Atingi o descampado e me sentei bem no meio, a grama estava bem alta e se eu deitasse, ninguém me veria, eu estaria neutra e camuflada ali, deitei sem me preocupar com a grama gelada, era até gostoso sentir a natureza debaixo de mim, meu bebê não gostou muito do frio que atravessou minhas costas, minha barriga estremeceu de imediato, suspirei para passar calma e olhei para o céu e fiquei imaginando coisas nas nuvens que se passavam sobre mim, fiquei ali por um bom tempo, inerte e fazendo parte daquilo tudo.
"O que faz aí deitada minha filha?", diz minha mãe sentada ao meu lado, com as pernas esparramadas e se apoiando nos pulsos, ela sorria, seus cabelos estavam soltos, nunca tinha visto minha mãe tão bonita como hoje, sorri para ela.
"Fazendo meu filho se acostumar com esse lugar!".
Mamãe riu, ela estava realmente feliz e encantadora, me virei de lado para observa-la, nossos olhos verdes se encontraram, "Por que eu engravidei mesmo tomando remédio, eu não entendo isso mãe?!", suspirei, "Eu não queria ter um filho de um canalha como Dereck!".
"Ele pode ser um canalha filha, mas seu bebê também faz parte de você e pode cria-lo com caráter e você Sabe que é capaz, então aceite e ame seu bebê", ela tocou o meu nariz, "Você sempre sonhou em ter filhos... Aproveite o momento e pare de rejeitá-lo só por que não é de quem deveria ser!".
"Eu só dei cabeçada mãe!... E você tinha razão... Eu faço parte deste lugar e nunca deveria ter saído daqui!".
"Pare de pensar bobagens!... Você esteve em todos os lugares que precisava estar", ela me olhou e torceu a boca, "Enquanto as cabeçadas... Essas, você vai ter que aprender a lidar e não fazer mais!".
"Amo você mãe!... Perdoa-me, por odiá-la por um tempo!",minhas lágrimas desceram, ela sorriu e tocou meus cabelos e deitou ao meu lado e ficamos rindo e chorando ao mesmo tempo.
"Eu também amo você meu anjo... Mas está vindo uma tempestade e você precisa voltar para casa!".
Acordei com o trovão ressoando sobre mim, o céu estava escurecendo rápido e eu me levantei e andei apreçada entre as arvores, e quando coloquei os pés na varanda, a chuva caiu com insistência e pesada, titia me abraçou com uma manta, sorriu triste e sentamos no balanço em silencio e me mimando com um chá de camomila, as panelas borbulhavam no fogão e naquele dia titia e titio Oliver passaram a noite comigo.