Capítulo 3 – Parte de Alejandro (continuação)
— Então temos uma mulher cheia de segredos — digo, olhando para Virginia, que sorri de forma enigmática.
— A mulher perfeita para você é Yolanda — ela diz com firmeza.
— Está tentando me convencer a me casar com sua irmã? Está fora de cogitação. Esta noite, pedirei sua mão em casamento.
Ela se aproxima ainda mais. Nossos olhares se cruzam intensamente. Suas mãos tocam meu rosto, e nos beijamos. O beijo cresce em intensidade, sem pressa, carregado de tensão e desejo.
— Você se casaria com uma mulher que não é mais virgem? — ela pergunta, me olhando nos olhos. — Considerando que essa é a primeira regra da máfia.
A puxo pela cintura, coloco-a sobre uma mesa cheia de vasos. Eles caem e se quebram no chão, mas não nos importamos. Beijo seu pescoço, depois sua boca.
— Já estive com tantas que não eram virgens… Por que isso importaria agora? — respondo, e ela sorri de leve.
Voltamos a nos beijar, e minhas mãos sobem lentamente por suas coxas, levantando seu vestido...
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Capítulo 3 – Parte de Yolanda
Eu estava do lado de fora da estufa. Sentia no fundo que aquele casamento não aconteceria. Algo dentro de mim dizia isso com convicção.
O barulho de vasos se quebrando me fez pensar o pior. “Será que ela o matou?”, pensei. Mas quando me aproximei da porta, ouvi gemidos. Gelei. Eles estavam… transando?
A qualquer momento, alguém poderia procurá-los. E estavam ali dentro, como se estivessem sozinhos no mundo.
Algum tempo depois, os dois saíram da estufa como se nada tivesse acontecido.
— A noite está fria. É melhor voltarmos para dentro — disse Virginia, vindo até mim. — Vamos, irmã.
Ela segura meu braço e caminhamos juntas, Alejandro ao nosso lado.
— Olha só vocês — disse minha mãe. — Onde estavam?
— Yolanda quis me mostrar as rosas — Virginia respondeu, me lançando um olhar. — Ela cuida do jardim como se fosse a vida dela.
— Gosta de flores? — perguntou Paola, mãe de Alejandro.
— Minha irmã adora — Virginia respondeu por mim.
— Vamos jantar — cortou nosso pai, encerrando o assunto.
Na mesa, Virginia me fez sentar de frente para Alejandro e ao lado da mãe dele, enquanto ela se sentava mais afastada.
— Então, Virginia, você toca piano? — perguntou Paola, enquanto o jantar era servido.
— Não — respondeu Virginia. — Não gosto muito de música clássica. Minha irmã é excelente nisso. Toca e canta muito bem. Poderia nos presentear com uma apresentação depois do jantar.
— Estou enferrujada — murmurei. — E acredito que todos vieram aqui por outro motivo...
— Eu adoraria ouvi-la — disse Antonio, pai de Alejandro. Eu sorri, educada.
Troquei um olhar com Alejandro, mas desviei logo. Sabia que Virginia estava tentando esconder o que havia acontecido.
— Ela também dança balé, fala cinco idiomas e adora ajudar em ONGs — Virginia prosseguiu. — É uma garota de ouro.
— Você ajuda em ONGs? — Antonio perguntou. Alejandro e meu pai a encararam.
— Ela faz algumas atividades — disse meu pai, tentando contornar. — Mas Virginia foi a melhor aluna da turma de administração.
— Pai, já nem lembro como era isso — murmurei, olhando para Virginia. Agora eu entendia. Ela queria se livrar desse casamento. E estava me empurrando para ele.
Depois do jantar, fui forçada a tocar piano. Paola, Antonio e até mesmo Virginia insistiram. Alejandro não parecia feliz com a cena. E assim que terminei de tocar, ele anunciou:
— Amanhã faremos o pedido oficial. O país inteiro saberá. — Ele tocou o rosto de Virginia. — Tenho certeza que seremos felizes.
— Eu também — ela disse, forçando um sorriso.
— Viva os noivos! — bradou meu pai, estourando a champanhe.
Me afastei discretamente. Deixei a taça na mesa. Eu não bebia.
— Não gosta de beber? — perguntou Paola.
— Não.
— Sua irmã não parece tão feliz com esse casamento…
— Está sim, senhora — respondi. — Desde que soube quem seria seu noivo, ficou radiante. Durante nossa caminhada, os dois demonstraram sintonia.
— Tenho certeza que sim — ela disse, sorrindo.
(...)
Alejandro e a família iriam dormir aqui. Meu quarto e o de Virginia eram o mesmo. Ela estava nervosa, inquieta.
— O que você estava tentando fazer? — perguntei ao entrar.
— Eu não posso me casar — ela respondeu, trêmula.
— Então queria me empurrar para ele? Você enlouqueceu?
— Você é perfeita para ele. Obedece tudo, aceita essa prisão em que vivemos. Você devia se casar com ele, não eu.
— Você transou com ele na estufa, Virginia.
— Achei que, se ele me achasse fácil, desistiria.
— Você podia ter destruído tudo! Sabe quem eles são? Quem está na nossa casa?
— Você só fala disso! — ela rebateu. — Não quero essa vida, não quero ser uma prisioneira!
— Agora é tarde demais.
— É… — murmurou. — Só me resta chorar e aceitar. Amanhã, serei oficialmente noiva. Vai buscar uma água para mim?
— Claro.
Vesti meu robe por cima do pijama e desci. Só a luz do escritório estava acesa, com vozes masculinas lá dentro. Fui até a cozinha, enchi a jarra e, ao me virar, trombei com alguém.
— Meu Deus! — exclamei. Era Alejandro. — Me assustei.
— Até parece que viu um fantasma — disse, me encarando. — Onde fica o quarto da sua irmã?
— Dormimos no mesmo quarto. Ela está no banho. Estou levando água.
— Eu vou com você.
— Não. Fique onde está. Não vai entrar no nosso quarto.
— Quer me desafiar? Se não me deixar subir, conto tudo o que aconteceu na estufa. E esse casamento acaba.
Fiquei imóvel. Depois, assenti. Chegamos à porta. Entreguei a bandeja a ele. Ele entrou. Minha mãe saiu do quarto e me olhou.
— Ele está aí?
— Sim.
— Vá dormir no quarto de hóspedes. Volte cedo, antes que seu pai acorde.
Apenas assenti. Não entendia por que ela estava protegendo Virginia. Mas obedeci.
Virgínia narrando
Eu não queria nada com ele, eu só fiz aquilo aquela hora para que ele me achasse fácil e desistisse do casamento.
— - É melhor você sair – eu falo.
Ele passa a sua mão pelo meu corpo.
— - Não antes de você ser minha, mais uma vez – ele fala e eu engulo seco.
— - Eu não quero – eu falo – eu quero que você saia do meu quarto.
— - Não se faça de difícil agora – ele fala segurando meu queixo – você já é minha.
(...)
Ele sai de dentro de mim, veste a sua roupa e sai do quarto sem falar nada, eu me encolho na cama e deixo algumas lagrimas cair do meu rosto, eu sei que eu não era mais virgem mas não queria me relacionar com ninguém contra a minha própria vontade. Eu mando mensagem para Theodoro.
— - Me perdoe minha irmã – eu falo colocando as minhas roupas dentro de uma mochila – você terá que casar com ele no meu lugar. – eu respiro fundo.