─ Sim, pode contar para o seu irmão mais velho. Não temos segredos. - Ele assente.
─ Você não sabe de nada, inocente! - dou outra risada, bem boba. Daniel não entende o quanto ele me deixa nervosa. E ainda mais com essa ideia tão sexy que ele acaba de ter.
O loiro suspira profundamente, mas acaba rindo.
─ Para de zoar, Lynn. - Ele abre um sorriso divertido e cutuca a minha cintura do meu lado. ─ Então, hm. Conta para mim. Por que você não se concentra?
─ Você quer que eu seja sincera? - olho Daniel nos olhos e cruzo minhas mãos, com os cotovelos na mesa, enquanto o observo com malícia.
─ Sim. - Ele assente.
─ Você me desconcentra. - Digo, e dou um risinho. Ele fica bem vermelho. Vejo como as pupilas dele começam a brilhar, enquanto ele olha para mim, apesar da timidez que nasceu nele. ─ Hmmm... - ele murmura, meio gozado, e logo ri outra vez, nervoso. ─ E além disso, ─ sigo, lambendo meus lábios, satisfeita por estar lhe deixando descolocado. ─ Eu tenho um vizinho tarado muito parecido com você. Insisto! Será que você não é ele? Tem certeza?
─ Você tem um vizinho "tarado" que se parece comigo? - ele me olha, com um sorriso ladeado, enquanto sua frase sai de seus lábios com um timbre mais erotizado.
─ Hm... - murmuro, olhando para baixo.
Mas ele vende drogas e não é um playboyzinho. Essa é a grande diferença.
─ "Hm" - ele me imita, e logo ri outra vez.
O olho de soslaio, corada.
─ Bom, você quer que eu te ajude ou não? - ele fica sério. ─ Antes eu disse que você é inteligente. Mas isso não quer dizer que você saiba usar essa inteligência. - Ele ri suavemente.
─ Daniel! - exclamo.
─ O quê? - ele murmura, me olhando com certa maldade. ─ Temos confiança agora, não?
─ Hm... - sussurro e suspiro. ─ Certo... Me ajuda. - Murmuro, chorosa. Deixo a minha cabeça se encostar no seu ombro. Daniel me olha, me analisando, e abre um sorriso ladeado.
Não me pergunte.
Eu também não sei quando foi que começamos a flertar.
Aliás, estamos flertando?
É tão sutil que não consigo dizer.
Era sutil.
Até agora.
─ Senta aqui. - Ele sussurra, com sua voz masculina e arrasta a cadeira pelo chão, se afastando da mesa. Daniel aponta para o seu colo. ─ Eu vou te ensinar. - Ele olha o meu rosto, após dizer isso de forma firme e com um semblante sério. Como ele conseguia manter os papéis? Ele parece levar a sério. Mas para mim é uma situação muito maliciosa.
Ou será que para ele também é maliciosa?
Bom...
Eu só vou saber se eu seguir suas instruções.
Me levanto, corada, ajeitando minha saia. Me sento sobre uma de suas pernas, ele as tem bem afastadas. Ainda sigo vermelha e incluso um pouco trêmula. Seguro a mesa com uma mão. Ele envolve minha cintura, e parece ignorar os sintomas físicos de nervosismo, de excitação s****l, que meu corpo mostra por estar perto dele; ele finge que não percebe? Sinto como Daniel me dá um abraço bem aconchegante, lento, paternal.
─ Você se sente mais segura, no meu colo? - ele murmura.
Estou muito vermelha.
Ele está sendo muito sensual.
Será que ele sabe?
─ Sim... - sussurro. Passo um braço por cima do seu ombro, e o abraço, e então Daniel arrasta a cadeira e ficamos mais perto do meu caderno outra vez.
─ Veja só... - ele sussurra com sensualidade; Daniel tem um timbre de garoto sábio, bem mais inteligente do que qualquer um, o timbre de alguém que é de confiança, e seguro de si. É verdade que estar em seu colo me deixa mais segura, por mais engraçado que soe dizer isso. ─ Preste atenção, certo? - ele pede perto do meu rosto. Daniel começa a refazer os meus exercícios, diante dos meus olhos, tomando mais tempo do que ele tomaria normalmente para fazê-los, para que dessa forma eu pudesse ver o processo. Sinto seus dedos se deslizarem com carinho por minhas costas.
