Capítulo 6

4002 Palavras
Antes de irem para a sala de refeições, a rainha disponibilizou privados para as meninas tomarem banho, água ali tinha em abundância, e mais um em especial para o Cesar. Mandaram roupas feitas de plantas para elas, cada uma escolheu a sua peça, e foram levadas para o sala do trono, onde algumas pessoas dançaríam para o entretenimento da rainha. Cesar foi o último a aparecer, a sua roupa estava tão grudada no corpo que foi difícil os funcionários do Castelo vesti-lo. Estava a ser tratado com muito esmero. — Meu Deus, que gato — falou Gisele para Talita, tinha i********e para aquilo. — Está parecendo Peter Pan — disse Talita com graça. — Ha, ha! Engraçadinha — brincou Cesar e a concedeu um abraço bem apertado. — O pessoal daqui é muito magrinho, e parece que fiquei mais forte. — Você está lindo, meu príncipe — falou Talita. Os olhos de Tainara brilharam ao vê-lo, mas ficou com medo do olhar que Talita lhe lançou e foi para o mais distante possível dele. A sala do trono não era das maiores, mas tinha espaço suficiente para uma grande festa, havia tantos vagalumes no teto que quem tinha agorafobia não suportaria olhar, eles iluminavam todo o ambiente. O trono de madeira e flores era lindo e grandioso a seu modo, não havia ouro nem prata, mas era digno de uma rainha do Reino das Libélulas, e ficava em cima de uma galeria, onde estava a rainha de pé, acompanhada por algumas pessoas à sua esquerda e à sua direita. Todos e todas fizeram silêncio a esperar pelo seu decreto. Ela ficou de pé e disse de braços abertos: — Gá genazól nisúg. (Que comece a música.) A orquestra, que ficava em uma outra galeria, na outra extremidade de onde estava Metrimna, começou a tocar uma valsa medieval e os pares começaram a dançar. Muita sincronia, muita organização, muita classe. A rainha assistiu a dança sentada em seu trono. Os negros de Syanastiah eram menos retintos que os de Sipritiah e tinham um comportamento mais pomposo, tinham um costume diferente. — Não vou mentir, prefiro o outro Castelo — sussurrou Cesar para Gisele. — Mil vezes melhor — respondeu Gisele de volta. — Aqui é muito sem graça, como vou sambar como esta música? Cesar riu ao imaginar aquela menina n***a sambando e os nobres a olharem como se estivesse louca. A valsa acabou, era hora de comer. A rainha desceu pelo lado direito da escada que levava para a galeria, os seus acompanhantes desceram pelo lado esquerdo, ela ia na frente e a multidão a seguia. Cesar e o seu pessoal se acomodaram numa mesa reservada e lhes serviram a comida, estava cedo, a noite havia acabado de cair. — Frutas? — falou Gisele bem alto. — A refeição é frutas? Meu Deus, não tem nada mais prejudicial à saúde não? Gisele pegou uma maça e a soltou de volta no seu prato. Cesar segurou uma gargalhada, estava em tempo de cuspir o pedaço de melão que havia mordido. — Acho que eles têm pão? — disse Naty. — Eu posso pedir. — Eu também quero — disse Belisa. — Sou uma mulher grande, preciso me preencher. — Ah! Não vou ficar olhando. Quero pão! — berrou Talita. Apenas a Tainara e a Fabiana estavam a curtir as frutas. Naty pediu para um dos serviçais que lhes trouxesse pão, o famoso Nozozót, então retiraram as frutas e colocaram os pães acompanhados com um molho vermelho especial, se deliciaram, comeram até enjoar. Mesmo assim, Gisele comeu as frutas. — Não me julguem, estou com fome — disse a garota do cabelo encaracolado. — O Nozozót acabou. Horas se passaram, conversaram tanto, riram tanto que o pessoal se esqueceu dos seus problemas, ou do motivo pelo qual estavam ali, de uma hora para outra, o Castelão entrou no recinto, e cochichou no ouvido da rainha. Sem cerimônia, ela se levantou da sua mesa e foi em direção a Cesar. Assim que ficou bem perto, entregou o aviso: — Jakól Nabyla. (Nabyla chegou.) Naty nem precisou traduzir. O