ISABELA NARRANDO Dia de posto é sempre igual: cheiro de café requentado, barulho de criança correndo no corredor, balança que range quando sobe alguém com medo do número, impressora engolindo papel na recepção. Eu cheguei cedo, jaleco passado, prendi o cabelo, abri a sala e já ouvi a rádio-peão: — Menina, tu viu? — a recepcionista cochichando pra outra. — O Brasa, o dono de tudo, saiu ontem do pagode segurando uma mulher gorda… um mulherão, viu? Virada de olho número um do dia. Eu finjo que nem é comigo, que o nome dele não me puxa nenhuma lembrança. Liguei o computador, abri o sistema. O povo do posto não fala de outra coisa. Entra uma técnica com a bandeja de fichas e joga mais lenha: — Dizem que ela é bonita pra caramba, viu? Grande, mas bonita. Ele saiu protegendo… — É, né. — a ou