Às vezes, ele murmura "hm?" com sensualidade e amabilidade, olhando o meu rosto, em alguns momentos do exercício, para ver se eu estava entendendo o que ele fazia.
A única coisa que eu sei é que a minha respiração começava a ser bem mais lenta do que o normal. E que o seu jeito de falar comigo, tão sensual, estava me excitando.
Daniel acaba de resolver os cinco exercícios e olha o meu rosto, enquanto ainda segura o lápis.
─ Você entendeu, Lynn? - ele pergunta, com seu tom de voz sério.
─ Acho que sim. - Sussurro, com o rosto inteiro corado.
Olhamo-nos olhos com olhos, mais tempo que o necessário.
─ Hm... - ele sussurra, quebrando levemente o silêncio proveniente da tensão s****l. ─ Então... Se você souber refazê-los, tenho certeza de que vai conseguir um bom resultado.
─ Eu vou tentar. - Murmuro, enquanto nos encaramos.
Subo minhas mãos por sua gravata, sentindo como elas estão levemente trêmulas, e a reajusto por puro nervosismo, sendo totalmente contraditória.
Quando minha visão volta para o rosto dele, vejo um sorriso ladeado se formar no canto da sua boca, pouco a pouco. Ah, ele sabe muito bem que esteve me provocando este tempo todo. Seus olhos verdes estão brilhando.
─ V-você... - murmuro, sem sentido, nervosa enquanto o rosto dele está chegando perto do meu.
Sinto sua mão quente tocar a minha saia por trás, com cautela, suavidade. Nossos lábios se tocam e as línguas se encostam já no primeiro contato. O ar quente e sutil que vem do nariz dele se pousa no meu rosto.
Ele alisa o meu traseiro com um par de movimentos horizontais, firmes e lentos, localiza uma nádega por cima do pano da saia de cada vez, pacientemente e, ao mesmo tempo, a intensidade do beijo aumenta.
─ Humhmm... - murmuro suplicante, e abro os meus lábios para recebê-lo. Após ouvir a minha voz, ele faz o beijo ser ainda mais profundo e ele aperta a minha b***a com a mão inteira, e com força. ─ Ai... - Gemo baixo.
─ Mmm... - escuto seu gemido grave e rouco contra meus lábios, que escapa da sua garganta demonstrando muita satisfação. Algo se aperta no meu interior por causa do timbre da sua voz. Ele chupa o meu lábio inferior lentamente, até soltá-lo. ─ Huhum... Você está tremendo... - ele consta com malícia, olhando minhas mãos sobre sua camisa, que denunciam tal nervosismo. - Por quê... hmmm? - ele olha meu rosto, sério, e morde o próprio lábio. ─ Você tem medo de mim? - ele sussurra lento, baixinho, arrastadamente.
─ N-não... - gaguejo, e desvio os olhos dos seus. ─ Você... É um pouco imponente, entende? - murmuro, e solto um longo suspiro, tentando me acalmar.
Daniel ri sensualmente.
─ Tudo bem... - ele alisa a minha bochecha. ─ Eu não vou comer você. - Abro um sorriso ladeado, enquanto o olho com timidez. Ele entende o sentido duplo e solta outra risada baixa, rouca e sensual. ─ Não aqui. - Ele sussurra.
Vejo sua língua vermelha se arrastando dentro dos seus lábios entreabertos. Por isso, lasco outro beijo úmido, lento e carinhoso sobre sua boca tão molhada e suave. Aliso seu cabelo loiro, sentindo a textura fina que ele tem, afável. A pele do rosto dele é igualmente macia.
─ Hhuhm... - rio corada. ─ Eu já imaginava. - Sussurro. Ele assente algumas vezes enquanto me olha nos olhos, contendo desejo, seu pescoço esticado para me olhar é super sensual. Vejo como ele morde um dos cantos do seu lábio inferior com sutileza e sorrio. Por isso, decido brincar um pouco. ─ Mas você tem certeza de que você não vai me comer aqui? - solto uma risada doce e delicada.
─ Olha o relógio, bad-girl... - ele murmura, e gira o rosto para a direção da parede. ─ Hoje a Escola inteira fecha mais cedo pelo feriado. Hm? - ele sorri de lado, e pisca um dos seus olhos, lambendo seu lábio inferior. ─ Você quer acabar com a minha reputação? - Daniel aperta as minhas coxas com força, uma em cada mão, e me encara ao perguntar. Seu timbre carrega malícia, diversão e excitação.
