Natalya
Minha vida inteira mudou em questão de horas. Primeiro, me disseram que meu irmão estava morto — algo em que ainda me recuso a acreditar completamente. Depois, fui sequestrada e deixada à própria sorte, sem ninguém para me ajudar. Eu até considerei fugir ontem à noite, mas com a maioria das pessoas dormindo, tive medo de que ninguém me ouvisse. Então arrisquei e tentei escapar pela manhã. Claramente, não funcionou.
Agora, Andrey está me dizendo que este buraco escuro, infestado de ratos e umidade, será meu novo lar. De jeito nenhum.
— Eu não vou morar aqui — digo, encarando o quartinho assustador com repulsa. — E por que tem uma câmera ali?
— Para você manter suas redes sociais atualizadas, com fotos lindas — responde com sarcasmo.
— O quê? Você virou o lobo mau agora?
Ele sorri, sombrio. — Pior. E esta é sua casa agora... pelo menos até eu decidir te mudar.
— Por que você está fazendo isso comigo? — pergunto, ainda tentando entender a dimensão do pesadelo em que fui jogada. Ele mencionou os crimes do meu irmão antes, mas nada faz sentido. Sergei nunca foi um criminoso... pelo menos não que eu soubesse.
Mas então me lembro da vez em que Faina, a esposa de Konstantin, ficou conosco. Sergei me disse que eles iam se casar, mas depois Faina confessou que havia sido sequestrada. Eu não acreditei. Só que quando Konstantin apareceu, feriu meu irmão e levou Faina embora sem sequer hesitar, ficou claro que Sergei estava escondendo a verdade. Quando o confrontei, ele se esquivou das perguntas. E eu deixei passar — ele estava ferido e nós precisávamos sair do país.
Talvez... talvez meu irmão não fosse tão inocente quanto eu acreditava. Talvez nunca tenha sido.
Se é que ele realmente está morto.
— Estou fazendo isso com você porque é divertido — diz Andrey, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Reviro os olhos, com raiva. — Você é nojento. Primeiro me bate, agora me joga nesse lugar horrível. Minhas roupas vão se estragar aqui embaixo. Você não pode fazer isso comigo.
Ele me encara. — Você se importa tanto assim com suas roupas?
— Sim! Gastei centenas nessa roupa — digo, agarrando os punhos do meu top de seda, tão delicado quanto minha paciência.
— Bem, então, se não quer que fiquem sujas... fique à vontade para ficar nua.
Suspiro, incrédula. — Não vou ficar nua na sua frente. Principalmente num lugar como esse. Posso pegar uma infecção só de respirar aqui.
— Já que é contra, vou exigir. Fique nua. Agora.
Firmo o queixo. — Não. Me tire daqui. Me leve para casa. Qualquer que seja o seu problema com meu irmão, resolva com ele. Me deixe fora disso.
Ele se encosta na parede, relaxado demais para alguém que está arruinando a vida de outra pessoa. — Não posso punir seu irmão. Como eu disse, ele já está morto. Mas você... você ainda está viva. Vai ter que servir.
— Ele não está morto. Eu saberia.
Ele não responde. Apenas pega o celular e me mostra uma foto. Sergei está caído no chão, um buraco de bala na cabeça. Sangue por toda parte. A imagem parece gritar.
Todo o ar sai do meu corpo. Meus joelhos cedem e desabo no chão, tremendo.
Não. Isso não pode estar acontecendo. Isso não é real.
— Isso é prova suficiente pra você? — pergunta ele, guardando o celular.
— Por que tiraram essa foto?! — grito, revoltada. — Você é doente!
Ele se agacha diante de mim, com aquele olhar cínico e c***l. — Eu não tirei. Foi Konstantin. Ele matou seu irmão. Só compartilhou comigo. Mas, honestamente? Eu gostaria de ter sido o autor. É uma sensação boa, matar alguém.
Meu estômago se revira. Começo a hiperventilar. — Você vai me matar também? Eu sou jovem demais pra morrer. Bonita demais. Meu Deus. Não...
Ele não diz nada. Só me observa enquanto eu desmorono, e isso torna tudo ainda mais insuportável.
— Por que Konstantin matou meu irmão? Por que tudo isso está acontecendo comigo?
Andrey dá um tapinha na minha bochecha como se eu fosse um cachorrinho assustado. — Tudo ao seu tempo. Agora, pare de drama. Eu te disse pra ficar pelada. Obedeça.
Me encolho no chão como uma criança. Não me importo com a sujeira. Não consigo respirar direito. Não consigo processar. Estou perdendo tudo, rápido demais.
— Natalya, seja uma boa menina pra mim — diz ele, quase com carinho perverso.
— Não consigo. Me deixe ir. Me deixe ir pra casa.
Ele estala a língua. — Não posso. Konstantin me instruiu a manter você sob controle. Ele acha que você vai tentar se vingar.