pessoal se levantou e saiu às pressas atrás da rainha, todos e todas ficaram a olhar e sem entenderem o que estava a acontecer. — Nabyla não vem até aqui? — perguntou Cesar para Naty. — Ela não gosta muito de festas, mas não se preocupe, ela é muito sociável — respondeu a líder. Assim que desceram para a Câmara Inferior, até a área de descanso, se depararam com uma figura de uma mulher n***a a olhar as águas iluminadas pela lua através da parede de pedra que ficou transparente com o feitiço da rainha. Ela não tocava o chão, flutuava como um espírito e tinha o cabelo partido no meio e cinco enormes tranças de cada lado também flutuavam como se não reagissem à gravidade. A parte mais peculiar era que ela tinha um aspecto de fantasma, era translúcida, pois, dava-se para ver do outro lado através dela, como a parede enfeitiçada, e ao invés de ter uma coloração azul, como os Vinte e Quatro Anciões, tinha uma coloração amarelada, quase laranja. — Nabyla — chamou a Rainha Metrimna. A mulher se virou para o pessoal. — Noxazdót, gál fál ná? (Majestade, queria me ver?) — perguntou Nabyla, era uma mulher jovem e parecia cansada, mas forte, olhou para o pessoal e continuou com um sorriso simpático. — Gáun zál bazé-zâ úzd? (Quem são estas pessoas?) — Acenou para elas e saudou: — Eró! (Olá!) As meninas acenaram de volta. — Nabyla, dál ái batút vosál boló dá, ozáudól móin blazusól zá gusál móin, nóz zál tá unbeldomzí zín, bél úzd, blazusól gá odamzóin blazdól áun gá úl méz voról dá okél (Nabyla, eu tenho um pedido a te fazer, não precisa aceitar se não quiser, mas é de suma importância, por isto, preciso que preste atenção no que vamos te falar agora) — a rainha chamou Naty mais para perto. — Galál féz gá lazkodól ái orkáun? (Querem que eu resgate alguém?) — perguntou Nabyla. — Úl-ái, blazusól móin damdól féz kemfamzál ná. (Eu vou, não precisam tentar me convencer.) — Galál més gá lazkodól dí ín Laxú. (Queremos que você resgate uma rainha) — falou Naty. — Daló onót! (Minha nossa!) — exclamou Nabyla com a mão no peito, se aproximou mais do pessoal. — Lazkodól mímg ín Laxú omdáz. Zopál féz gá zál móin vozúr doláv? (Nunca resgatei uma rainha antes. Sabem que não será uma tarefa fácil?) — Zopál méz, nóz zál dí irdún azbalómz mééz. (Sabemos, mas você é a nossa última esperança.) Primeiro, a rainha apresentou os hóspedes, depois explicou a situação para Nabyla, tudo o que Naty havia lhe contado, e Naty explicou os pormenores para que tudo fizesse mais sentido. Nabyla olhava para Cesar, o único rapaz no meio de tantas mulheres, pois, ela sentia que ele era especial até dizerem que ele era um Allogaj. Ela se aproximou mais dele para encará-lo nós olhos. — Nolofurú! Ín Allogaj tá Rís-zâ. Ú gá paré-zâ erúe-zâ dál dí. (Maravilha! Um Allogaj das Luzes. E que olhos lindos você tem.) — Ela disse que os seu olhos são bonitos — traduziu Naty. — Obrigado — agradece o rapaz. Naty garantia que a comunicação fosse mantida naquele meio e traduziu tudo o que era importante para o discurso. Depois de tudo o que ouviu, Nabyla, enfim, falou sobre aquilo e sobre a sua participação: — Bazéor, galál ái níumd oxitól féz, ú zál ái níumd zipeltumót boló Laxú Metrimna, nóz dál ái boló rafomdól gázdóin. Zál ái lúg ú bezómd nirúal áun gemdumámd ázd, dál ái dité gá galál ái ú gá blazusól ái, nóz vordól ná géuz ú blazusól níumd tár boló zamdúl ná méf-nomául inóm. Baltál ái orké gíemté delmól ná Transcendentis, nóz betál ái dál tá-férd. Níumd dánb tabéuz boló pizgól bél Blunáf tá Tazteplonámd, amgemdlól ái boló ár gá tusál ná gá tafál ái vosál ú tél ná valonámd gá blazusól ái boló ogopól gén delnámd níí (Gente, eu quero muito ajudar vocês, e sou muito subordinada à Rainha Metrimna, mas tenho uma questão a levantar. Eu sou uma mulher rica e possante neste continente, tenho tudo o que quero e o que preciso, mas uma