Andrey
É divertido ver os olhos dela se arregalarem, o medo se espalhar por seu rosto pálido. Na verdade... isso me deixa duro. O medo tem um gosto viciante — é cru, puro, delicioso.
Levei apenas uma semana para rastrear Natalya. Com os contatos da Bratva e minhas próprias habilidades de detetive, encontrá-la foi quase entediante. Ela nem tentou se esconder. Estava ali, vivendo sua vida como se não tivesse o menor receio de que alguém viesse buscá-la. Ingênua.
E agora, aqui está ela. Minha. Ao meu alcance. Posso fazer o que quiser com ela. Konstantin me proibiu de matá-la — e, sinceramente, ao olhar para ela agora, nem consigo imaginar essa possibilidade. Seria um desperdício. Ela é bonita demais para morrer.
No instante em que a vi — mesmo de longe — soube que ela havia se tornado uma mulher deslumbrante. E eu pretendo me divertir com isso.
Não vou matá-la, mas vou machucá-la. Dor e tortura fazem parte do meu sangue. Elas me moldaram. Estão enraizadas em quem eu sou.
E Natalya… pobre Natalya… ainda nem começou a entender o que a espera.
Ela parece ser esculpida em mármore, frágil e pura, como algo que não pertencia a este mundo sujo. A pele pálida, quase translúcida, me lembra porcelana cara — delicada, mas fácil de quebrar. E os olhos… malditos olhos. Azuis como gelo, profundos o suficiente para engolir um homem inteiro. Sempre frios, mesmo quando ela tentava fingir coragem. O cabelo castanho caía em cascata até a cintura, uma cortina macia que eu já imaginei enredando meus dedos mil vezes. Natalya era a imagem perfeita da inocência... e era exatamente por isso que eu quero corrompê-la.
— Meu irmão não está... morto. — A voz dela vacila, como se a própria palavra lhe queimasse a garganta.
— Mas está. Meu chefe atirou na nuca dele. Frio, direto. O corpo foi jogado no oceano. Nunca mais será encontrado.
O peito dela sobe e desce com violência. O medo distorce seu rosto — mas também realça sua beleza. Seus s***s se movem sob a seda fina da blusa.
— Não... não! Quem é você? Sai do meu apartamento! — Ela se cobre com os lençóis, como se isso fosse algum tipo de escudo. Patético.
— Estou aqui para fazer você minha. Você vem comigo.
— Não, não vou! — Ela corre até o telefone e começa a discar. — Eu vou chamar a polícia!
Dou um tapa no celular, que voa da mão dela e cai no chão, a tela estilhaça. — Acho que você não vai mais usar isso.
O olhar dela salta entre mim e o telefone antes que ela pule da cama e corra para a porta. Mas é inútil. Natalya pode tentar lutar — e admito que isso me excita —, mas não é páreo para mim. Alcancei-a antes que desse três passos, agarrando sua cintura e puxando-a contra mim.
— Me solta! — Ela se debate, me arranha, me chuta.
Rio. — Isso não vai acontecer, princesa. Você vem comigo.
— Por quê? Por que está fazendo isso?
— Só o fato de ter que perguntar já mostra como você é tola. Você não sabe nada sobre o seu irmão, não é?
Ela para, confusa. — O que você quer dizer com isso?
— Ainda não sei se você é burra ou se está fingindo. Mas vou descobrir.
— Eu sou inocente! E você é um desgraçado! — Ela se vira e me morde o braço. Uma reação inesperada — e ousada. Isso lhe dá tempo para escapar e correr de novo até a porta.
Ela chega a abri-la, mas minha mão bate contra a madeira, fechando-a com violência. Natalya grita, corre na direção contrária, mas a pego de novo.
— Chega de drama. Você vem comigo.
— Eu vou gritar. Se me sequestrar, eu vou fazer um escândalo. Alguém vai me ajudar.
Seguro os braços dela com firmeza, impedindo que me machuque. — Você realmente acredita nisso? Tenho observado você há dias. Só tem aquela amiguinha, Emilly . E sinceramente, duvido que ela consiga sequer gritar por socorro sem chorar antes.
Ela empalidece. — Você está me espionando?
— Claro que estou. Eu sou o seu pior pesadelo, lembra? — Empurro-a em direção à cozinha e pego uma toalha. — Agora, seja uma boa menina. Fique quieta. Se não fizer o que eu digo, as coisas vão piorar — muito.
Ela me encara, desafiadora. Um brilho de raiva nos olhos.
Dou um tapinha na bochecha dela. — Assim está melhor.
Então a coloco no ombro, seguro suas mãos para que não tente pegar a toalha, e sigo pelo corredor. O prédio está silencioso. Ninguém vai me impedir. Natalya esperneia, mas é inútil.
