Virei devagar, o pano ainda pela metade nas minhas costas. Ela estava no meio da sala, de braços cruzados, com aquele olhar que eu já sabia que ia me dar problema.
— Tenho coisa pra resolver — falei, seco.
— Ah, tem? Engraçado, achei que ninguém ia sair de casa hoje — ela rebateu, dando um passo à frente. — Não era essa a regra?
— Isso é diferente.
— Diferente por quê? Porque você é o chefão? Porque é homem? — Ela deu uma risada debochada, sem humor. — Se eu não posso sair, você também não pode.
— Luna... — Avancei dois passos, parando perto dela. — Não começa.
— Não. Quem começou foi você — ela levantou o queixo. — Fica aqui. Se tá tão preocupado comigo, com a Clara, com segurança, então prova. Fica dentro dessa casa igual você quer que eu fique.
Meu peito subiu e desceu com força. Ela estava me desafiando de um jeito que ninguém fazia. E o pior era que eu gostava. Gostava daquela raiva no olhar dela, daquela coragem de bater de frente comigo. A mulher que, há pouco tempo, tremia só de ouvir minha voz, agora me olhava como se pudesse me arrancar no tapa dali.
Soltei o ar devagar, passei a mão no rosto.
— Tá me testando, é? — perguntei com a voz baixa.
— Tô — ela respondeu na lata. — E aí? Vai passar no teste ou vai fugir igual covarde?
Mordi o lábio, quase rindo. Ela não fazia ideia do quanto me provocava desse jeito. Joguei a camiseta de volta na cadeira.
— Tá bom. Você venceu. Fico.
Ela piscou, como se não esperasse que eu fosse ceder tão fácil.
— Fica de verdade? — ela reforçou.
— De verdade.
Fui até o sofá, me joguei ali de novo e peguei o controle da TV.
— Mas fica sabendo — falei, olhando pra ela de canto. — Tá criando um monstro.
Ela não respondeu. Só virou de costas e foi pra cozinha, bufando. E eu fiquei ali rindo sozinho, com uma vontade desgraçada de puxar ela no colo e mostrar exatamente o quanto eu gostava daquele jeito dela.
Passei a tarde me arrastando entre o sofá e a cadeira da cozinha, fingindo que estava melhor do que realmente estava. A febre tinha baixado, mas o corpo ainda doía. Especialmente as costelas. Cada vez que respirava fundo ou levantava rápido demais, parecia que o lado esquerdo do meu peito ia rasgar por dentro. Mesmo assim, eu não saí. Cumpri a p***a da promessa que fiz pra ela de manhã. Fiquei ali igual um cachorro amarrado.
E como ela retribuiu? Provocando. Passou a tarde andando pela casa com aquele short indecente, a blusa larga caindo de propósito no ombro, o cabelo preso de qualquer jeito, mas com uns fios soltos na nuca que pareciam me chamar só pra puxar. Fingia que não via, mas cada vez que ela passava perto, eu prestava atenção em cada maldito detalhe. Na cozinha, ela se abaixava demais pra pegar coisa no armário. Na sala, passava na minha frente dobrando roupa devagar demais.
— Tá querendo me testar de novo? — perguntei uma hora, largado na cadeira.
Ela só riu. E pior, nem respondeu.
No final da tarde, ela começou a preparar o jantar. A Clara, como sempre, rodando pela casa, com o caderno de desenho na mão. Quando ela me viu encarando a Luna mais uma vez, fez a pergunta que me pegou no meio do caminho:
— Por que você tá bravo, Dante?
Respirei fundo.
— Não tô bravo, pequena. Tô só pensando.
— Pensando no quê?
— Em umas coisas que adulto pensa.
Ela me olhou com aquela carinha desconfiada de sempre, mas não insistiu. Voltou pro chão com as canetinhas. A Luna riu baixinho, como se gostasse de me ver desconcertado.
No jantar, ela fez arroz, carne com molho, salada de tomate e ainda fritou batata. O cheiro da comida ficou pela casa inteira. Sentei à mesa com as duas, comendo em silêncio, mas com a cabeça a mil. Quando a Clara terminou e foi pra sala ver desenho, eu levantei e fui atrás da Luna na cozinha. Ela estava com o cabelo preso, lavando a louça.
Encostei atrás dela, colocando a mão na cintura.
— Desde cedo me provocando, hein? — sussurrei perto da orelha dela.
Ela congelou por um segundo, mas depois continuou esfregando o prato.
— Tá delirando, Dante.
— Tô, né? — Apertei a cintura dela de leve, só pra sentir ela tensionando o corpo. — Vou te mostrar o quanto eu tô delirando ainda hoje.
Ela não respondeu. Só jogou a água da pia com mais força.
Fui tomar banho. Quando saí, ela já tinha colocado a Clara pra dormir. A casa estava mais silenciosa. Deitei na cama dela, daquele jeito que já era rotina. Ela entrou no quarto poucos minutos depois, com um short de pijama e uma camiseta velha. Deitou do meu lado, mas antes que eu fizesse qualquer movimento, ela virou de frente pra mim, apoiando o cotovelo no colchão, com aquele sorrisinho maldito nos lábios.
— Nem vem, Dante... — ela disse. — Você m*l consegue respirar direito...
Me mexi, sentindo a fisgada na costela, mas nada que fosse me impedir.
— Tá me chamando de fraco agora?
— Não, tô só sendo realista. Você não aguenta.
Dei um sorriso torto.
— Você vai engolir cada palavra.
Antes que ela pudesse reagir, puxei ela de um jeito bruto pra debaixo de mim. A dor na costela veio forte, mas a vontade de ter ela foi mais forte ainda. Prendi os pulsos dela acima da cabeça, forçando o corpo dela contra o colchão.
— Tenta me parar agora — rosnei contra a pele dela, mordendo a base do pescoço.
Ela gemeu, arqueando o corpo debaixo de mim. Arranquei a camiseta dela com pressa, os dedos deslizando pela pele quente, apertando com força. Desci a boca pelo colo, os s***s, deixando marcas, mordidas, beijos carregados de raiva e desejo. Ela tentava provocar de novo, soltando aqueles gemidos abafados, dizendo que eu ia desmaiar de dor antes de terminar. Mas cada vez que ela falava, eu ia mais fundo, mais forte, mais rápido.
Tirei o short dela com uma só mão, sem paciência pra delicadeza. Quando entrei nela, o corpo dela reagiu como sempre, apertando, tremendo, me deixando ainda mais fora de controle.
O quarto ficou cheio dos sons dela, os gemidos, os suspiros, o som da cama rangendo a cada estocada mais profunda. Ela arranhava minhas costas, prendia a respiração, me xingava no meio dos gemidos, e eu só queria mais. A dor nas costelas virou nada perto do prazer de ver ela ali, entregue, dizendo meu nome daquele jeito que me deixava louco.
Quando terminei, foi com ela grudada no meu peito, os dois ofegantes, suados, com o corpo dela tremendo ainda. Deitei de lado, puxando ela junto, com a respiração descompassada.
— Fala de novo — murmurei, com a boca colada na orelha dela. — Fala que eu não aguento.
Ela riu baixinho, sem fôlego.
— Você é um desgraçado...
— Sempre fui — respondi, puxando ela pra mais perto.