Capítulo V

1033 Palavras
      Aquele sem dúvidas foi o banho mais rápido que já tomei na vida. Em meio a correria, mil e uma pensamentos se atropelavam na minha cabeça, em meio a tremedeira que tomou o meu corpo. Eu não tinha a menor ideia do que vestir. Como era noite, peguei um vestido de malha preto, um meio termo que me permitiria entrar em qualquer lugar. Passei uma maquiagem rápida e coloquei minhas bijuterias mais discretas. Peguei uma sandália de salto e corri para a frente do Salinas Night.        Era exatamente onze e quarenta, as ruas estavam bem movimentadas, como se esperava de uma sexta-feira a noite. Um casal se pegava no cantinho mais escuro, próximo ao lugar que eu aguardava pelo carro. Minhas mãos estavam suadas e meu coração batia tanto que estava com dificuldade para respirar. Eu não era do tipo que entrava em pânico por qualquer coisa, me considerava até uma moça calma. “fica calma” – repeti inutilmente a mim mesma. “fica calma caramba!” – gritei em pensamentos, enchendo e esvaziando os pulmões.        Uma Mercedes preta parou ao meu lado, um senhor de cabelos grisalhos, grande, de terno preto saiu do carro. - Srta. Adrien? - Sim, sou eu. - Por favor, entre – ele abriu a porta de passageiro. Senti um leve alivio ao notar que não tinha ninguém dentro.        O frio do ar-condicionado estava terminando de congelar minhas mão suadas e o lanchinho da noite pedia para ser devolvido. Eu devia estar amarela e com cara de doente. Tudo o que eu queria era pedir desculpas e voltar correndo pra minha casa. Estava me sentindo péssima. - A senhorita está bem? – o motorista perguntou em um tom gentil. Acho que ele percebeu que eu estava à beira de ter um troço. - Estou – menti, desejando desesperadamente pedi que ele me levasse de volta para minha casa. Eu não era virgem, mas eu estava com medo. Quem era esse homem que eu iria encontrar? As noticias de mulheres sendo violentadas e mortas começaram a surgir na minha cabeça e a situação só piorou. - Pare o carro por favor – pedi em um gemido. O motorista me avaliando preocupado, parou no acostamento. Não aguentei, botei todo o lanche pra fora. O motorista me entregou alguns lenços de papel e aguardou eu me recompor, depois me entregou uma garrafa de agua que usei para lavar a boca. - Tem certeza de que não precisa mesmo ir ao hospital? – a pergunta do motorista foi um grande conforto. O jeito gentil e paciente dele conseguiu me acalmar. - Eu estou melhor, obrigada – respirei fundo e entrei novamente no carro.      Ainda bem que havia simpatizado com o motorista, pois ele estava me tirando da cidade. Pensei em perguntar para onde estávamos indo, mas desisti ao ver ele sair da via principal e adentrar uma via de mão única, encoberta por gigantescas arvores bem cuidadas. Logo depois o carro adentrou uma propriedade particular com dois seguranças uniformizados nos portões.      Se existia alguma dúvida de que o cliente era podre de rico, agora não existia mais nenhuma. A mansão se escondia atrás de uns cinco quilômetros de jardins recobertos por arvores de grande porte, vendendo um certo mistério ao lugar. A propriedade rustica lembrava um pequeno castelo erguido em pedras polidas, graciosamente iluminado com luzes quentes, em um arranjo muito bem arquitetado.       Contornando uma fonte estruturada no formato de três barcas em tamanhos distintos, a água jorrava precipitando-se sobre os feixes de luzes incandescentes. - Por favor, seja rápida – Sarah Rocks estava vestida em uma calça de tecido escuro e terno da mesma cor, muito bem ajustado ao corpo. Ela tinha os cabelos presos em r**o de cavalo e parecia muito estressada. - O celular – ela exigiu em um tom ríspido. Pegando o aparelho de minhas mãos, o desligou logo em seguida. - A latina chegou – ela avisou pelo interfone que tinha no ouvido. Então eu era a latina? Isso significava que existiam outras – conclui pensativa. Era óbvio que sim, não sei por que do espanto. - Toda vez que for trazida para cá, ficará nos seus aposentos até que receba permissão para sair – Sarah falou quase me fazendo correr sobre o mármore polido – seu quarto é o ultimo do corredor a direita do segundo anda. Preste atenção, pois você não é a única que preciso dar atenção – ela exigiu – Na grande maioria das vezes, ele avisa com antecedência que garota deve ser preparada, mas hoje não foi o caso, então vamos ter que ser rápidas – avisou abrindo a porta do quarto esplendoroso.       As paredes eram claras, as cortinas delicadas, a cama era gigante e arrumada como em catálogos de luxo. - se livre dessas roupas e siga para o banho, você tem dez minutos e nenhum segundo a mais.      Obedeci apressada, o estresse dela estava me deixando desesperada. Foi tudo tão corrido que nem pude apreciar o luxo do banheiro. Quando sai do banho ela já tinha separado a roupa que eu deveria usar. Não discuti e nem fiz perguntas. Uma outra moça começou a repuxar meus cabelos o moldando em ousadas ondas, enquanto outro rapaz me enchia de pó escondendo meu rosto atrás da maquiagem. - O que é isso? – Sarah apalpou meus quadris com o cenho franzido. Olhei procurando o problemas, mas não vi nada – Você está de calcinha? – ela perguntou subindo o vestido muito curto. - É claro – respondi sem entender o motivo do espanto. - Quando estiver com o cliente, nunca estará de calcinha. - O que? – perguntei abobalhada como se tivesse levado um tapa na cara. Uma coisa era dormir com um homem para ganhar uma grana, outra era sair na rua sem calcinha em um pedaço de pano imitando um vestido. - Se livre dela e vamos – Sarah avisou e a segui sem nada por baixo das saia.     Fui novamente conduzida para o carro, onde m*l sentei e ele logo entrou em movimento. Por mais que eu insistisse em puxar o vestido, parecia não ser suficiente para me cobrir. A sensação era de que estava completamente nua. 
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