— Mas eu nem sabia! Se você não tivesse me contado, eu nunca teria descoberto. Eu não sou uma ameaça! Olha pra mim! Eu não tenho nada. Nem sapatos. Minha família... toda a minha família está morta...
Minha voz some. Meus pais se foram há anos. Só restava Sergei. Agora nem ele.
Estou completamente sozinha no mundo. É aí que as lágrimas finalmente vêm, pesadas e incessantes. Andrey me observa chorar com uma diversão sádica. Eu não sei como sobreviver. Ninguém nunca me ensinou a viver sem meu irmão.
Quando meus soluços cessam, ele finalmente fala:
— Levante-se.
— Eu não posso — murmuro.
— Você vai — diz ele, agarrando meus braços e me puxando até que eu fique de pé. — Agora, vai tirar a roupa ou quer que eu faça isso por você?
— Eu não vou tirar. Preciso manter alguma dignidade.
Ele dá de ombros, indiferente. — Como quiser.
Em um gesto violento, rasga as alças da minha blusa. Ofego, cobrindo meus s***s com as mãos. Minha camisa de duzentos dólares está no chão, rasgada e suja.
— Como você pôde...? — minha voz sai fraca, horrorizada.
Ele apenas ri. Andrey é c***l. Frio.
— Você não estava cooperando, então resolvi ajudar. — Ele aponta para minha calça. — Quer que eu tire também... ou vai fazer isso sozinha?
Não quero fazer nada com esse homem. Só quero ir para casa lamentar a morte do meu irmão. Mas fica claro pela expressão do Andrey que não tenho escolha. Preciso tomar uma decisão.
— Eu vou — digo finalmente. Se eu puder poupar minhas calças do mesmo destino, já é alguma coisa.
Mantenho um braço sobre os s***s e uso a outra mão para abaixar a calça. Então, estou diante de Andrey só de calcinha.
É uma sensação assustadora.
Ele me olha de cima a baixo. — Vou deixar a calcinha por enquanto. Agora, deita no colchão.
— Você vai me estuprar?— eu sussurro.
Ele dá uma risada perversa — como se agressão fosse algo engraçado. — Não. Só vou tirar uma foto sua. Agora, deite no colchão.
— Como sei que você está dizendo a verdade?
— Eu já te contei a verdade sobre todo o resto até agora. Mas acho que você vai ter que confiar em mim.
Confiar nele? No meu sequestrador?
Olho para o colchão. Pelo menos está limpo. Com um gole, eu forço para me sentar nele. Andrey levanta a câmera e aponta para mim.
— Natalya, tira o braço. Quero ver seus s***s.
— Por que você está fazendo isso comigo?
— Eu já te disse.
— Mas é loucura! Não tenho nada a ver com meu irmão. Me deixe ir.
Ele suspira enquanto abaixa a câmera. — Já falamos sobre isso. Agora, faça o que eu digo. Eu tenho controle total sobre você agora. Você acha que não tem escolha, mas tem. Você pode facilitar ou dificultar as coisas para si mesma. A escolha é sua. Pense nisso.
— Essa não é uma escolha real.
— E eu não me importo nem um pouco. Agora, tira o braço. Quero ver seus p****s.
Tão vulgar. Nunca fiquei nua na frente de nenhum homem, e esta é a primeira vez. Que horrível.
Obrigo meu braço a abaixar ao meu lado, e os olhos de Andrey escurecem.
— p***a — ele diz. — Você tem um corpo gostoso.
Eu não dou a mínima.
Estou acostumada a receber elogios, mas com o Andrey dizendo isso, sinto algo diferente. Uma pontada de calor no estômago. Não entendo. Só quero voltar para casa.
De repente, ouço vozes vindas do primeiro andar. Outras pessoas estão aqui.
— Socorro! — grito sem nem pensar. — Socorro!
Andrey nem parece preocupado. Aliás, nem parece surpreso. — Esses serão nossos convidados.
Engulo em seco. — Convidados?
— Convidei alguns homens. — Ele verifica o celular. — E bem na hora, também. Ele sobe as escadas antes de retornar com outros três homens bem mais velhos que eu. Cada um deles tem uma aparência sombria e perigosa, como se pudessem me comer viva e me cuspir de volta.
Cubro meu corpo com o cobertorzinho em cima do colchão. O que Andrey quer?
O que ele está fazendo? Quando ele disse que não me estupraria, ele quis dizer que outros homens fariam isso?
Os três homens sorriem para mim enquanto se acomodam contra a parede do fundo. Seus olhos nunca saem do meu corpo.
Andrey pega a câmera novamente.
— Eles estão aqui só para assistir? — Eles não vão me tocar?
— Não. Só eu posso fazer isso.
— Então por que eles estão aqui? — lanço um olhar furioso para ele, mas tudo o que recebo em resposta são sorrisos ainda mais largos daqueles homens.
— Porque isso vai te humilhar ainda mais. E é exatamente isso que eu quero.
