O relógio da boca marcava quase meia-noite, mas eu não conseguia ficar sentado. A cadeira parecia ferro quente, queimando minhas costas. Fui até a laje, voltei. Olhei pros homens em vigia, mandei relatório sem precisar. Tudo funcionando, tudo em ordem. Mas o peito... o peito não obedecia. Desde a tarde, desde aquele instante com o menino nos meus braços, uma fissura se abriu e eu não consegui fechar. O corpo pediu rua, mas os pés levaram pro lado contrário. Peguei o carro sem falar nada. Desci pelas vielas escuras como quem não teme, mas com a mente em silêncio. Eu precisava ver de novo. Nem que fosse por cinco minutos. A casa dela estava quieta. Dois dos meus na esquina já sabiam: me olharam e fingiram que não viram. Abri a grade devagar, empurrei a porta com cuidado. Não trancava direi

