado que irritou Jungwon profundamente.
Jungwon ficou em silêncio, já resignado a uma nota baixa. No final da aula, Jay se aproximou, pegando do chão a caneta que Jungwon havia deixado cair sem perceber.
— Eu vou pra biblioteca agora, mas se não quiser ficar perto de mim, tudo bem.
Jay saiu da sala, e Jungwon, ainda irritado, o seguiu. No caminho, Jay se virou.
— Você é doido. Quase engoliu o professor. Mas depois de me chamar de i****a, eu não pude responder. Eu nunca neguei a legitimidade das pessoas trans.
— Transexuais.
— Claro. Eu não n**o, Jungwon. Só não vejo vantagem em aceitar certas coisas sem questionar.
Jungwon rebateu calmamente:
— E quantos casos assim você realmente encontrou na vida, Jongseong?
Jay gaguejou, sem resposta convincente. Jungwon sorriu, sentindo-se vitorioso, e o resto do caminho foi silencioso.
Na biblioteca, pegaram livros para o projeto e sentaram-se. Jungwon observou Jay lendo com concentração, os olhos castanhos focados. Apesar de tudo, era difícil ignorar o quanto ele era atraente.
Esses encontros se repetiram por duas semanas — na biblioteca, nas escadas do prédio ou, eventualmente, na casa um do outro. Inicialmente, falavam apenas do trabalho, mas logo começaram a rir de assuntos banais. Aos poucos, Jay deixou de ser o antagonista da turma e se tornou um colega atencioso, capaz de fazer Jungwon rir.
Dias antes da apresentação, Jay já sentava ao lado de Jungwon em aula, surpreendendo todos. Ele ainda fazia comentários homofóbicos ocasionais, que incomodavam Jungwon.
Esperando validação, Jay olhava para ele, e Jungwon, sentindo-se traidor de si mesmo, sorria para agradar. Gradualmente, Jay ocupou mais espaço nos pensamentos e valores de Jungwon. Até a namorada de Jay parecia notar algo, pois nunca gostara dele. Por fim, Jay passou a priorizá-lo.
Um dia antes da apresentação, Jungwon foi convidado para a praia com o grupo de Jay. Passou a maior parte do tempo na areia, observando Jay jogar futevôlei sem camisa. Jay o chamou várias vezes para participar, mas Jungwon recusou, temendo reações involuntárias do próprio corpo.
Em um momento, Jay insistiu tanto que Jungwon acabou entrando na água. Nadaram para mais longe, aproveitando o mar e o sol nos rostos jovens. De volta ao raso, sentaram-se lado a lado, com as pernas se tocando levemente. Jay elogiou o esforço de Jungwon no projeto e agradeceu. Foi um instante de conexão genuína.
Infelizmente, o momento foi interrompido. Ao organizarem as coisas para ir embora, um garoto de trejeitos efeminados passou por eles. Jay cuspiu no chão de forma ostensiva. O garoto notou, olhou mortificado e seguiu andando com receio. Jungwon sentiu vergonha profunda.
— Não tem como achar isso bonito, Jungwon — disse Jay, como se justificando.
Jungwon não respondeu. Seu silêncio foi suficiente para que Jay não tentasse mais conversa no caminho de volta. Jay o convidou para sua casa, oferecendo roupas limpas, mas Jungwon recusou inicialmente.
— Deixa disso, cara. Eu me arrependi na hora de ter cuspido. Não posso voltar no tempo.
Jungwon acabou cedendo. Entraram na casa, e ele aceitou trocar de roupa. No quarto, Jay lhe emprestou peças, incluindo roupas íntimas. Enquanto se trocavam, mantiveram uma proximidade casual, típica de amigos heterossexuais sem constrangimentos. Jungwon sentiu atração intensa, mas manteve a compostura.
Decidiram jogar videogame, sentando-se próximos no chão. O contato físico era natural para Jay — pernas roçando ocasionalmente. Jungwon perdeu todas as partidas, distraído.
Após o jogo, Jay sugeriu algo mais íntimo, trancando a porta e colocando um vídeo. Sentaram-se lado a lado novamente.
Compartilharam um momento de i********e física, tocando um ao outro de forma inesperada. Foi intenso e repentino para Jungwon, que correspondeu. Alcançaram o prazer quase simultaneamente, rindo depois para aliviar o constrangimento.
— Sujei sua roupa... — disse Jungwon.
— Tem nada não. Fica de boa — respondeu Jay, tranquilo. — Pelo menos você é tranquilo, não fica de frescura por causa de uma ajuda entre amigos.
Jungwon apenas sorriu, ainda processando o que havia acontecido.