Conferi o corredor para ter certeza de que não havia ninguém. Natalya causaria uma grande comoção — ela definitivamente seria um problema. O que, para mim, tornava tudo ainda mais divertido. Sem ninguém por perto, levei-a para fora do prédio e a empurrei para dentro do meu carro, acomodando-a no banco de trás.
Assim que sentou, ela arrancou o pano da boca e tentou abrir a porta com pressa, mas eu já a havia trancado. Era inútil. Ela não conseguiria lutar comigo, mesmo que tentasse com todas as forças.
Estou acostumado a ter pessoas à minha mercê. Natalya não é exceção.
— Me deixem sair! — ela grita, socando o vidro com força. — Alguém me ajude! Socorro!
Dou uma risada baixa enquanto ligo o carro e começo a dirigir.
— Ninguém pode te ouvir, princesa. E, de qualquer forma, você já quebrou uma regra.
— Que regra? — Ela se debate, socando uma janela e depois a outra, inquieta.
— Você prometeu ficar quieta e calma. E agora está sendo barulhenta e inconveniente. Uma quebra dupla.
— Só... só me deixa ir. Por favor. Eu não sei por que você me quer. É por dinheiro? E-eu não tenho nada. Meu cartão de crédito foi recusado ontem. Mas posso conseguir... posso pedir um resgate. Alguém vai pagar.
— Não se trata de dinheiro. E a razão pela qual sua conta foi esvaziada... é por minha causa.
Ela paralisa.
— Do que você está falando?
— Tirei o que restava da sua conta. Foi fácil. Como seu irmão era o titular e nunca foi oficialmente declarado morto, bastou fingir ser ele. Esperava mais de um banco, mas cometer fraude é surpreendentemente simples quando se tem a Bratva do seu lado.
— A Bratva? — Ela me encara pelo retrovisor, confusa.
— Isso mesmo. A máfia russa. Seu irmão trabalhava para ela. Até decidir trair todos nós.
O rosto dela se contorce de raiva.
— Você está mentindo. Sergei não é um traidor! Eu me lembro do chefe dele, Konstantin Smirnov. Ele machucou meu irmão. Foi por isso que fugimos de Nova York! Sergei era bom. Seu chefe é o monstro.
— Ah, princesa... como você está enganada. Mas não se preocupe. Vai saber toda a verdade. No tempo certo. Agora, sente-se e fique bonita. Eu cuido do resto.
— Isso é loucura! Você tá me sequestrando!
Antes que eu possa responder, as mãos dela envolvem meu pescoço por trás.
Ela tem coragem, admito. A maioria das pessoas se encolhe diante de mim. Mas Natalya... ela luta. Isso é sexy. E problemático.
Paro o carro com um solavanco e agarro seus pulsos, afastando-a com brutalidade. A empurro de volta contra o banco com força.
— Nunca mais faça isso — rosno, o rosto a centímetros do dela. — Se souber o que é melhor para você, vai pensar duas vezes antes de repetir essa merda.
Ela treme, os olhos arregalados de pavor.
— Entendeu?
— Por favor — ela sussurra, a voz embargada. — Se isso tem a ver com Sergei... eu não sei de nada. Ele nunca me contou sobre o que fazia. Eu sou inocente. Me deixa ir. Por favor.
— Eu preferia quando você lutava. Implorar... é patético.
Volto a dirigir. Ela não tenta me atacar de novo.
Chegamos ao hotel onde estou hospedado há alguns dias. Um lugar discreto, perfeito para mantê-la temporariamente antes de levá-la ao verdadeiro destino. Aquele onde o sofrimento começa de verdade. Mas por ora, estou exausto. Preciso dormir. E ela... será um pequeno experimento. Quero ver como se comporta em público. Se será dócil ou travessa.
— Vamos ficar aqui? — ela pergunta, assustada.
— Só esta noite. E nem preciso dizer que espero que você se comporte.
— Eu vou — responde depressa demais. O tom trai a mentira. Ela está pensando em tentar algo.
A ajudo a sair do carro, segurando seu braço com firmeza. Ela tenta se soltar, mas logo percebe que lutar é inútil.
O saguão do hotel está praticamente vazio, exceto pelo funcionário na recepção, que apenas me cumprimenta com a cabeça.
— Socorro — começa Natalya, mas aperto seu braço e ela se cala.
O recepcionista olha, hesita, mas logo volta a encarar o computador.
Assim que o elevador fecha, viro-me para ela:
— Que decisão estúpida, princesa. Parece que você não entende instruções básicas.
— Você está me sequestrando. Espera mesmo que eu vá com você calada, feito uma ovelha?