─ i****a. Eu só estava brincando. Eu não ia dar para você aqui nessa sala, neste lugar proibido. - Reviro meus olhos.
Ele apenas dá uma risada, como se me conhecesse mais do que eu o conheço.
─ Sei... Desculpa. - Dani me olha, com olhinhos pidões. Acabo sorrindo. ─ Você é mesmo má... - reclama, com o rosto vermelho.
─ Eu sou mesmo má. E você é o "Danny Danger" sim. - Afirmo.
─ Quem é esse tal de Danny Danger e por que você insiste em dizer que sou eu? Escuta, eu não sou esse cara. E eu não quero você dizendo essas porcarias por aí. Meu nome é Daniel Ortega. - Ele fica nervoso e une as sobrancelhas, quase me tirando do seu colo.
Me levanto.
─ Eu não te julgo. - Digo, batendo uma palma, enquanto meu coração se acelera pela situação tensa. ─ Mas eu sei que você é ele. Mas não se preocupe, ok? Eu não vou contar para ninguém. Don Perfeito. - Recolho as minhas coisas e me preparo para sair dali. ─ Só me deixa em paz.
Quando estou a ponto de sair, lhe escuto:
─ Malvina, espera.
Me giro, olhando como ele está vermelho e até mesmo desesperado.
─ Você quer jantar comigo amanhã?
─ Em? Não precisa de nada disso. Não precisa tentar me subornar ou puxar meu saco. Eu já disse que não vou dizer nada para ninguém, eu não sou esse tipo de pessoa. Parece ser que você tem uma vida dupla, mas eu não tenho nada a ver com isso.
─ Não é isso. - Ele se aproxima, me olhando, e fica bem perto de mim. ─ Eu quero mesmo te conhecer melhor.
─ Por quê?
─ Bom... Você não conhece nem o Daniel, nem o Danny. E eu só conheço uma garota louca que descia de madrugada para t*****r com um estranho.
Solto um suspiro suave, e abro um sorrisinho irônico.
─ Eu acho que você é bem mais do que isso. Você tem caráter. É por isso que eu quero te conhecer melhor. - Ele completa.
─ Me conhecer melhor?
─ Você não quer? Eu sou pouco demais para você?
Agora o jogo virou, não é mesmo?
─ Claro que não. Eu gosto das pessoas pelo que elas são, não pelo que a vida obriga elas a fazerem, ou pelo dinheiro que elas têm.
─ Viu só? É por isso que eu quero saber mais sobre você.
─ Você me liga, Daniel. Meu celular está aí na ficha dos alunos burros. Tenho que ir para casa.
Fecho a porta, saindo, após considerar a minha última frase como a despedida.
Chego em casa às três da tarde. Não há ninguém. A minha mãe disse que queria conversar comigo. Então lhe envio uma mensagem.
Fico esperando-a chegar, ou me responder. A Eduarda me ignora por mensagens. Ela só voltou às 8pm, com o meu padrasto, os dois numa boa.
E eu preocupada...
Cinco horas de tortura psicológica e tensão. Ela bem que podia me avisar quando está bem.
Quando os dois estão em casa minhas capacidades motrizes diminuem. Sobretudo quando eles vão para o quarto dormir. Eu estou proibida de fazer qualquer barulho, inclusive de lavar as minhas roupas ou os pratos. Por isso morro de vontade de ir embora dessa casa. Não há liberdade para sair, para entrar, nem para se mover. É tudo muito esquisito e eles só lembram da minha existência quando eles precisam de mim. Óbvio que hora nenhuma ninguém vem perguntar como eu estou ou se preciso de algo. Me sinto uma intrusa. Além disso, topar com esse cara que vive de cueca passeando pelos cômodos é nojento. Até por que não suporto olhar para a cara dele. Minha mãe pode até perdoar, mas quando eu me lembro das brigas quero que ele morra. Tem uma que não consigo esquecer e limpar da minha cabeça. Ele bateu nela, grávida.
─ Você está em casa, eu nem te vi. - Diz minha mãe, entrando no meu quarto.
─ Estou desde as três da tarde. - Respondo, enquanto tento estudar com minhas notas todas na cama.