coisa me falta e preciso muito dela para eu me sentir humana de novo. Eu perdi algo quando me tornei uma Transcendentis, mas eu posso a ter de volta. Depois de muito tempo buscando pelo Primevo do Desdobramento, o encontrei e ele me disse o que devo fazer e me deu a ferramenta que eu preciso para acabar com o meu tormento) — ela mostrou um medalhão de bronze, escondido na sua roupa translúcida, com um espaço vazio no meio. — Telnúl ái móin ofál óm-zâ, ú baltút-zâ azbulúd-zâ blegilól ná zánbl, nóz betál ái móin oxitól-lú-zâ, belgá zál ái nodalú óumt, nasné boló zál azbazúor-nodalú gá jakól boló rikól-zâ gá genín inóm betál móin jakól. (Eu não durmo há anos, e os espíritos perdidos sempre me procuram por eu ser a mais acessível dos humanos, mas eu nunca poderei ajudá-los, porque ainda sou matéria, mesmo sendo uma matéria especial que chega a lugares que um humano comum n******e chegar.) Cesar lembrou-se de que já ajudou almas penadas a encontrarem o caminho do Além, quem sabe, pudesse ajudar nessa questão. Nabyla estendeu o braço para que a tocassem. Cada garota prodígio a tocou e Cesar foi o último. Ela era tangível, apesar de parecer que podia ser atravessada. Nem mesmo ela podia atravessar paredes. — O que você perdeu? — perguntou Cesar. — Géus-zâ níumd-zâ, blumzubór-nomául, láorusól noxúo opurutót gené omdáz, béuz, noxúo lagenúazál móin gélb ázd, zémk níí azdól obokót. Zepladité, baltál ái bós níí, azdól ozún umgenetól ná ú galál ái móin ogezdinól ná. (Muitas coisas, principalmente a habilidade de realizar a magia como antes, pois, a magia não reconhece este corpo, o meu sangue está apagado. Sobretudo, eu perdi a minha paz, estar assim me incomoda e eu não quero me acostumar.) — E do que você precisa? — continuou Cesar. — Rasec, amgíomdé azdufál ái ozún, zál móin bezufár gá betál orkáun nodól ná, zál ái bazé gá oluzgól zá níumd bél amvlamdól balukés bazé. Gemvúol ái níumd áun pamzóin níí. Nóz galál ái óumt ferdól boló melnór fás éidl, tabéuz gá bozól ái dlupirozóin-zâ tá xáud ázd. Omdáz betál ái ferdól boló melnór, nóz Blunáf tusál ná gá jakól nenámd gá betál ái móin nóuz. Nasné boló zopál tá gemzagíamzúo-zâ galál ái, nóz okél blazusól ái zamdúl ná fás éidl. Zamdúl nímt, zamdúl fút ú dít gá blazusól ái zál ín báig tá Gelozóin-tá-Noldá. (Rasec, enquanto eu estiver assim, não será possível que alguém possa me m***r, sou uma pessoa que se arrisca muito por enfrentar gente perigosa. Confio bastante na minha benção. Mas ainda quero voltar ao normal outra vez, depois de todas as tribulações que passei deste jeito. Eu podia voltar ao normal antes, mas o Primevo havia me dito que chegaria um momento em que eu não poderia mais. Mesmo sabendo das consequências eu quis, mas agora eu preciso me sentir outra vez. Sentir o mundo, sentir a vida e tudo o que eu preciso é de uma porção do Coração de Noldá.) — O que é isto? Naty explicou para que entendessem: — O Coração de Noldá é uma poeira cósmica que é produzida por uma cratera guardada pelo gigantesco Templo dos Trealtas, fica em Kelengordi, na cidade dos Immunus, na Imensurável Cúpula de Noldá. Talita olhou para Cesar de maneira significativa e falou: — Eu li que a Imensurável Cúpula é um lugar onde os seus poderes mágicos somem. — Exatamente, Talita — confirmou Naty. — Por isso os Immunus vivem lá, Admunus nunca são bem-vindos. Todos os humanos comuns são mandados para lá, e brevemente será a nossa rainha Zadahtric se ela for desmagnificada, a não ser que impeçamos. — Tenho uma pergunta para Nabyla — falou Cesar para que Naty traduzisse a conversa. — Se lá neutraliza todos os poderes mágicos ao entrar, você não voltaria ao normal? — Zún, ferdól ái boló melnór, nóz dál ái móin geloxáun tá odlofazól rikól ogár, vugól ái genbrád-nomául umtavás. Azdól usámd tá pamzóin zál larafómd, ovumór, betál ái isivliúl tár gíomt galál