— Ah, você vai. E vai ser divertido.
Ela me encara. — O que isso quer dizer?
As portas se abrem. Levo-a para o quarto. Assim que entramos, empurro-a na cama. Ela grita, tenta se levantar, mas pressiono a mão em suas costas, forçando-a para baixo.
— Isso é por tentar ser esperta.
Dou um tapa forte em sua b***a. Não me preocupo em despi-la. Isso vem depois. Por agora, preciso deixá-la saber quem manda.
— Pare com isso! — Ela tenta se livrar. Outro tapa.
— Você está me machucando!
— Esse é o objetivo.
Palmada. Palmada. Palmada. Seus soluços ficam mais altos a cada golpe. Ainda bem que os quartos são à prova de som.
— Por que está fazendo isso comigo?
— Porque quero. Porque é divertido. E porque alguém precisa pagar pelos pecados do seu irmão. Ele está morto. Agora, é sua vez de sofrer.
— Que pecados? Eu não sei do que está falando! — Ela chora, voz abafada pelo colchão.
Ela pode estar dizendo a verdade. Talvez Sergei a tenha mantido no escuro. Mas isso não muda nada. Ferir pessoas me dá prazer. Sua inocência não a salva.
Quando termino, ela se encolhe em posição fetal, chorando.
— Isso foi só o começo. Você vai precisar ser muito mais forte.
Ela me encara, furiosa. — f**a-se.
Sorrio. — Agora sim. Essa é a menina que eu gosto. — Passo os dedos pelo cabelo dela. — Seja boazinha e durma. Amanhã, levo você para sua nova casa.
— Nova casa?
— Você vai ver. E nem pense em fugir. Vai se arrepender se tentar.
Não a amarro. Quero que o medo a mantenha no lugar. Deito-me e a puxo para junto de mim.
— Agora, durma.
Durmo com facilidade. Para ela, imagino que seja um inferno.
Pela manhã, ainda está nos meus braços. Não se mexeu a noite inteira. Obediente. Boa menina.
— Hora de seguir em frente — digo, erguendo-a.
— Posso ao menos lavar o rosto?
— Pra quê?
— Minha rotina de cuidados com a pele. É essencial.
Dou uma risada sarcástica. — Não é. Vamos.
Mas assim que saímos, ela se desvencilha e começa a bater em outra porta.
— Socorro! — grita.
Rosno, alcançando-a e agarrando seu braço.
A porta se abre. Um homem de meia-idade aparece.
— Está tudo bem?
— Me ajude! — implora Natalya.
Coloco um sorriso no rosto e passo o braço em seus ombros.
— Está tudo bem. Ela bebeu demais ontem. Ainda está meio fora de si.
— Não! Por favor!
O homem hesita... e então fecha a porta.
— Desgraçado — ela sussurra para mim.
— Ninguém vai te ajudar, princesa.
Chegamos ao saguão. Está mais cheio. Se ela gritar... talvez alguém tente algo.
E ela não decepciona.
— SOCORRO! Ele está me sequestrando!
Uma mulher se aproxima. — Está tudo bem?
— NÃO! — grita Natalya.
— Estamos bem — digo. A mulher olha desconfiada e pega o celular.
— Vou chamar a polícia.
— Pode chamar.
Poucos minutos depois, chega um policial.
— Algum problema?
— Estou sendo sequestrada! Ele…
— Senhor, afaste-se da moça — diz o policial.
Sorrio, calmo. — Dê uma olhada nisto primeiro.
Entrego meu documento. — Ligue para o chefe Konstantin Smirnov, se tiver dúvidas. Vai entender com quem está lidando.
Os olhos do policial se arregalam. Ele se vira para Natalya.
— Me desculpe, senhorita. Não posso ajudar. — E vai embora.
— O quê?! NÃO!
— Viu? Agora venha comigo.
— Você não vai a lugar nenhum com ela — diz a mulher.
— Vou sim. E você faria bem em esquecer que viu algo. — Levo Natalya comigo.
Ela me olha. — Você tem mesmo esse poder todo...
— Tenho. E é melhor aprender isso logo.
Levamos cerca de uma hora até chegar ao nosso destino: uma casa velha, abandonada. Vários andares, tinta descascando, o cheiro de mofo impregnando tudo. Isolada. Suja. Perfeita.
— Eu não vou entrar aí.
— Vai sim.
Ela grita quando um rato cruza seu caminho. A arrasto até o porão, onde há um colchão, um cobertor fino, um balde para necessidades, uma câmera. Papel de parede descascando. O mínimo de limpeza para evitar doenças. Eu quero dor. Não infecção.
Ela se cala. Olha tudo, trêmula.
— Que lugar é esse?
— Sua nova casa.