SOL NARRANDO A casa nova ainda tinha cheiro de coisa limpa. Porcelanato brilhando, varanda de vidro fazendo sombra bonita, e eu ali com a minha mãe na beirinha da piscina, pé dentro d’água, sol batendo torto nas pernas dela. Dona Rosa tava quieta, só olhando o azul, meio sem acreditar que aquilo tudo era nosso, por um tempo, mas nosso. — Tá gostoso, né? — falei, mexendo a água com o pé. — Tá. — ela sorriu de canto. — Dá vontade de ficar aqui o dia inteiro. Eu ri. Mas a cabeça não parava. Tinha lista de material do Márcio, tinha chave do portão, tinha frete… e tinha o aluguel que, em tese, quem ia bancar era o Roberto. Suspirei, peguei o celular. — Vai ligar pra quem? — minha mãe perguntou, desconfiada. — Pra resolver o aluguel. — falei simples. — Rapidinho. Rolei a agenda, toquei no