ái, nóz vugól usámd tá noxúo zál genbrugót. Klói níí zál máun dóin arafót ozún. Gén zaldás nelál ái. Vauduzául-zâ níumd-zâ ofamdilól zá boló amdlól ín Gibír, béiguzun-zâ ferdól gén fút. Zál ái vloxúr koléd, dál ái dít gá vosál zál bél góis tá noxúo, azdól ái odá exá fúf bél góis tár. (Sim, voltarei ao normal, mas eu não teria coragem de atravessar aquele lugar, eu ficaria completamente indefesa. Estar isenta da benção é relevante, afinal, posso usufruir dela quando eu quiser, mas ficar isenta da magia é complicado. O meu grau nem é tão elevado assim. Com certeza eu morreria. Muitos feiticeiros se aventuraram a entrarem na Cúpula, pouquíssimos voltaram com vida. Eu sou uma garota frágil, tudo o que tenho feito foi por causa da magia, e estou viva até hoje por causa dela.) — Como os Immunus vão para lá? — quis saber Cesar. — O Sumo-Sacerdote dos Trealtas é notificado pelos Anciões, então ele vem buscar. Mas nunca levou um feiticeiro — respondeu Talita. — E por que eu poderia sobreviver a esta jornada nesta bendita Cúpula? — Zál dí Allogaj. Glál ái gá aváud tá Gelozóin-tá-Noldá ovadól tá móin dómd, ovumór, bezíul dí násn azamzúo tá blunudúf noxúo (Você é um Allogaj. Creio que o efeito do Coração de Noldá não te afetará tanto, afinal, você possui a mesma excelência da magia primitiva) — quem respondeu dessa vez foi a rainha Metrimna. — E ela pode ter razão — falou Naty depois de traduzir. — Rasec, só depende de você agora — disse Balisa. — Realmente, Nabyla não poderá aparecer com este aspecto no Reino, seríamos desmascarados, e seria difícil escondê-la, fora que todo o mundo sabe o que é uma Transcendentis. — Uma última pergunta — falou Cesar depois de um breve silêncio que ele deixou no ambiente. — De qual maneira você salva as pessoas? Assim que Naty traduziu, Nabyla se aproximou de Cesar e pegou em seu braço. Algo incrível aconteceu, ela podia compartilhar o seu dom com as pessoas, Cesar mudou completamente para aquele aspecto translúcido e amarelado, quase laranja. Começou a flutuar, a sentir a falta da gravidade. Depois, ela pegou em Gisele e compartilhou o seu dom com ela, em seguida, compartilhou com Naty, e por fim com as outras meninas. — Isto é muito legal — gritou Gisele. Elas flutuaram pela Câmara como se fossem fantasmas, era muito fácil controlar, às vezes, se esbarravam nas paredes, mas não se machucavam, não sentiam dor, porém, sentiam falta da própria existência. Em poucos minutos, sentiram como se estivessem presas em si próprias, era uma agonia que lhes causava. Tinham que estar psicologicamente preparadas para aquilo. Passaram a entender o incômodo da Transcendentis. Pelo menos, era a única abençoada que podia compartilhar a sua benção, e era a única com o desdobramento em todo o Dorbis. Naty as reuniu de volta, o efeito estava a passar. — Você ainda pode fazer magia, não é? — perguntou Talita para Nabyla. — Zún, nóz tá neté níumd runudót, zál móin ozún ín genáz, búelól tabéuz. Nóz olabamtól ná móin tá delmól ná gá zál exá. Obamóz úl ái tazgomzól gíomté fál ái narúel tá nímt mééz. (Sim, mas de um modo muito limitado, no começo não era assim, depois que piorou. Mas não me arrependo de ter me tornado o que sou hoje. Eu só vou descansar quando eu sentir a melhora do nosso mundo.) A rainha, que estava calada todo esse tempo decidiu intervir no assunto. — Azdól dánb boló gelál, Rasec. Úl dí boló Zutót-tá-Immunus, éi blavalúl móin oluzgól zá dómd? (O tempo está correndo, Rasec. Vai para a Cidade dos Immunus, ou prefere não se arriscar tanto?) — perguntou a Rainha Metrimna e Naty traduziu. Cesar respirou fundo e respondeu. — Eu vou, estou confiante quanto a isto... — E eu vou com você — disse Talita a pegar todas de surpresa. Cesar a lançou um sorriso triste, pois, sabia o que viria a seguir. Tainara também sorriu, um sorriso cínico por sentir prazer no