— Me humilhar? — repito, a voz oscilando entre incredulidade e medo.
Ele concorda com um aceno lento. — Para te destruir. Para te machucar. Para te torturar.
Meu Deus. Andrey é literalmente um psicopata.
— Por quê? — odeio o fato de minha voz sair fraca, quase um sussurro. Os outros homens riem, como se meu sofrimento fosse cômico.
— Porque eu posso. E porque é divertido. Agora, sorria para a câmera. — Ele tira uma foto antes que eu consiga sequer piscar.
— Quem são esses homens? Onde você os encontrou? — tento esconder meus s***s com o cabelo, buscando algum resquício de dignidade.
Andrey dá um suspiro entediado. — São Jorge, Enzo e Santiago. Eles moram aqui. Eu os paguei. Agora, chega de perguntas.
— Vocês são doentes! — grito, a voz embargada de raiva e humilhação. — Todos vocês!
Eles riem ainda mais alto. O som ecoa como zombaria pelas paredes frias do porão. Andrey é o pior de todos, porque é ele quem está me forçando a passar por isso.
— Natalya, quero tirar umas fotos bonitas de você. Tire o cabelo do rosto. Estufe o peito. Quero ver seus s***s de novo. Nunca se esconda de mim.
— Não.
— Natalya — ele adverte, com aquela voz que carrega uma ameaça sutil e perigosa.
Olho para ele, depois para os outros homens, e finalmente bufo, afastando o cabelo do rosto. Andrey tira mais algumas fotos. Sei que meus s***s são bonitos. Nunca fui insegura com meu corpo. Mas agora, tudo o que eu queria era poder me esconder debaixo do colchão até que todos fossem embora.
— Agora, deite-se de costas e abra as pernas para mim.
Sinto vontade de vomitar. E eu nunca vomito — sempre achei nojento demais. Mas isso... isso me revira por dentro.
Os outros homens conversam entre si em espanhol, e eu não entendo uma palavra. Podem estar comentando qualquer coisa sobre mim, e isso me faz sentir ainda mais exposta. Nunca me senti tão vulnerável. Tão violada.
— Natalya — Andrey chama novamente, ríspido.
Lanço-lhe um olhar cheio de ódio, mas obedeço. Pelo menos, deitada de costas, não preciso olhar para os outros. Fixo o olhar no teto.
— Abra as pernas — ele ordena.
Graças a Deus ainda estou de calcinha. É o mínimo de proteção que me resta. Ouço o clique da câmera. Fecho os olhos com força, tentando me afastar mentalmente daquele momento.
— Abra os olhos.
Sua voz quebra a frágil paz que eu havia encontrado. Quando obedeço, ele está parado bem à minha frente, ainda segurando aquela maldita câmera. Tira mais fotos.
— Agora, fique de quatro.
Eu não discuto. Só quero que isso acabe. O mais rápido possível. Andrey se ajoelha atrás de mim e registra mais fotos. Estou exposta. Indefesa. E ele vai ter essas imagens para sempre. Vai ter um pedaço meu que nunca poderei recuperar.
Ele se aproxima do meu lado, ainda fotografando. Quando olho para os outros homens, vejo o desejo grotesco em seus rostos. Me veem como um objeto. Um pedaço de carne.
— Por que eles não falam comigo? — pergunto a Andrey, sentindo um arrepio subir pela espinha.
— Porque eu proibi. Só eu posso falar com você. Eles estão aqui apenas como guardas. Agora, deite-se de bruços e olhe para mim por cima do ombro.
Obedeço, mesmo sentindo vontade de desaparecer. Ele tira mais uma foto. Detesto encará-lo enquanto faço isso. Sinto como se minha alma estivesse sendo dilacerada lentamente.
— Agora, ajoelhe-se e toque seus s***s.
Sento-me, mas minhas mãos não se movem. É como se estivessem congeladas.
— Toque seus s***s, Natalya.
— Não posso.
Ele bufa, irritado, e agarra minhas mãos, colocando-as sobre meus s***s. — Toque.
Tira outra foto enquanto me obrigo a obedecer. Não há prazer nisso. Só vazio.
— Boa menina — ele murmura, finalmente abaixando a câmera. — Chega por hoje.
Me enrolo imediatamente no cobertor, tentando esconder tudo o que sou. Andrey se vira para os homens.
— Fiquem lá em cima. Garantam que Natalya não tente escapar.
— Onde você vai? — pergunto, desesperada.
— Lá fora.
Os homens começam a subir as escadas, seguidos por ele.
— Você vai me deixar aqui?
Ele olha por cima do ombro.
— Sim.
— Mas e a comida? O entretenimento?
— Você não precisa comer agora. E você é minha diversão. Volto mais tarde.
Ele fecha a porta e tranca por fora.
Fico ali, nua, enrolada em um cobertor sujo, sobre um colchão velho no porão de uma casa abandonada, em um lugar onde nem entendo a língua.
Nunca estive tão sozinha.