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761 Palavras
Alejandro – Narrando Quando chegamos à casa de Ricardo López, fomos recebidos por ele e sua esposa, Maria Isabel. A residência ficava em uma fazenda belíssima, cercada por uma paisagem bem cuidada e tranquila. A casa, embora elegante, não era extravagante. Tinha seus luxos, claro, mas sem exageros — exatamente como se espera de alguém que quer parecer poderoso sem chamar atenção demais. Ricardo parecia transbordar de satisfação. Era evidente que o motivo ia além da visita em si. Ele não escondia a alegria de estar prestes a casar uma de suas filhas comigo. Sabia que essa aliança poderia finalmente colocá-lo mais próximo do poder — algo que ele sempre cobiçou, mas nunca teve coragem ou capacidade de conquistar sozinho. Me ter como genro seria, para ele, um atalho. — Maria Isabel, por favor, chame Virginia e Yolanda para se juntarem a nós — pediu Ricardo. — Claro — ela respondeu, deixando a bandeja de bebidas sobre a mesa da sala e subindo calmamente as escadas. — Tenho certeza de que você vai gostar da Virginia — continuou Ricardo, voltando-se para mim e meu pai. — Ela foi criada para isso. Uma esposa exemplar, pronta para estar ao lado de um homem de poder. Exatamente o que um candidato a governador e chefe de máfia precisa. — Esperamos que sim — respondeu meu pai, frio. — Quantos anos ela tem? — Vinte e um. — Já passou da hora de se casar — ele comentou, e minha mãe o fulminou com os olhos. — E a outra, Yolanda? — Tem dezoito — respondeu Ricardo. — Por que demorou tanto com Virginia? — Porque nunca apareceu o homem certo. Eu sou pai antes de qualquer coisa. Não entregaria minhas filhas a qualquer um. — Não seja grosseiro — disse minha mãe, com sua habitual elegância. — Suas filhas são lindas. Tenho certeza de que ambas serão ótimas esposas... e mães. Observei minha mãe. Sempre educada, sempre sorrindo. Um exemplo de como lidar com as situações mais desconfortáveis com classe. — Pode confiar — respondeu Ricardo. — Virginia será uma nora e companheira perfeita para a senhora. Eu sabia que meu pai preferia Yolanda. Ele não escondia isso. Fazia questão de demonstrar seu descontentamento com minha escolha. Mas eu já havia decidido. Desde a primeira foto que vi de Virginia, soube que ela era a mulher certa. Quando as duas desceram, acompanhadas de Maria Isabel, tive a confirmação. Yolanda usava um vestido longo, simples, que caía solto em seu corpo. Seu olhar era doce, quase infantil. Já Virginia... ela descia com firmeza, o vestido ajustado delineando sua figura com precisão. Seus movimentos eram seguros. Ela era uma mulher. E era essa mulher que eu queria ao meu lado. — Alejandro — disse Ricardo, se levantando. — Essa é Yolanda. — Olá — cumprimentei, sorrindo. Ela respondeu com um leve sorriso, tímido. Mas meus olhos estavam em Virginia. — Boa noite, Virginia — falei, segurando sua mão e levando-a aos lábios. — Boa noite — ela respondeu com um sorriso firme, encarando-me nos olhos. Eu retribuí. — Bom, gostaria de mostrar a vocês algumas das nossas obras de arte — disse Ricardo. — Yolanda, fique aqui com sua irmã — pediu Maria Isabel. — Não precisa — tentei intervir. — Eu insisto — ela reforçou. — Mãe... — protestou Yolanda. — Fique — ela determinou. — Tudo bem — concordei. Yolanda sentou-se no sofá, silenciosa. Estendi a mão para Virginia e nossos olhares se encontraram. — Podemos caminhar? — ela perguntou. — O jardim está lindo esta noite. E temos uma estufa. Yolanda adora ficar entre as flores. — Ela lançou um breve olhar à irmã, que apenas nos observava. — Uma bela noite para uma caminhada — comentei. Seguimos até o jardim. A noite estava calma. Entramos na estufa, deixando Yolanda do lado de fora. — Confesso que casar nunca esteve nos meus planos — disse Virginia, parando diante de uma fileira de flores. — Na verdade, acho um absurdo essa coisa de casamentos arranjados. Sorri de leve. — Infelizmente, são regras que temos que seguir. — Minha irmã aceita isso com facilidade. Eu não. — Ela me encarava. — Na verdade, ela daria uma ótima esposa para você. — Eu discordo. — Me aproximei. — Eu não preciso de uma menina. Preciso de uma mulher ao meu lado. Preciso de você. Toquei seu rosto com cuidado. Ela não recuou. — Acho que você não sabe quase nada sobre mim para ter tanta certeza disso — respondeu, mantendo o olhar firme no meu.
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