que ouviu. Todas as prodígios entenderam o sentido daquilo, ela era uma Escolhida, o Destino moldou as circunstâncias que a levaria para lá cedo ou tarde. Cesar, com certeza, voltaria sozinho. — Gá réigíl! Galál beplasumú nodól zá (Que loucura! A pobrezinha quer se m***r) — comentou a Rainha. Naty julgou melhor não traduzir. Finalmente tudo resolvido. Cesar disse que queria partir no mesmo instante, mas seria muito perigoso enfrentar aquele lugar pela noite. Depois dos conselhos, ele percebeu que seria melhor eles descansarem e se prepararem para o pior no dia seguinte. *** Sete dias para o resgate de Zadahtric. Amanheceu e Cesar e Talita já estavam prontos bem cedo para partirem, receberam roupas especiais, também ganharam um cantil de água e uma bolsa com cogumelos de cor creme e sabor umami, foram aconselhados a comerem somente quando sentissem fome, pois, os cogumelos incharíam no estômago em contato com a água e a bílis, a fazer com que a pessoa se sentisse satisfeita. Se despediram das outras meninas, Talita demorou mais porque era um adeus, mas elas aguardaríam o retorno de Cesar no Reino das Libélulas e torciam para que desse tudo certo. Os viajantes pegaram os seus bastões mágicos de volta e foram levados através da ponte da cachoeira pela rainha escoltada por vários guerreiros, Naty também acompanhou. Passaram por cinco Fronteiras dos reinos vizinhos até chegarem a um Portal Intercontinental. As Fronteiras eram portais produzidos pelos homens, diferentes dos Portais Intercontinentais que eram obras do coração do planeta, da própria natureza, havia um em cada continente de Dorbis, exceto em Umnari. Também, existiam os Portais Interplanetários, três foram catalogados, um ficava no Grandioso Templo dos Trealtas, na Cidade dos Immunus, outro no Vulcão de Vírnam, e outro na Ilha de Noveanor que foi extinguida por Lidarred e até hoje os Anciões estudavam como foi possível ele ter feito aquilo, mas ninguém soube. Na verdade, o único que poderia saber seria o Rei Ic, mas ele virou uma estrela e estava incomunicável. De qualquer maneira, mais um portal interplanetário foi encontrado, na Caverna de Agolar, era um portal clandestino até ser interditado pela Organização Mundial da Magia de Dorbis. Os Vinte e Quatro Anciões tinham total domínio sobre esses portais, tanto que, quando a Rainha Metrimna levou os viajantes para um desses, a tenda da passagem tinha a flâmula do Reino de Sabanth. A tenda foi montada em frente a um monólito retangular quebrado em sua superfície, estava em cima de um mote gramado no meio de uma floresta de pinheiros. O mote estava no meio de uma bacia d'água e era necessário passar por uma ponte para chegar lá, obra da Organização Mundial da Magia. Cesar olhou para dentro da água, vários cogumelos azuis enfeitavam o fundo. No escuro eles brilhavam, eram usados para espantarem animais indesejados. Assim que atravessaram o arco da ponte, se depararam com algumas criaturas espalhadas pelo mote que faziam a guarda daquele lugar. Eram coelhos híbridos com macacos, tinham pelagem com um tom de marrom escuro e dentro dos seus olhos várias bolhas se moviam como as lavas das luminárias vulcão, um pouco mais rápidas. Um homem saiu de dentro da tenda para atendê-los. — Laxú Metrimna (Rainha Metrimna) — disse o homem de braços abertos. — Beranúg náu-árv tá Láum Ruparír-zâ tá Syanastiah (A polêmica rainha meio-elfo do Reino das Libélulas de Syanastiah) — ele possuía uma espada e um bastão mágico, provavelmente não usaria nenhum dos dois com aquelas criaturas que eram a segunda maior criatura causadora de mortes de feiticeiros daquele mundo mágico. — Úl gené bazéo díí, Unatúod Merkírio? (Como vai a sua pessoa, Imediato Merkírio?) — respondeu a rainha, eles se conheciam, afinal, Metrimna era a que mais usava aquele portal. Enquanto a rainha explicava a