O relógio da padaria marcava seis em ponto quando tirei a touca de cabelo e joguei o pano de prato em cima do balcão. Larissa já tava lá nos fundos, e Seu Armando, distraído na porta, trocava ideia com o entregador do gás. O cheiro de pão doce ainda impregnava no avental, e minhas pernas doíam como se eu tivesse corrido uma maratona. Respirei fundo, ajeitei o coque no alto da cabeça e saí pelos fundos, virando a esquina já pronta pra enfrentar esse morro todo. Mas nem cheguei lá. Um carro preto, desses rebaixado e com vidro fumê, parou em frente. Os faróis estavam acesos mesmo com o céu ainda claro, tingido de laranja. Assim que o vidro abaixou, o sorriso veio antes da surpresa. Kauê tava no volante, uma mão pra fora da janela, tatuagens à mostra e aquele olhar de canto que me desmont

