58. Mariana

610 Palavras

O carro parou em frente à minha casa com um tranco seco. O silêncio dentro dele pesava tanto quanto o calor lá fora. Eu sentia meu coração bater alto, os braços rígidos em volta do sling que prendia Caique contra o meu peito. Ele respirava calmo, alheio à tempestade que me rasgava por dentro. Tiago desligou o motor devagar. Ficou ali, mãos firmes no volante, os olhos fixos no nada, como se tivesse um campo de guerra dentro da cabeça. Eu não ousava falar. Só ouvia o tic-tac do relógio do painel e a respiração dele, pesada, carregada. De repente, ele abriu a gaveta do carro e tirou um maço grosso de dinheiro. Contou com a pressa de quem não precisava ver o número exato, amarrou com elástico e estendeu na minha direção. — Dois mil. — A voz saiu seca, mas arranhada por dentro. — Pra tu para

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