situação para o Imediato, Talita aproveitou para falar com Cesar. — O que são estas criaturas? — Lembro de ter lido sobre elas, são as temidas púcas de Dorbis, as matadoras de feiticeiros — respondeu Cesar. — Elas hipnotizam as suas vítimas e depois rasgam as suas gargantas com a cauda, na ponta peluda tem um espécie de navalha. — Hipnotizam? É por isso que elas têm estes olhos? — Não sei. Naty acabou se intrometendo no diálogo. — Elas foram enfeitiçadas pelos Anciões, olhem o bracelete do Imediato — falou Naty e eles olharam, havia uma pedra no bracelete de prata que tinha o mesmo aspecto dos olhos das púcas. — Ele controla as criaturas, se ele quiser que elas ataquem, elas farão. Acho interessante que é tão difícil encontrar uma púca, que dirás cinco? São criaturas solitárias. Elas hipnotizam com o seu canto, nem sei como se prevenir delas — Naty deu uma pausa para observarem mais as criaturas. — Eu acredito que a organização está criando púcas. Naty não pôde continuar com a sua teoria, o Imediato Merkírio havia os chamado para dentro da tenda. Cesar e Talita foram os últimos a entrarem, antes, o rapaz percebeu que uma das púcas se aproximou da Escolhida, mas ela a olhou severamente e a púca recuou temerosa. — Como assim? — sussurrou Cesar, mas Talita fez sinal para que ele ficasse em silêncio, depois piscou um olho. Entraram e se depararam com a cena do Imediato a gritar com o elfo jovem que estava sentado desleixadamente numa cadeira a brincar com uma bola de cristal. — Friózi, táujól pér ázd unatúod-nomául ogú ú vugól áun besuzóin díí, azdól dí túomd Loxú Metrimna. (Friózi, deixe esta bola aí imediatamente e fique na tua posição, estás diante da Rainha Metrimna.) Os olhos pesados do elfo brilharam ao olharem para aquela híbrida da realeza, ela era famosa entre os elfos por ser uma mestiça que se tornou rainha depois de uma grande guerra interna, era um sonho para qualquer elfo ser Rei ou Rainha, mas os Anciões não permitiram que não-humanos carregassem tais títulos e responsabilidades. Friózi se levantou um pouco desastrado e fez uma reverência. — Baltéol ná, Noxazdót, bél árv ázd umzufurusót, gál móin ár gíutól tá Vlemdául-zâ, gál amdlól áun asalzúd (Perdoe-me, Majestade, por este elfo incivilizado, ele não quer cuidar das Fronteiras, queria estar no exército) — explicou o Imediato. — Béuz, geregól rú. Zál-ár-zâ áun gióuzgál zadél-zâ gá zál ár-zâ geregót-zâ nóz zál ráor-zâ zibúm-nomául emtá galál ár odíol (Pois, coloquem-no. Serão leais em quaisquer setores que forem colocados, mas serão supinamente leais onde quiserem atuar) — respondeu a rainha. O elfo sorriu para ela e um clima condensou-se no ambiente. O imediato limpou a garganta para dar continuidade ao processo de travessia. — Záld áumdóin. Fúoxomd-zâ, bél vofál (Muito bem. Viajantes, por favor) — chamou o Imediato, Naty pegou Cesar e Talita pelos braços e os levou para diante da cortina que guardava o portal. — Ozún gá jakól féz boló rót éidl, amdlakól boló árv balnuzóin ázd gá gemdál mazazolú-zâ umvelnozóin-zâ boló gá betál féz boló Zutót tá Immunus záun bledegér. (Assim que chegarem ao outro lado, entreguem ao elfo esta permissão que contém as informações necessárias para que vocês possam chegar à Cidade dos Immunus sem protocolos.) Merkírio entregou à Talita um pequeno rolo de papel dourado e timbrado com a imagem de um livro aberto e o sol nascente, o símbolo de Sabanth, e Naty traduziu para que compreendessem. Tudo pronto, hora de atravessarem. Merkírio falou para o elfo Friózi que eles saltaríam o portal para Kelengordi, Cidade dos Immunus. O elfo abriu a cortina, estavam diante do portal no monólito, e pegou uma pequena bolsa qual continha um punhado de terra e lançou um bocado no portal que vibrou. A rainha desejou boa-sorte e atravessaram.
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